terça-feira, 28 de agosto de 2007

CARTAS DOS LEITORES: UM OUTONO DE VERDADE NA NOVA INGLATERRA


Nossa fiel leitora Márcia de Brasília conta uma inesquecível viagem que fez no ano passado pela Nova Inglaterra através da Tauck World Discovery, uma das melhores operadoras de turismo do mundo. Ela visitou o interior de Nova York, Vermont, New Hampshire, Maine, Massachussets e Rhode Island em pouco mais de dez dias, em pleno outono americano, desfrutando de todas as incríveis cores das folhas, paisagens bucólicas, lagos e lagoas, pequenos e charmosos vilarejos à beira do mar, sem falar nas muitas e enormes lagostas que comeu!

“O sonho da minha vida era passar um outono de verdade em qualquer lugar do mundo onde eu pudesse ver de perto todos aquêles tons maravilhosos das folhas das árvores. E isso eu consegui nessa linda viagem pela New England, uma das regiões mais bonitas do mundo, principalmente no outono. Nosso ônibus saiu de Nova York e seguiu direto pelas montanhas Adirondack, lindas, já com as árvores mudando a cor das folhas. Paramos para almoçar em Lake George e seguimos depois até Lake Placid, onde nos hospedamos no Mirror Lake Inn, uma graça de hotel na beira do lago. No dia seguinte fizemos um passeio de barco e fomos até o lugar onde as Olimpíadas de Inverno de 1980 aconteceram e que desde então virou um bom centro de esqui.

Pegamos um “ferry-boat” no lago Champlain até Vermont e visitamos o Shelburne Museum, um museu ao ar livre reconstituindo mais de três séculos da vida americana, com casinhas, escolas, lojas e objetos de várias épocas passadas. Adorei, parece que você voltou no tempo tal a perfeição dos detalhes. De lá fomos para The Inn at Essex, onde nos hospedamos e onde também funciona o famoso New England Culinary Institute, que forma chefs do mundo inteiro! Imagine a comida dos restaurantes locais! Quase fiquei por lá para aprender a fazer pães, doces e outras delícias!

Visitamos e almoçamos na casa da Família Trapp – a mesma que inspirou o musical e depois o filme "The Sound of Music” - que fugiu da guerra na Europa e se instalou nessas montanhas tão parecidas com as austríacas, cujas árvores já passavam de vermelho forte para amarelo claro! Subimos de gôndola até o cume do Monte Mansfield para desfrutar da vista e voltamos ao hotel a tempo de participar de uma fantástica degustação culinária feita pelos melhores alunos do Instituto. Comida MA-RA-VI-LHO-SA!!!

Pela manhã prosseguimos através do Montpellier e chegamos às White Mountains de New Hampshire, que de brancas não tinham nada: as folhas das florestas eram um verdadeiro festival de tons ocres, amarelos, verdes e vermelhos, como eu nunca havia visto antes.

Seguimos pela Scenic Byway e dormimos em North Conway. No dia seguinte chegamos a Portland, no estado do Maine, conhecido pelas famosas lagostas, que já começamos a provar no almoço e eram fantásticas. Além de grandes, as lagostas americanas têm ainda aquelas enormes pinças que você quebra com um martelo e come até se empanturrar! No hotel Spruce Point Inn a vista da Boothbay era linda e o prato principal do nosso jantar foi... mais lagostas!

De lá fomos para Portsmouth, que é o porto de New Hampshire, e seguimos até Boston, onde nos hospedamos por dois dias no Langham Hotel, por si só um marco histórico da cidade mais adorável da costa leste, apesar do frio que fazia! Como eu gostei de Boston, com suas calçadas de tijolinho vermelho, os prédios antigos e excelentes restaurantes de peixes e frutos do mar. Os modernos shopping-centers também são uma atração à parte!

No outro dia visitamos a Plimoth Plantation, um vilarejo que mostra em detalhes como se vivia da agricultura no século17, passamos pela famosa Plymouth Rock e a cidade de Sandwich e chegamos a Newport – onde ficam as mansões mais espetaculares do planeta com árvores centenárias de folhas amarelas e vermelhas em seus amplos jardins. Lembram das casas da Grace Kelly e do Bing Crosby em “High Society”? Pois é, são aquelas mesmas, uma ao lado da outra por vários quilômetros na Ten-Mile Drive... Coisa de pobre... Passeamos de barco pela baía de Narraganset, linda, e nos despedimos do grupo num grande jantar comendo mais lagostas, entre outras coisas! Voltamos ao The Newport Harbor Hotel meio tristes, porque a viagem estava acabando... Foi um outono de verdade e inesquecível!

