quinta-feira, 28 de agosto de 2008

DIÁRIO DO GUIA # 2: FRANK SINATRA E A CRIANÇA PERDIDA!

Uma vez eu estava com um grupo grande em Orlando e com uma sorte danada conseguimos comprar entradas para um raro show do Frank Sinatra. A dona da agência responsável pela excursão alugou um ônibus para levar e trazer quem ia ao espetáculo e lá fomos nós contentes da vida. Eram trinta adultos, entre eles um casal com um filho de sete anos que só foi conosco porque os pais não queriam deixá-lo sozinho no hotel. Mas como eu fui o último a chegar no ônibus porque fiquei no lobby chamando os retardatários, nem lembrei de contar quantos passageiros tinham entrado. Chegamos à Orlando Arena e eu fiquei na calçada vendo a turma sair enquanto a dona pegava os ingressos na bilheteria.

Desceu todo mundo, o ônibus foi embora e eu me juntei ao grupo. De repente o tal casal deu por falta do filho! Procuram daqui e dali e nada do garoto aparecer. Como já sabiam que o menino era impossível, foram entrando no estádio e me disseram para ficar de olho porque certamente ele estava brincando de esconder. Só que como eu não tinha visto criança alguma descendo do ônibus, comentei baixinho com a dona da agência e ela quase teve um ataque, porque lembrava de ter visto o menino dormindo no último banco! E o ônibus tinha ido embora e o que viria nos buscar dali a três horas seria de outra companhia!

Sempre que a minha chefa ficava nervosa – e nesse momento ela estava quase histérica – começava a rir sem parar e ficava sem ação! Em meio a muitas gargalhadas descobrimos o número do telefone da garagem do ônibus, ligamos, conseguimos explicar a situação, o funcionário que despachava as viaturas entendeu perfeitamente a crise e falou pelo rádio com o motorista que já estava quase chegando de volta à garagem.

Pedimos que ele estacionasse na freeway e fosse ver cuidadosamente se realmente o garoto estava lá atrás. Alguns minutos do maior suspense das nossas vidas e sim, ele estava no último banco dormindo a sono solto! Imploramos para que não acordasse o menino – já pensou se ele acordasse sozinho num ônibus parado no meio da escuridão com um negão olhando para a cara dele?

Depois de longos vinte minutos o ônibus retornou ao estádio e parou na minha frente. Eu subi e falei alto para o menino acordar: “Vamos cara, você é o último a sair!”. Ele abriu os olhos e desceu sem perceber que tinha ficado quase uma hora andando de ônibus dormindo pelas freeways de Orlando. Da calçada já se podia ouvir os acordes iniciais da orquestra lá dentro.
Chegamos os três aos nossos assentos com as luzes apagando e o refletor branco iluminando o maior cantor do mundo que começava a entoar "My way”, enquanto os pais do menino totalmente despreocupados aplaudiam alegremente.

Eu e a chefa saímos discretamente, fomos até o bar e tomamos três uísques duplos cada um para relaxar do estresse enlouquecedor... E ninguém nunca soube de nada!

domingo, 24 de agosto de 2008

HAVASUPAI!

Havasupai, que significa “o povo das águas azuis e verdes”, é o nome de uma tribo de índios nativos americanos que habita a região nordeste do estado do Arizona há mais de 800 anos.
A tribo é famosa por ser o único povo a morar no Grand Cânion e ter o último endereço na América do Norte onde os carteiros ainda usam mulas para fazer as entregas!
A cidade lá em baixo no cânion se chama Supai.

Mas a grande atração turística do lugar são as inacreditáveis cores do rio Havasu, que começa branco transparente e termina verde claro, passando por vários tons de azul turquesa ao serpentear pelo profundo cânion, formando em seu percurso várias cachoeiras espetaculares.


Meu sobrinho e fiel leitor Cristiano Junqueira esteve lá recentemente e ficou muito impressionado com a beleza do lugar.
Ele aterrissou em Phoenix, foi de van até Sedona, voou de helicóptero até a terra dos índios e fez a trilha em três dias, acampando na beira do rio e percorrendo todo o cânion.
E tirou essas ótimas fotos para nos mostrar.

