sábado, 8 de dezembro de 2007

JÁ É NATAL EM NOVA YORK!

Acabei de passar 10 dias em Nova York e fiquei impressionado com o fantástico clima de Natal envolvendo a cidade inteira! Em muitas esquinas você pode comprar o seu pinheiro do tamanho que quiser e levar na hora para casa. Todas as lojas e grandes magazines já estão enfeitados, disputando o premio da decoração mais bonita, e muitas praças acabaram de inaugurar lindas e iluminadíssimas árvores de Natal. Os grandes prédios, as galerias de lojas e os restaurantes também penduraram bolas e guirlandas nas janelas e marquises e até mesmo as charretes do Central Park brilham mais com os enfeites dourados nos cavalos!

O Lincoln Center fez um festão para inaugurar a árvore toda de estrelas prateadas que mudam de cor através de uma iluminação perfeita. Foram apresentadas árias da ópera Hansel & Gretel em cena no Metroplitan Opera House, trechos do balé Quebra-nozes em cartaz no New York City Ballet, canções de Natal por músicos da Filarmonica e um grande coral entoou cantos gregorianos. Uma multidão delirante de mais de duas mil pessoas enfrentou o frio intenso aplaudindo muito e cantando também.

O Bryant Park, que nessa época do ano constrói um rinque de patinação no gelo que fica lotado o dia inteiro por ser totalmente gratuito, apresentou ao público a imensa árvore com muita festa e cantoria. Campeões internacionais de patinação deram um show à parte. À sua volta uma verdadeira quermesse de barraquinhas vende de tudo, entre comidinhas, objetos artesanais e enfeites natalinos.

Mas a mais aguardada é sempre a árvore do Rockefeller Center que este ano comemora seu 75º aniversário, com mais de 35 metros de altura, pontilhada por mais de 30 mil lâmpadas ecologicamente iluminadas por placas de energia solar colocadas nos telhados dos prédios à sua volta, dando um exemplo de economia de energia. Mais de 20 mil pessoas lotaram a praça e as ruas à sua volta, que foram interditatas desde cedo, para ver em pessoa Tony Bennet, Celine Dion, Carrie Underwood e muitas outras celebridades. Veja as árvores do passado clicando aqui.

A loja Saks Fifth Avenue, em frente à árvore no outro lado da 5ª Avenida, cheia de flocos de gelo cintilantes em sua fachada, decorou as vitrines com muitos bonecos de neve que se movimentam sem parar. Dentro da loja os imensos galhos secos enfeitados com bolas brancas e luzinhas piscando são do maior bom gosto.


No grande atrium do Time Warner Building, no Columbus Circle, várias estrelas suspensas que mudam de cor ao som de canções natalinas encantam a turma de compradores circulando pelos quatro andares de lojas e restaurantes, escapando do frio e da neve lá de fora.



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A tradicional Lord & Taylor, que há mais de 21 anos ganha o primeiro premio, desta vez está expondo cenas natalinas de outras épocas em diversas cidades do mundo, como Veneza, Paris e Copenhagen, boladas pelo nosso amigo Manoel Renha.

Todos os bonecos são articulados e a grande festa aconteceu semana passada, quando os verdadeiros cenários em miniatura vão subindo e aparecendo nas vitrines através de um complicado sistema hidráulico. E a multidão nas calçadas aplaude calorosamente! No interior da loja as árvores e guirlandas são as mais bonitas da cidade.

Leia a ótima reportagem que o New York Times publicou sobre o Manoel clicando nessas duas fotos do jornal e veja como as vitrines são feitas. E no mês que vem êle já começa a pesquisar para as vitrines de 2008, que certamente serão ainda mais bonitas!
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A loja Cartier, que está cheia de andaimes por conta de uma obra na fachada do prédio, teve uma idéia genial: cobriu todos os canos e ferros com pinheiros verdes como se fosse um túnel, instalou milhares de lâmpadas pisca-pisca e escondeu vários auto-falantes que tocam música de Natal o tempo todo! Penduradas nos pinheiros, como presentes, centenas das inconfundíveis caixas de jóias de couro vermelho de todos os tamanhos são uma tentação...

******************************************************************** Restaurantes que fui e recomendo:

Brasserie Ruhlmann, em pleno Rockefeller Center, oferecendo o melhor da comida francesa num ambiente alegre e descontraído. Peça bisque de lagosta de entrada e siga com o linguado grelhado com espinafre, acompanhados por um vinho branco Sancerre geladinho! Uma refeição perfeita!