Da próxima vez vou fazer esse mesmo percurso de carro, parando em outras cidades e vilarejos, à procura de mais novidades. Mas vou durante o verão, para não congelar meu nariz e aproveitar mais as praias. Afinal eu sou carioca!”

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

CONHECENDO BEM O MARAIS

Você sabia que o bairro histórico da época pré-revolucionária mais preservado de Paris já escapou de ser totalmente demolido por duas vezes? E que um decreto de proteção ambiental de André Malraux em 1962 o transformou da noite para o dia de uma decadente favela em um local do maior interesse imobiliário e comercial? Pois foi exatamente o que aconteceu nessa época e cujo resultado os parisienses vêem hoje com o maior orgulho.

Todo mundo acha que conhece bem o Marais, mas poucos sabem que esse bairro erguido em terreno pantanoso é habitado por diferentes tribos coexistindo pacificamente, cada uma concentrada em seu quarteirão. Agora então depois da inauguração do 'hip' hotel Murano Urban Resort na esquina do Boulevard du Temple, bem mais para o norte, em frente ao Cirque d’Hiver, toda uma nova turma 'fashion' invadiu o bairro, tornando-o mais badalado ainda.

ANTIGO & NOVO

Toda a região é cheia de prédios históricos e o melhor exemplo do estilo do século 17 é a Place des Vosges, construída Henrique IV para ser o centro da corte real. Para conhecer o interior de algumas dessas construções visite o Musée Carnavalet, na foto abaixo, que conta a história de Paris, a filial da galeria de fotografias do Jeu de Paume, o Museu Picasso ou a casa de Victor Hugo, hoje um museu. E você pode comer no prédio mais antigo da cidade, no "L’Auberge Nicolas Flamel" (51 rue de Montmorency – 01.42.71.77.78) ou no chiquérrimo "L’Ambroisie" (9, Place des Vosges – 01.42.78.51.45) e apreciar toda a beleza da praça.

A turma jovem e 'descolada' circula pelas ruas Vieille-du-Temple e des Gravilliers, cheias de bares como o bar/livraria "La Belle Hortense" e o animado "Le Petit Fer à Cheval" bem em frente. A “balada” começa no bar do Murano que tem a maior coleção de vodkas do mundo (mais de 140!), segue para o "La Perle", um café dos anos 70 sempre com fila na porta, e termina no "Andy Wahloo", ao lado do restaurante "Momo’s 404". Para curar a ressaca do dia seguinte a melhor massagem é no Índia & Spa (76 rue Charlot – 01.42.77.82.10).

ARTE & DESIGN

A parte mais ao norte do bairro está se tornando um reduto de excelentes lojas de design: a rue Charlot tem várias lojas 'retro', como a Galerie Dansk (móveis escandinavos dos anos 70), e a rue Vieille-du-Temple concentra butiques bem badaladas, como a "Tools Galerie" (cerâmica e vidro), a "Code 3" (móveis e objetos antigos reciclados) e a "Ozone" (luminárias fantásticas).

Na ruas mais próximas ao Centro Pompidou, o Marais oferece uma grande variedade de galerias que vendem arte contemporânea quase a preços de custo, como a "Gilles Peyroulet et Cie" e "Yvon Lambert". O Espace Commines tem sempre ótimas exposições e feiras de arte. Obras de artistas conceituados como Nan Goldin e Jenny Holzer são as mais procuradas hoje em dia.

GAY & FASHION

Nos últimos vinte anos o 'Marais gay' tornou-se um verdadeiro fenômeno: o café "Les Marronniers" tem a varanda perfeita para almoçar e ser visto e os "Open Café" e "Le Cox" ficam lotados ao anoitecer. Do outro lado da rua a "Agora Press" tem revistas, jornais e livros do mundo inteiro, além de publicações gays. A 'night' dos garotos musculosos começa no bar "Le Carré" e segue para o Le Raidd, com música tecno a noite toda. Butiques como a "Free “P” Star" e "Boy’s Bazaar" vendem roupas e acessórios “vintage” tão em moda atualmente.