O rio começa branco...
Depois fica azul...
E acaba verde...
Havasu falls
Mooney falls
Havasu falls vista do alto
O cânion visto do helicóptero
Você também pode fazer essa trilha, mas as reservas têm que ser feitas com muita antecedência, pois só são permitidas 12 mil pessoas por ano para evitar danos à ecologia local. A tribo cobra entrada e oferece uma infra-estrutura de mulas que levam as pessoas e as bagagens até os locais de acampamento. Há também um serviço de helicópteros, um pequeno alojamento e uma loja que vende desde comida a camisetas. E mapas, é claro!

Leia mais sobre Havasupai clicando aqui.

Mas o que o Cristiano mais gostou foi de tomar banho no rio - que tem águas quase mornas - e do lauto breakfast servido todas as manhãs, com muito bacon, cogumelos e omeletes de todos os tipos...

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

MUITO ÔMEGA-3 EM MANHATTAN!

Se você gosta de peixes e frutos do mar, Nova York é a cidade certa para lhe dar a dose diária de Ômega-3 que combate o colesterol saciando de forma esplêndida a sua fome.
De botecos com pratos de papel a estrelados restaurantes, há um grande oceano de opções à sua espera oferecendo mil pescados frescos.
E como em Manhattan as novidades são sempre muitas, eu publico aqui uma lista dos melhores e mais badalados restaurantes elaborada pela revista Gotham, que sabe bem das coisas...

BLACK PEARL – 37 West 26th Street, 212-532-9900
Arregace as mangas, amarre o guardanapo no pescoço e avance na deliciosa comida desta peixaria da região do Flatiron. Descasque e coma com as mãos camarões selvagens, ostras, mariscos e uma enorme variedade de delícias de água salgada, como se você estivesse em plena Nova Inglaterra.

BLT FISH – 21 west 17th Street, 212-691-8888
O Chef Laurent Tourondel sabe que as coisas simples quase sempre são as melhores. Aqui os produtos marinhos são vendidos a quilo, muitas vezes inteiros; mas se você não gosta de ficar encarando os olhos de um “red snapper” (vermelho) na sua travessa, peça vieiras do Maine grelhadas com crosta de amêndoas ou atum às sete pimentas acompanhado de nhoque de ervas ou feijão branco com bacon, quem sabe?

BONDI ROAD – 153 Rivington Street, 212-253-5311
Pegue um lápis, marque no papel a sua escolha, especifique como quer que seja preparado e o seu jantar vem rápido e perfeito nesse restaurante de frutos do mar no melhor estilo australiano. Lulas grelhadas, camarões ao alho e ótimos vinhos ajudam a manter o ambiente descontraído desta sempre cheia casa do Lower East Side.

ESCA – 402 West 43rd Street, 212-564-7272
Os nova-iorquinos de água salgada não resistem ao charme dos frutos do mar preparados pelo Chef David Pasternack. O menu muda sempre, mas o que ele oferecer pode aceitar de olhos fechados, pois você está nas mãos de um dos mais celebrados Chefs da cidade. Uma grande pedida são as famosas vieiras de Peconic Bay – há muito sumidas do mercado – e o incrível “crudo”, um sashimi à moda italiana de cair o queixo!

15 EAST – 15 East 15th Street, 212-647-0015
Ver Masato Shimizu preparar sushi e sashimi nessa casa japonesa é presenciar um artista criando uma obra de arte. Passe pela linda sala de jantar e vá diretamente para o balcão onde ouriços marinhos e filés de cavala se transformam em iguarias deliciosas. Não deixe de provar o tofu feito lá mesmo servido com nacos de bonito, cebolinha e gengibre mergulhados no caldo de peixe morno. Muito bom!

LE BERNARDIN – 155 West 51st Street, 212-554-1515
Saborear uma das artísticas e deliciosas criações do Chef Eric Ripert é como beber um champanhe muito especial num evento dos mais importantes. Do cheviche de badejo ao linguado cozido, sua culinária inspirada lhe valeu um bom apelido: “encantador dos peixes”. Caro, reservas obrigatórias, mas imperdível.

MARY’S FISH CAMP – 64 Charles Street, 646-486-2185
Esse minusculo restaurante de esquina no West Village é o melhor lugar para você comer um sanduíche de lagosta bem à moda de Massachussets. A “bouillabaisse” (sopa de peixe) também faz a alegria de qualquer marinheiro. Simples e barato.