Club 21, o tradicionalíssimo restaurante com as pequenas estátuas de jóqueis do lado de fora continua a ser um dos melhores da cidade. Drinks generosos, hambúrgeres gostosíssimos, peixes e frutos do mar sempre frescos. Reservas e paletó obrigatórios.

Josephina, em frente ao Lincoln Center, italiano simpático e barato. Comi um rigattone com carne de lebre muito gostoso e tomei pela primeira vez um vinho Sancerre tinto, bem leve, que foi o complemento perfeito para o prato. Serviço excelente.

E o eterno Russian Tea Room, que depois de muitas idas e vindas está novamente firme e forte, todo novinho, com os famosos sofás vermelhos e samovares dourados, oferecendo muitas opções de caviar e outras delícias russas. O frango a Kiev é maravilhoso e as sobremesas ótimas. Caro e chique, mas muito bom!

******************************************************************** E os shows?

Imperdível nessa época é o "Christmas Spectacular" do Radio City Music Hall, apresentando as famosas Rockettes e muitas atrações. Comemorando também 75 anos, a versão 2007 do show é moderníssima, com efeitos em terceira dimensão, fogos de artifício e um imenso telão de LED como pano de fundo, dando maior realidade aos cenários. E a cena do nascimento de Jesus, com os Reis Magos em seus camelos, os pastores, os carneiros e Nossa Senhora e São José em volta da mangedoura com o boi e o burro mexe bastante com a emoção de todos.

Uma historinha: há anos atrás, nessa mesma época, eu estava andando pelas ruas do Rockefeller Center quando um guarda de trânsito apitou e todo mundo parou para dar passagem a três camelos, quatro carneiros, dois burricos, uma vaca, um boi e...
What's that? A Arca de Noé encalhou em Manhattan? Nada disso! Por conta do show de Natal a bicharada que participa da cena do presépio tem que dar seus passeios pelo menos três vêzes por dia, coisas do sindicato dos animais, sei lá. Tudo bem, é claro, mas não deixa de ser uma coisa muito louca andar pela maior metrópole do mundo e esbarrar com um jardim zoológico ambulante caminhando vagarosamente pela 6th Avenue debaixo daquela neve toda! E os funcionários uniformizados do Radio City de pá e vassoura catando os "presentes" que os bichos vão deixando cair pelo caminho...

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No Dizzy's Club Coca-Cola o artista da vez foi o incrível saxofonista russo Igor Butman acompanhado do conjunto Manhattan Trinity, com Cyrus Chestnut, George Mraz e Lewis Nash, todos excelentes músicos de jazz.
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Depois de muitas tentativas em anos anteriores, agora consegui assistir ao show do Michael Feinstein no Loews Regency, excelente. Apresentando um repertório que misturava "old standards" com músicas de Natal, entremeado por piadas e fatos curiosos do show business e de sua grande amizade com os Gershwins e Rosemary Clooney, Michael comprovou seu indiscutível talento como cantor, pianista e showman. Um ótimo espetáculo. Sala lotada!


E no City Center assisti à uma maravilhosa apresentação do grupo de dança Alvin Ailey American Dance Theatre, sob a direção de Judith Jamison, mostrando três novas coreografias e a reapresentação de "Revelations", balé que revolucionou a dança moderna no mundo em 1960.


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Um filme muito bom: "I'm not there", do Todd Haynes, com Richard Gere, Heath Ledger, Christian Bale, Marcus Carl Franklin e a maravilhosa Cate Blanchett, todos interpretando o Bob Dylan em diversas épocas de sua complicada careira. Quase um documentário, o filme prende a atenção do começo ao fim.



********************************************************************E as compras?

Uma loucura total transforma Nova York nesses dias logo após o feriadão de Thanksgiving, que cai sempre na última quita-feira de novembro. Na "Black Friday", que é a maior liquidação do ano, multidões fazem fila desde a véspera nas portas dos grandes magazines e das lojas mais populares, como Abercrombie & Fitch, F.A O. Schwartz e Apple.
As calçadas da 5ª Avenida lotadas formam uma verdadeira onda humana que carrega você para dentro de lojas que você não quer ir! E não adianta lutar contra a correnteza, você não vai conseguir! Só com muita paciência e força para ficar horas em pé nas filas dos caixas é que você pode se dar bem, pois liquidação lá é para valer, com preços inacreditáveis...
E êsse ano, ainda por cima, com o euro valendo muito mais que o dólar, os europeus invadiram Manhattan e atacaram como um enxame de gafanhotos, comprando tudo o que viam pela frente, o que foi ótimo para o comércio americano que amargava uma leve mas sentida recessão.