Já nas ruas Franc-Bourgeois, Pavée e Poitu, agora que Christian Lacroix abriu seu próprio hotel-butique, o Hotel du Petit Moulin, o status do Marais está garantido como bairro 'fashion': Issey Miyake, Bárbara Bui, Zadig et Voltaire e Antoine et Lili já têm lojas lá.
Se você gosta de moda de vanguarda feita pela garotada não-tão-famosa-ainda, vá à "Galerie Simone" ou à "La Chose". Para sapatos diferentes vá à "Hoses", e para roupa masculina a "Jacenko" e "AB33" são as melhores.

Qualquer que seja o seu estilo pessoal, posição social, idade ou orientação sexual, uma visita ao Marais é sempre um programa interessante e divertido.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

PARADISE ISLAND: BOM DEMAIS DA CONTA!

Uma das coisas mais gostosas que eu fiz na vida foi nadar e brincar com golfinhos! Inteligentes, simpáticos e carinhosos, com a pele parecendo borracha e muito ágeis, os alegres e saltitantes animais são sensacionais dentro e fora dágua. Ao assistir a um show no Seaworld ou em outro parque marinho você já fica impressionado como êles obedecem aos comandos dos treinadores e são perfeitos nos saltos e brincadeiras, não errando nunca! Mas quando é você que dá os comandos e êles obedecem na hora, é bom demais da conta, como diz minha Tia Eliane de Belo Horizonte!

Numa das vêzes que fui às Bahamas com minha mulher e minha filha, já começamos em grande estilo ficando no Atlantis, o mega-resort que aos poucos está ocupando toda a Paradise Island, como o nome diz, uma ilhota paradisíaca ligada à Nassau por uma pequena ponte. Nem sei quantos blocos e torres o hotel tem, com milhares de enormes quartos, apartamentos e suites. Tem pelo menos 6 piscinas, mais de 10 restaurantes de todos os tipos e nacionalidades, o maior cassino de todo o Caribe, um shopping-center de bom tamanho e ainda um aquário subterrâneo espetacular, construído como se fosse um calabouço fantasmagórico. Tem até um restaurante lá em baixo cujas paredes são o próprio aquário, servindo... frutos do mar!

Uma dessas piscinas tem uma pirâmide azteca cheia de escorregas que faz a alegria de crianças e adultos, principalmente se você desliza pelo tubo de acrílico transparente que passa pelo meio de um aquário vendo peixes e tubarões nadando à sua volta! Há alguns mêses o hotel inaugurou o "Aquaventure", outra atração com mais piscinas, escorregas e "rios" com mais de um quilômetro de extensão por onde você vai boiando sem parar! Perfeito para relaxar mais ainda...

Nos sete dias que ficamos lá as nossas grandes decisões matinais eram, primeiro, escolher em que restaurante tomar o café da manhã, e, segundo, em qual das piscinas mergulhar e tomar sol! Ah, que problema sério... E quando você chega na piscina da vez, imediatamene um exército de impecáveis e lustrosas arrumadeiras em uniformes pretos e aventais brancos traz toalhas que são cuidadosamente colocadas nas espreguiçadeiras para você nem êsse trabalho ter... E, lógico, a próxima decisão: que drinque tomar? Piñas Coladas, gim tônica, cerveja, tudo a apenas um estalar de dedos!

Num dia dêsses pegamos um barco e fomos até a Blue Lagoon, outra ilhota ali perto onde você passa o dia de papo para o ar e ainda nada com os golfinhos. A ilha é cheia de praias e enseadas e é outro pequeno paraiso, com o mar azul turquesa e transparente. Nesse mar perfeito e morno é que você nada com os golfinhos. Para participar dos "dolphin encounters" você tem que reservar com antecedência, pois só nadam 6 pessoas de cada vez com cada golfinho, duas vêzes por dia, e só são 4 golfinhos disponíveis, tudo muito ecologicamente correto - apesar do salgado preço de USD 165.00 por pessoa! Mas como vale à pena!