MERMAID INN – 96 Second Avenue, 212-674-5870
Não se deixe enganar pelo ambiente descontraído com chão de madeira gasta e ventiladores de teto quase parando do restaurante de Danny Abrams no East Village. Há toda uma sofisticação escondida por trás de pratos como asa de raia sauté com legumes, menta e molho de manga ou o fantástico bacalhau grelhado com beterrabas e creme azedo. Há outro Mermaid no 568 da Amsterdam Avenue.

GRAND CENTRAL OYSTER BAR – 89East 42nd Street, 212-490-6655
Desça as escadas, sente num banco do balcão desse antigo (1913!) restaurante, peça um autêntico “clam chowder” (sopa de mariscos) da Nova Inglaterra e em seguida uma truta defumada dos riachos de Idaho. Ou tire a gravata e devore o salmão do Atlântico com alcaparras e creme de “horseradish”. Isso sem falar nas ostras de todos os tamanhos e procedências aguardando a sua fome.

OCEANA – 55 East 54th Street, 212-759-5941
Apesar do clima náutico da decoração com peixes nas paredes, o Oceana tem uma carta de vinhos com mais de mil opções e um menu criativo usando as frutas da terra para acompanhar os frutos do mar. Prove o tartar de atum selvagem com gengibre caramelizado, castanhas e picles de papaia. Você vai adorar.

Vá em frente, o sinal está aberto para o consumo de Ômega-3!

sábado, 16 de agosto de 2008

MERGULHANDO NO AZUL DE CAPRI

Na sua próxima ida à Europa não deixe de visitar Capri e a inacreditável Gruta Azul, e tenha a certeza que a viagem será inesquecível!

Para chegar a essa ilha dos sonhos, você tem que viajar até Nápoles ou Sorrento, no sul da Itália, na região da Campânia, de onde saem os barcos e hidrofoils para Capri. Desembarcando na Marina Grande, o maior porto da ilha, basta dar cinco passos e você já está no centro desta alegre cidade cheia de pracinhas, ruelas estreitas, ladeiras, colinas e muitos bares e restaurantes com mesas nas calçadas sempre cheias de gente alegre e barulhenta.

É dessa mesma marina que saem os barcos para a gruta e outros pontos turísticos do mar Tirreno. A outra cidade da ilha chama-se Anacapri e fica nas montanhas. Para passear por lá o ideal é alugar uma motoneta, já que as ruas são muito apertadas para carros. Você pode subir pelas colinas e visitar a Villa Jovis, de onde o Imperador Tibério governou em seus últimos anos de vida e que hoje é uma escola, e o mosteiro Certosa di San Giacomo, de onde se tem a melhor vista das Faraglioni, incríveis ilhas que são blocos rochosos surgindo do mar lá em baixo.

Mais acima fica o monte Solaro, com quase 600 metros de altura, de onde se descortina a melhor vista de Capri. Aproveite para almoçar nos vários restaurantes com varandas sobre o mar. Ao retornar à cidade não deixe de passar por Migliera, um pequeno vale todo plantado com vinhas entremeadas por antigos bosques. Lá de cima você também vê o mar de Ischia, outra ilha linda ali pertinho, a baía de Nápoles e até o vulcão Vesúvio.

Aproveite para conhecer a Villa San Michele onde funciona o Museu Axel Munthe, mostrando tudo da vida desse incrível médico, escritor, músico, cantor e filantropo.
Veja também as ruínas do Castelo Barbarossa, em estilo bizantino, que recebeu esse nome depois do ataque do Pirata Barba Ruiva em 1535 que destruiu tudo.

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A imensidão azul

A Gruta Azul é uma das maravilhas da natureza mais conhecidas do mundo pelos intensos tons de azul do seu interior e os reflexos prateados que emanam de tudo que se movimenta dentro dágua, sejam peixes, remos ou sua própria mão.
Só se entra na gruta em pequenos barcos a remo para duas ou três pessoas que têm que se deitar no fundo para poder passar pela estreita abertura na rocha com dois metros de largura por pouco menos de um metro de altura.