Para escapar dessa confusão nada como uma ida ao Meatpacking District para um "brunch" no sempre cheio e badalado Pastis seguido de uma volta pelo calmo e descolado comércio local.

A Jeffrey com suas multimarcas é ótima, e o enorme Chelsea Market, também decoradíssimo para o Natal, oferece um pouco de tudo, entre lojas de decoração, casas de chá, restaurantes de frutos do mar e roupas. Vale à pena passear por lá e descobrir as muitas novidades. A maior delas vai acontecer em 2008: mais uma loja da Apple, a terceira em Nova York, ocupando três andares de um enorme e antigo armazém abrirá suas portas dentro de alguns mêses.

******************************************************************** E os museus?

Não dá para não ir ao MoMA todas as vezes que eu visito Nova York, sempre com exposições ótimas. Agora vi a mostra "Novas Perspectivas da Arte Latina" com quadros de Joaquin Torres-Garcia ao lado de muitas obras dos nossos Cildo Meirelles, Vic Muniz, Lygia Pape e Lygia Clark, Waltercio Caldas e Helio Oiticia, entre outros. Numa sala especial alguns móbiles do Calder eram admirados por todos, principalmente uma escultura suspensa de arame torcido retratando Josephine Baker. Em outros salões uma fantástica exposição de desenhos de George Seurat e no hall principal as imensas escadas e outras esculturas de madeira do Martin Puryear, estranhas e intrigantes.

Fui rever também a recém-reformada Morgan Library, que teve suas mansões antigas e históricas unidas através de uma nova ala com paredes de vidro e madeira genialmente bolada pelo arquiteto Renzo Piano. Selos antigos, manuscritos de livros famosos, publicações raras e partituras assinadas por músicos como Schubert e Chopin impressionam pela perfeita conservação. Agora estão expostas as cartas de Van Gogh para seu amigo Émile Bernard, que retratam os usos e costumes de toda uma época.

E em dois museus duas árvores de Natal muito especiais:


No Metropolitan a tradicional árvore cheia de anjos e querubins napolitanos e o presépio do século 18 encantam pela beleza e simplicidade.





E no de História Natural a linda e colorida árvore toda enfeitada com 1.600 bichinhos de origami feitos por alunos de arte durante todo o ano é uma festa para os olhos!





******************************************************************** Um hotel muito legal mas muito caro:

Como essa viagem foi resolvida a toque de caixa, já que a intenção era ir para Bruges e Paris mas as greves nos fizeram mudar de idéia, só conseguimos reservas no antigo Hotel Empire, bem em frente ao Lincoln Center, que estava fechado há mais de 8 anos e que agora ressurgiu das cinzas reformadíssimo e super "hip"! Todo em cores terra, com almofadas de tigre e zebra, o hall depois das cinco da tarde vira um lounge cheio de velas acesas e música moderna e suave, atraindo uma turma engraçada e elegante. O ator Richard Dreiffus estava hospedado lá.

Os quartos, ótimos e muito bem decorados, são arrumados duas vezes por dia. As diárias ($$$$$!) incluem ainda café da manhã e o New York Times. Nos modernos banheiros, todos de madeira clara, uma novidade incrível: uma tampa de vaso sanitário que não cai e não bate ao ser abaixada, dá para acreditar?

A tampa que não bate! from Luiz Dale on Vimeo.




******************************************************************** E os drinques?
Como ninguém é de ferro, fui conferir e brindar à volta do painel já restaurado do King Cole Bar & Lounge, no hotel St. Regis, pintado há décadas por Maxfield Parrish e que estava encardido de fumaça de cigarros e charutos e todo respingado de bebidas. A pintura voltou novinha em folha e bem mais clara e colorida!
A título de informação, foi nesse bar sempre cheio e badalado que inventaram o drinque Bloody Mary, originalmente chamado de Red Snapper. Cheers!

Ainda sobre o St. Regis: o hotel está vendendo, como o Plaza, 20 estúdios e apartamentos de sala e um quarto e sala e dois quartos com preços a partir de 1.7 milhões de dólares... Se você estiver interessado em comprar algum, clique aqui!

E continue vendo mais fotos de Nova York na postagem abaixo. Merry Christmas!

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