Antes do mergulho há uma palestra sobre a vida dos golfinhos e algumas instruções. Logo em seguida todo o grupo entra no mar de colete salva-vidas e aí começa a farra: durante meia hora você dança com o golfinho, é abraçado e beijado por êle, dá vários comandos que êle obedece na mesma hora para pular, nadar de costas, dar saltos mortais e voltar ao seu lado. Depois êle pula sobre você, mergulha várias vêzes, desaparece e volta a aparecer do outro lado da lagoa na maior velocidade, tão rápido que você acha que são dois golfinhos!

Para terminar o show você fica esticado de bruços na água com os braços ao longo do corpo e êle embica o focinho nos seus pés e sai nadando a mil por hora, empurrando tão forte que você fica com meio corpo fora dágua e vai quase voando até o outro lado da lagoa! Sensacional! E tudo isso devidamente fotografado e filmado para você depois gastar mais dinheiro. Antes de pegar o barco de volta, é claro, você passa pela lojinha e compra o vídeo ou o DVD do seu "dolphin encounter" com todas as brincadeiras registradas, um porta-retrato com a foto dêle pulando sobre sua cabeça, e até um cinzeiro com sua cara sendo beijada pelo golfinho, lembranças bem cafonas de uma experiência inesquecível...

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

PASSEANDO PELO CHILE

Há pouco tempo atrás eu passei uns dias no Chile a convite da Travel Expert, uma ótima operadora de turismo especializada em viagens pelo Cone Sul. Depois de dois dias em Pucon e algumas aventuras já contadas aqui, fui para Viña Del Mar, na costa do Pacífico, à uma hora e meia de Santiago, onde fiquei no maravilhoso Hotel Del Mar, na beira da praia, construído em forma de semicírculo em volta do antigo cassino que agora faz parte do hotel, que tem ainda um Spa sensacional no último andar.

Os enormes quartos tem grandes varandas e moderníssimos banheiros com iluminação high-tech de densidade controlada, sensacional! Você pode usar a banheira ou o chuveiro escolhendo, por exemplo, apenas a claridade das lâmpadas embutidas nos rodapés, o que dá o clima perfeito para um relax total – e com a música do rádio tocando baixinho nos alto-falantes escondidos.

Lá em Viña visitei o Castelo Wulff em frente ao hotel, construído em estilo neo-Tudor muito em moda nos anos 30 e que hoje é uma sub-sede da prefeitura, vi Relógio das Flores que é uma lembrança da Copa de 1962, e como ganhei uma graninha no cassino fiz ótimas compras no Viña Shopping (15 Norte, 961) que tem lojas do Tommy Hilfiger e Ralph Lauren entre várias outras, além de bons restaurantes.

De lá passei por Valparaiso e segui até La Isla Negra, uma das três casas onde o poeta Pablo Neruda (premio Nobel de literatura em 1971) morou e escreveu seus poemas. Ela é hoje um pequeno e interessantíssimo museu que conserva a peculiar decoração feita por ele e sua mulher Matilde utilizando materiais de construção e objetos mais estranhos e variados. Os dois estão enterrados num pequeno promontório de frente para o mar que tanto amavam. Lá dentro um pequeno restaurante com vista para o bravo oceano é perfeito para um café ou um copo de vinho antes de prosseguir viagem.

Quarenta quilômetros depois cheguei ao vinhedo Matetic, no Valle Del Rosário, local que possui das melhores condições climáticas e de solo para o plantio de uvas no Chile. Fundado em 1999 pela família Matetic no Valle de San Antonio, tem 90 dos seus 90.000 hectares plantados no mais rígido princípio orgânico, produzindo vinhos da maior qualidade e pureza. Fiquei impressionado com a preocupação com o meio ambiente que os donos tiveram ao construir as adegas e os imensos espaços subterrâneos onde ficam os tanques de aço de fermentação e as barricas de carvalho de envelhecimento. E tudo do maior bom gosto. Do lado de fora ninguém imagina que aquela pequena colina coberta de grama abriga uma verdadeira fábrica subterrânea. O vinhedo Matetic tem também uma linda sede antiga de fazenda que hoje é uma pousada de alto luxo e um excelente restaurante, além de vários salões e jardins onde são realizados casamentos e outros eventos. Dos muitos vinhos que provei, o Sauvignon Blanc EQ foi o mais leve e frutado que já tomei na vida. E o tinto Syrah desce bem redondinho. Aqui no Rio você encontra na Casa do Porto, no Shopping da Gávea, e vale a pena provar os dois.