O barqueiro força o barco para dentro usando os remos e puxando correntes presas nas bordas da pedra. Quando a maré está muito alta ou quando sopram os ventos sudoeste ou mistral, ninguém entra ou sai de lá.

Uma vez lá dentro você vai ficar impressionado com o azul forte da caverna, que tem uma abóbada chamada Duomo Azzurro com altura média de sete metros indo até quatorze na parte de trás. A gruta mede sessenta de comprimento por vinte e cinco de largura, e o barco pode navegar pela Galeria das Pilastras até a Sala dos Nomes, assim chamada pela quantidade de assinaturas feitas pelos visitantes em suas paredes calcárias.

E os barqueiros adoram cantar dentro da gruta, aproveitando o eco...



O barco continua pela Passagem da Erosão e vai até a sala da Erosão, o ponto final do passeio. Os fantásticos tons de azul são criados pela claridade do sol filtrada pela água que absorve os tons vermelhos da luz deixando apenas passar os azuis. O segundo fenômeno, dos reflexos prateados, é causado pela refração das bolhas de ar que aderem à superfície dos objetos e que é diferente das bolhas da água, resultando numa luz branca cintilante.

Hoje em dia, por conta das leis de proteção ambiental, é proibido mergulhar lá dentro, mas nos anos sessenta, quando eu visitei a gruta, a farra era pular do barco e nadar naquela imensidão azul iluminada só por baixo, vendo as bolhas estourar e gritando bem alto para ouvir o estranhíssimo eco.

Dizem que durante o Império Romano a gruta era tida como um esconderijo de sereias que enfeitiçavam quem se aproximasse de lá. Agora, porém, Capri e sua gruta estão mais para as badalações do jet-set internacional do que para lendas mitológicas, e a cidade fervilha nos meses de verão com turistas e sereias de todas as nacionalidades que se enfeitiçam com as belezas naturais e a “dolce vita”.

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O ponto principal da cidade é a Piazzetta, apelido dado à Praça Umberto I, onde fica o terraço cheio de colunas da estação do funicular com a vista do Monte Solaro atrás e os vários bares onde visitantes e locais passam muitas horas do dia bebendo, comendo ou simplesmente aproveitando o “dolce far niente” debaixo dos ombrelones. Vendo a algazarra diária fica difícil de acreditar que há a pouco mais de 50 anos ali funcionava o mercado de peixe e a feira semanal.

E as praias?

Capri não tem praias como as nossas de areia branca, só pequenas enseadas e muitos rochedos. Mas você pode aproveitar o sol do Mediterrâneo em terraços montados nas pedras com toda a infra-estrutura de clubes de praia, com espreguiçadeiras, guarda-sóis, chuveiro e serviço de bar. O melhor deles é o Bagni Internazionali na Marina Piccola, com tudo o que você tem direito: hotel, restaurante, marina e muita badalação.

Por toda a costa existem pequenas praias de seixos escondidas pela vegetação, algumas delas só atingíveis de barco, que você pode ir descobrindo a cada dia. E é claro que quase todos os hotéis tem piscinas com águas tão azuis como as da gruta, para o seu refresco diário...

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Onde se hospedar:

O melhor hotel da ilha fica em Anacapri e chama-se Capri Palace Hotel & Spa, com decoração elegante e quartos com varandas para o mar. Alguma suites tem piscinas nos terraços. Diárias começam em 320 euros e vão em frente. O restaurante é maravilhoso e acabou de ganhar mais uma estrela do Michelin.

Em Capri o melhor é o La Residenza, perto da Piazzetta, ocupando um prédio histórico, com muitas piscinas. Quartos enormes a partir de 290 euros.

Como uma opção mais barata a sugestão é a simpática e básica Pensione Villa La Tosca, com diárias de 120 euros, oferecendo quartos e banheiros pequenos mas limpos.

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A Gastronomia Caprese

A comida de Capri é das melhores da Itália, com muita massa e frutos do mar fresquíssimos. Você pode entrar tranqüilo em qualquer restaurante e fazer uma refeição inesquecível!