De volta a Santiago antes de voltar a Brasil fui jantar no tradicional restaurante “Aqui Está Coco” para me deliciar com os peixes e frutos do mar que há anos fazem a fama do lugar. Com decoração simples, mas charmosa, o lugar fica lotado todas as noites e se você não reservar corre o risco de ficar horas esperando no bar. Fica no bairro de La Providencia na La Concepcion 236. Telefone 235-8649.

Uma dica de hotel bom, bonito e caro: Grand Hyatt.
Outra de um mais barato: Hotel Kennedy.

domingo, 5 de agosto de 2007

DON'T START COLLECTING THINGS...

No meu tempo de garoto todo mundo colecionava alguma coisa: caixas de fósforos, figurinhas, soldadinhos de chumbo, tampinhas de refrigerantes, lápis de cor e várias outras coisas. E a gente passava horas brincando com as coleções e trocando aquela caixinha repetida pelo soldado que faltava e o seu vizinho tinha dois!

Quando eu viajei pela primeira vez para o exterior em 1969, comecei a guardar as etiquetas de malas das companhias aéreas que naquela época eram grandes, coloridas e tinham um barbante para amarrar nas alças das malas com o código dos aeroportos em letras garrafais: GIG, LAX, NYC, MAD, SFO, FCO. E a brincadeira era adivinhar as cidades por trás dêsses códigos. Você sabe o que elas querem dizer?

Logo que essas etiquetas foram trocadas pelas atuais faixas de papel práticas mas sem graça, passei a trazer caixinhas de fósforos e cartões dos hotéis, restaurantes e lojas, sempre diferentes e coloridos. Mas o que eu mais gosto de trazer das viagens até hoje são os "swizzle sticks", aqueles mexedores de bebidas que todo bar, hotel e restaurante do mundo coloca nos drinques para você mexer. Fui trazendo um ou dois de cada viagem e hoje, 40 anos depois, tenho mais de mil dêsses trecos, algumas centenas dentro de copos de boca larga no bar e o resto numa enorme Big Brown Bag do Bloomingdale's! A varidedade é inacreditável. Os mais originais são um da Brannif que é uma prancha de surf em comemoração aos seus primeiros vôos para o Havaí, uma hélice vermelha da TWA, um par de esquis de um hotel de Aspen e uma girafa amarela de um bar de St. Tropez.

A coleção de cartões e caixas de fósforos também já passou dos milhares, e as sacolas cheias são a prova disso. Agora com a proibição de fumar em quase todos os lugares, os fósforos estão escasseando. Mas é divertido de vez em quando dar uma olhada e tentar relembrar quando e com quem você foi naquêle restaurante ou em que ano se hospedou em tal hotel. São ótimos souvenires que trazem de volta muitas lembranças alegres...
Dessa vez, revendo as caixinhas, vi como o tempo passou depressa e tudo mudou. Achei dois fósforos diferentes do Hotel Dorset de Nova York, que ficava na rua 56 e foi implodido para dar lugar ao novo MoMA. Outros dois do Hotel Gorham que há quatro anos transformou-se no Blakely. Uma do fraco Century Paramount, que tirou o Century e virou um hotel butique do Philippe Stark, e outra do Mayflower, onde passei minha lua-de-mel e que foi demolido e tornou-se um maravilhoso prédio de caríssimos apartamentos. E do mixuruca Wentworth da rua 46, a rua dos brasileiros, que fervilhava em outras épocas... Meia amarelada, uma do Omni International de Miami, cujo prédio continua firme mas nem sei mais que nome o hotel tem agora, tantas foram as vezes que trocou de mãos.