Além da famosa Salada Caprese (rodelas de tomate e mussarela banhadas no óleo virgem com ervas), não deixe de provar o Totani com patata (lulas cozidas no vinho com batatas), o Ravióli alla caprese (recheado com carne e molho de tomate e cebola), o Pezzagona all’a acqua pazza (peixe do Golfo de Nápoles cozido na água salgada com ervas) e de sobremesa a Torta caprese (de chocolate e amêndoas) acompanhada de um Limoncello de fabricação local. E não esqueça o vinho branco produzido em Anacapri, geladinho, divino...

Restaurantes que eu recomendo em Capri:

AURORA – Via Fuorlovado 18 – 081 837-0181
Dos mais antigos da cidade, funcionando desde 1912 com a mesma qualidade e serviço.

CAPRI’S – Via Roma 33 – 081 837-7108
Dos mais novos e melhores da cidade, no hotel Capri Palace, com uma vista linda de seu terraço ao ar livre.

LE GROTELLE – Via Arco Naturale – 081 837-5719
Instalado numa pequena gruta perto do Arco Naturale, que é uma rocha milenar transformada em um arco pela erosão dos ventos, serve frutos do mar e ótimas pizzas. A vista também é ótima.

Na Marina Grande:
DA PAOLINO– Via Palazzo a Mare 11 – 081 837-6102
Simpática tratoria ao ar livre com mesas sob treliças cobertas de limões.

Em Anacapri:
ADD’O RICCIO – Via Grota Azzurra – 081 – 837-1380
Nos penhascos acima da Gruta Azul, vista deslumbrante e frutos do mar também.


terça-feira, 12 de agosto de 2008

DO FUNDO DO BAÚ!

Los Angeles, janeiro de 1984

Nessa época o Rose Café & Market era o "point" da turma descolada para o breakfast em Venice! O Wallach, a Patrícia e eu tomávamos sempre a especialidade da casa: chá de rosa com canela, maravilhoso, que hoje em dia ainda faz sucesso por aquelas bandas. Veja que bacana é o lugar que funciona desde 1979 clicando aqui.

De noite o papo era outro: essa foto é no Dar Maghreb, restaurante marroquino na Sunset Boulevard que tinha até dança do ventre, com Paul, Wallach, Roberto, Patricia e eu metendo a mão no prato de cordeiro com cuscus. O lugar também continua firme - veja o site clicando aqui.

No dia seguinte deu a louca: fizemos as malas, fomos para o aeroporto e passamos um mês no paraíso... Mas essa outra aventura você pode ler aqui, aqui e aqui!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

SOUTH BEACH: A RIVIERA AMERICANA

Nos últimos 15 anos, na ponta sul do banco de areia que é Miami Beach, South Beach tornou-se conhecida como a Riviera Americana, borbulhando de atividades dia e noite e simbolizando um novo mundo de excentricidade e maluquice numa área de dez quarteirões da 5th à 14th Streets, entre a Collins Avenue e a Ocean Drive, na beira da praia.

Passear por lá é ser transportado para os anos 30 e 40, com mais de 800 prédios do mais puro estilo Art Decô, com detalhes esculpidos e linhas aerodinâmicas, pintadas com toda a gama de tons pastel e iluminadas por quilômetros de ofuscantes luzes néon na noite que não acaba.

Nas minhas primeiras idas a Miami, nos anos 70, eu só passava por ali a caminho de North Miami Beach, onde ficavam os grandes condomínios e os hotéis mais cotados, como o Fountainebleau, o Carrillon e o Doral on the Ocean. Nos pequenos edifícios de aluguel baixíssimo de South Beach moravam centenas de aposentados que passavam o resto de suas vidas sentados em cadeirinhas de praia nas calçadas jogando cartas. O clima quente transformou South Beach no paraíso dos idosos que tinham a pele mais curtida do que couro de jacaré de tanto se expor ao sol.

Além dos velhinhos, muitos prédios abandonados foram invadidos por traficantes de drogas, imigrantes cubanos ilegais e marginais, transformando a então calma região em palco de tiroteios e perseguições policiais. De repente em 1979 a Prefeitura tombou o bairro como Local Histórico e felizmente tudo começou a mudar. Por coincidência no início dos anos 80 fez muito sucesso na TV o seriado Miami Vice, que chamou atenção para a área e ajudou na divulgação da nova cidade que estava nascendo.

Os grandes investidores viram a possibilidade de ganhar dinheiro e aos poucos os edifícios caindo aos pedaços foram comprados, os velhotes realocados para outras bandas e com incentivos do governo todos os antigos hotéis foram reformados mantendo o mesmo estilo Art Decô, e novos cafés, restaurantes e lojas surgiram por todos os lados!

É nesse bairro que hoje hotéis luxuosos dividem as ruas cheias de palmeiras com pequenas pensões para jovens, onde mochileiros trocam dicas de viagens, celebridades do jet-set se encontram para discutir literatura, política e arte, e top models e rapazes musculosos posam para as revistas de moda no meio da Ocean Drive. O lugar tornou-se também uma Meca para caçadores de talento, artistas, cantores e produtores, atraídos pela fauna local.

Você encontra de tudo por lá: cada vez mais gente chega de todos os cantos do mundo, formando uma população flutuante das mais exóticas: ricos nova-iorquinos, investidores da América Latina, hoteleiros europeus, imigrantes cubanos e judeus, gays e lésbicas de montão. Nesse mosaico cultural pontificam agora também os mais badalados “chefs” do país que criaram uma “cuisine” misturando sabores americanos, latinos e caribenhos: é a Miami New World! E as boates e clubes bombam do entardecer até o meio-dia do dia seguinte, quando os mais atléticos já estão há horas patinando pelas ruas.

Se você sentar num dos muitos cafés com mesinhas nas calçadas e até nas ruas, com certeza vai ver a Gloria Estefan (que é dona do Hotel Cardozo) e o John Secada, astros locais, o Elton John e a Oprah Wimfrey fazendo compras nas chiques delicatessem, ou a Cameron Diaz dando ordens no seu restaurante, o Bambu, na Lincoln Road. Isso sem falar nas equipes de filmagem – há sempre um filme sendo rodado lá.

Uma vez eu me hospedei no Hotel Cavalier – onde tudo no quarto era colorido (paredes lilás, colcha azul, almofadas vermelhas e roxas, cadeiras verdes, moldura de espelhos amarelas e por aí vai) e uma noite fui jantar com minha filha de dez anos. Sentamos numa mesa colocada literalmente na rua, entre dois carros estacionados, comemos a maior lagosta do mundo e assistimos ao verdadeiro show que é ver a turma passeando pelas calçadas! E realmente passou de tudo, até um cara de patins com uma cacatua branca no ombro!

É claro que ainda existem por lá os marginais, os ilegais, os traficantes e os mendigos catando lixo como em qualquer grande cidade, mas em menor quantidade e mais distantes dos pontos badalados. Na sua próxima ida à Flórida, em vez de ficar mais uma vez em Downtown ou lá para cima no Bal Harbour e adjacências, hospede-se em South Beach e faça parte da animada festa que só termina quando você vai embora!

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Hotéis (caros) que eu recomendo:

The Tides – 1220 Ocean Drive – 800 439-4095
Maravilhoso, 5 estrelas, moderníssimo, de frente para o mar, apelidado de “A Diva da Ocean Drive”. Diárias a partir de USD 350.00 + taxas. Lotado de celebridades.

Setai
– 2001 Collins Avenue – 305 520-3000
Oriental, luxuoso, minimalista, instalado em dois prédios: um Art Decô e outro moderníssimo, ambos espetaculares. Diárias a partir de USD 520.00 em “Summer Specials”.

Hotéis (mais baratos) que eu também recomendo:

Cavalier – 1320 Ocean Drive – 305 531-3555
Prédio autêntico Art Decô, decoração mirabolante, quartos bem confortáveis, um ótimo bar no lobby, diárias a partir de USD 199.00 + taxas. Bom preço, não?

Cardozo – 1300 Ocean Drive – 305 535-6500
Ao lado do Cavalier, com um toque bem cubano por ser da Gloria Estefan e por ter música latina ao vivo todas as noites no bar da varanda. É a maior festa! Diárias de USD 230,00 em diante.

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Um pouco de cultura em meio à badalação:

Logo que você chegar dê uma passada no Art Deco Welcome Center, na Ocean Drive 1001, esquina da 10th Street, e pegue um livreto que mostra os principais prédios tombados, com muitas informações sobre os arquitetos e detalhes especiais. Há uma série de trajetos de uma hora e meia que você pode fazer a pé com um guia local acompanhando o grupo. É bem divertido e instrutivo.