Dos restaurantes de Nova York, uma do "Tucano & Club A", do Ricardo Amaral que bombava nas noites dos anos 80, a do Oyster Bar do Plaza e do Soho Kitchen & Bar, ambos desaparecidos, da mesma forma que o excelente restaurante "1/5" (One Fifth) que ficava exatamente no número 1 da Quinta Avenida e era todo decorado com escotilhas e peças de latão dourado do navio Caronia, que naufragou há décadas...
Mas que a que mais me chamou a atenção foi a da charutaria que existia na Main Street do Magic Kingdom em Orlando, no tempo em que eu fumava: a Tobacconist Shop, que vendia cigarros, cigarrilhas e charutos do mundo inteiro, inclusive os procuradíssimos "Gudan Garan", da Indonésia, que com seu cheirinho adocicado de cravo e canela ajudavam a disfarçar o cheiro de outros cigarros mais artesanais.
You know what I mean?

Boas lembranças...

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

OS PAVÕES DOIDÕES DE KAHUKU POINT!

Lá pelo início dos anos 80, depois de um casamento desfeito, tirei uns dias de férias para esfriar a cuca e voei para Los Angeles encontrar meus dois amigos Roberto e Patrícia que estavam morando lá. Foi só eu chegar e nossos planos mudaram: resolvemos ir para o Havaí! Compramos as passagens e lá fomos nós, no tal vôo em que demos de cara com o Sting e o Police e que eu já contei aqui no blog.

Em Honolulu, com não tínhamos reserva de hotel, ficamos por dois dias com um amigo deles, o Paul, que morava numa incrível casa redonda de madeira construída por ele mesmo no topo de um morro em Kahuku Point, a região mais ao norte da ilha de Oahu. Lá de cima viam-se todas as praias de North Shore e mais: Waimea, Velziland, Pipeline, Sunset Beach e ainda Rocky Point e Off the Wall. Todos os dias as seis da matina o Paul pegava uma luneta e checava todas as praias para ver onde o “swell” estava melhor, telefonando em seguida para todos os amigos surfistas que imediatamente jogavam as pranchas nos seus calhambeques ferrados e partiam em busca da “big one”!

O Paul ficava em casa revelando fotografias e também cuidando da sua cultura de “pakalolo” – maconha em havaiano - plantada em vasos de vários tamanhos para facilitar a remoção em caso de perigo.
E o perigo vinha em forma de helicópteros da polícia que de vez em quando sobrevoavam as montanhas mais afastadas buscando exatamente essas plantações proibidíssimas da famosa erva. Era só ouvir o barulho das hélices e quem estivesse em casa saía correndo para pegar os vasos e escondê-los dentro da sala, longe dos xeretas binóculos infravermelhos. Passado o perigo, lá vinham os vasos de novo para o sol para a erva continuar a crescer...

Na casa vizinha a do Paul morava um casal que criava pavões, lindos e bobos, que volta e meia passavam pela cerca viva e vinham ciscar do lado de cá. Nós que estávamos na varanda batendo papo víamos aqueles pavões tão bonitos, mas sempre com as caudas fechadas, muito sem graça, que nem um bando de galinhas azuis, verdes e brancas. Até que um dia, de repente, do meio da folhagem surge um enorme pavão branco com as plumas da cauda bem abertas, como um grande e lindo leque! Atrás dele, que parecia um verdadeiro destaque de carro abre-alas de escola de samba, vinham os outros pavões todos, uns vinte, eu acho, também com os rabos bem abertos, formando uma linda ala de passistas. E todos grasnando, rebolando e felicíssimos da vida, como se tivessem tirado o grande premio no desfile do Primeiro Grupo!


Ficamos todos muito impressionados com aquele show, não entendendo a razão de tamanha euforia animal, até que ouvimos um grito do Paul vindo dos fundos. Fomos correndo lá atrás e só então sacamos o que tinha acontecido: os pavões haviam descoberto os vasos de “pakalolo” e bicado e comido todas as folhas até a altura onde podiam alcançar, dizimando a plantação e só deixando umas míseras folhinhas no topo de cada pé! Paul queria pegar uma espingarda e matar as aves doidonas, e só a muito custo o convencemos a deixar para lá e começar uma nova plantação. Não sem antes espantarmos com tocos e pedras os pavões para todos os lados, sendo que alguns saíram até voando pelos céus havaianos...

Depois disso nós alugamos um "condo" no Kuilima, em Turtle Bay durante um mês, e quase todos os dias, na estrada ou nas praias, eu acabava cruzando com algum pavão de leque aberto meio perdido com o olhar chapado, com certeza ainda no maior barato...