Se você gosta de arte, o Bass Museum of Art fica ali perto, na Park Avenue 2121. Para saber sobre as exposições, ligue para 305 673-7530.

O Wolfsonian-FIU, museu dedicado ao design e sua influência na nossa vida, funciona num galpão restaurado de 1927 e é interessantíssimo. Peças de mobiliário, objetos de decoração, pinturas e desenhos arquitetônicos. 1001 Washington Avenue – 305 531-1001.

O Miami City Ballet está sempre apresentando seu repertório mais clássico e também grupos novos de dança moderna. Liberty Avenue 2200. Telefone: 305-673-7530.

O Jackie Gleason Theatre for the Performing Arts, na Washington Avenue 1700, oferece uma variedade enorme de shows: remontagens da Broadway, American Ballet Theatre, óperas e apresentações de cantores populares. Informações: 305 673-7300

O Colony Theatre, na Lincoln Road 1040, é um exemplo perfeito de arquitetura Art Decô, e tem uma programação que inclui teatro, dança, música, comédia e filme.
305 674-1026

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Um pouco de badalação:

Os clubes noturnos, boates e lounges de South Beach são os mais variados possíveis para atender à misturada de raças, línguas, ritmos e sexos:

Jazid – 1342 Washington Avenue – 305 673-9372
Dois andares, música ao vivo no térreo e DJ's no segundo andar, muito reggae e ritmos latinos.


Level
– 1235 Washington Avenue – 305 532-1525
Uma lenda na vida noturna de Miami desde que foi criado pelo cantor Prince em 1990. Imenso, sempre cheio, a melhor música da cidade.

Mac’s Club Deuce – 222 14th Street – 305 531-6200
O favorito do Colin Farrell e de toda a animada fauna local. Bom para ver as celebridades e se divertir. Mas atenção: não aceitam cartão de crédito.

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Para comer bem:

Prime 112 – 112 Ocean Drive & 1st Street – 305 532-8112
Especializado em carnes, bem caro, vive lotado e sem reserva você não entra. O prato mais pedido é o famoso bife envelhecido acompanhado de muitas saladas. Os peixes grelhados também são ótimos. Celebridades a dar com o pé! Leve seu livrinho de autógrafos.

News Café – 800 Ocean Drive & 8th Street – 305 538-639
O favorito do Gianni Versace que morava quase ao lado na Casa Casuarina, que hoje é um hotel & clube particular. Este é o café mais badalado da praia, e vale a pena esperar por uma mesa seja no café, almoço, jantar ou a qualquer hora do dia. Enquanto você espera o desfile na calçada vai compensar... Fica aberto 24 horas, bom e barato. Tem uma loja ótima lá dentro.

Puerto Sagua – 700 Collins Avenue & 7th Street – 305 673-1115
A mais antiga lanchonete cubana de Miami oferecendo mil pratos bem fartos e baratíssimos, alguns custando menos de 5 dólares! Perfeita para levar a família toda. O arroz de frango (quase uma paella), os croquetes de presunto e as costeletas de porco são deliciosos.

Jerry’s Famous Deli – 1450 Collins Avenue – 305 532-8030
Construído em 1946 no mais puro estilo Art Decô, este “diner” é o preferido dos locais e de turistas curiosos, com comida acima da média para esse tipo de restaurante. Fica aberto até tarde e tem mesas ao ar livre além de um bem sortido bar. Bem barato.

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E as compras?

Por toda a Ocean Drive e nas ruas tranversais existem lojas e butiques de todos os tipos, da GAP e Banana Republic a Cartier e Versace.

Na Lincoln Road Mall, que é uma larga rua de pedestres arborizada começando na 16th Street & Collins Avenue, há muitas outras lojas, galerias de arte, farmácias, perfumarias, lanchonetes e restaurantes. O melhor deles é o Van Dyke Café, que além da ótima comida tem música ao vivo à noite.

E depois das compras dê uma passada na praia e veja as garotas "topless" ou, se você preferir, os rapazes com as menores sungas do mundo...