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segunda-feira, 5 de novembro de 2007

ENTRE QUIMONOS E MASSAGENS EM TÓQUIO

Não há cidade no mundo mais impressionante do que Tóquio. Milhares de pessoas andando sem parar pelas ruas, a qualquer hora do dia e da noite, como formiguinhas num formigueiro. Mil letreiros em neon anunciando coisas fantásticas, prédios altíssimos de uma modernidade estonteante lado a lado com templos dourados, garotada punk cheia de piercings e tatuagens convivendo pacificamente com monjes com compridas barbas brancas e velhinhas de quimono e guarda-chuvas debaixo do braço. E uma bolsa Vuitton pendurada no ombro!

Na primeira vez que eu fui ao Japão, como guia de uma excursão da agência Stella Barros, tudo me fascinou nessa terra tão diferente e cheia de novidades eletrônicas. E essas novidades começavam no próprio hotel, que apesar de antigo por fora era todo automático por dentro. O telefone da mesinha de cabeceira controlava tudo no quarto, da TV às cortinas, do ar condicionado à intensidade das lâmpadas. O relógio do quarto e os controles de água quente e fria do banheiro eram todos digitais. E o pessoal da excursão – em sua maioria casais mais velhos – custou a aprender a lidar com essas geringonças. Tudo bem que hoje em dia isso é banal, mas o ano era 1973 e no Brasil os relógios ainda tinham ponteiros e faziam tic-tac...

Aterrissando depois de não sei quantas horas de um vôo da Japan Airlines vindo de San Francisco, e mais o fuso de 12 horas à frente, chegamos em Tóquio todos birutas e sonados. Entrei no banheiro para tomar um banho e comecei a ficar tonto. Voltei para o quarto para deitar na cama e melhorei. Fui para o banheiro e fiquei zonzo de novo! Que coisa estranha, pensei, deve ser o cansaço. Voltei ao quarto e fiquei bom novamente! Entrei mais uma vez no banheiro e quase caí no chão! O que estava acontecendo? Um santo samurai baixando em mim?

Só depois é que eu descobri o que provocava isso tudo: o banheiro era construído em uma peça única de um tipo de plásico beige que moldava o vaso, a banheira com o chuveiro, a pia, o armário com espelho, tudo numa forma só, sem cantos vivos, como uma cápsula, povocando uma impressão de falta de profundidade muito esquisita. Você não via a distância entre as peças e o seu cérebro dava um nó, provocando a tonteira. Falei com a turma por telefone e todos também estavam tontos! Desci até a recepção e um japinha muito simpático e sorridente me explicou que isso acontecia com todos os ocidentais que não estavam acostumados com esses banheiros pré-moldados, e o jeito era entrar devagar olhando para o teto, sentar no vaso e esperar até o seu olhar se acostumar com aquelas formas arredondadas. Estranhíssimo, mas deu certo. Aos poucos a cuca ia aceitando o que os olhos viam e passava a tonteira. Depois rimos muito, mas na hora a aflição foi horrível.

Visitamos toda a cidade em quatro dias, mas o que mais me chamou a atenção foi o Palácio Imperial, construído pelo primeiro Shogun em 1590, com seus telhados de ardósia, sua ponte de entrada em arcos e seus jardins cheios de lanternas transmitindo uma serenidade e imponência difícil de entender hoje em dia no meio de uma cidade tão moderna.

Adoramos o famoso bairro Ginza, onde antes era um pântano e que virou um grande centro de negócios e comércio, com os cruzamentos das ruas fervilhando de pessoas até de madrugada. Lá fica o Sony Building onde estão expostas as novidades para você mexer e experimentar. E tome de novidade todas as semanas!
Do outro lado está a imensa loja de departamentos Mitsukoshi que abre todos os dias com uma tradicional cerimônia assistida pelo público que adora ver os empregados de luvas brancas saudar a todos antes das portas se abrirem. Não deixe de visitar o andar só de quimonos e comprar um para você. Não há roupa mais confortável no mundo do que um quimono, acredite!

Mais à frente fica a Mikimoto, que vende as pérolas cultivadas na famosa ilha do mesmo nome e o Teatro Kabuki-za, um dos melhores exemplos de arquitetura oriental utilizando material e técnica de construção ocidentais. O teatro é imenso e vive lotado de gente de todas as nacionalidades, apesar das intermináveis e quase sempre estranhas (para nós) representações. Ninguém do grupo conseguia ficar sério ao ouvir os gritos agudíssimos dos atores com aquelas caras pintadas de mau. Tivemos que sair no meio para não dar vexame ou ser expulsos!

Outra loja enorme e muito boa é a Matsuya, que vende de tudo. No último andar fica a Restaurant City, um grande salão oferecendo mil opções de comidas do mundo todo, o que não deixa de ser bom quando os sushis e sashimis começam a enjoar e você passa a não aguentar mais nem o cheiro das algas e do shoyu ...

E olha que nós todos já gostávamos muito da comida. Mas cá entre nós, comida japonesa só quando dá vontade, e não três vêzes ao dia todos os dias! Nós ficamos duas semanas no Japão e era só chegar à uma nova cidade que a turma me perguntava logo de cara: “Luiz, onde fica o McDonalds mais próximo?”

Você sabe comer com os hashi japoneses? É bem fácil, veja só:


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Depois que todas as grifes mais famosas passaram a ser idolatradas pelo povo japonês, que com o poder dos iênes comprava sem parar nas suas viagens pelo mundo afora, o lógico aconteceu: hoje as maiores e mais sensacionais lojas estão lá, uma ao lado da outra nas ruas Namiki-Dori e Chuo-Dori. Olha só a da Prada aqui em cima! É engraçado ver a turma fazendo fila no caixa para pagar suas bolsas de 5 mil dólares no Vuitton, Fendi ou Hermès como se estivesse num supermercado da esquina fazendo as compras do mês...

Tudo no Japão é muito caro para o nosso bolso, e chama a atenção como as pessoas estão sempre bem vestidas com roupas e principalmente calçados da melhor qualidade. A não ser câmeras fotográficas, aparelhos de som e eletrônicos, nós não conseguíamos comprar nada! E isso se encontrássemos alguma coisa do nosso tamanho, pois pela estatura média dos japoneses a maior camiseta dêles nem entrava na gente! E custava a bagatela de 100 dólares!

Mas fizemos a festa com queimadores de incenso, objetos de bambu, cerâmicas de todos os formatos, cumbucas e potes de laca, lanternas de papel, ventarolas e leques de palha, pequenos espanadores de pena de rabo de galo, hashis de todos os tipos e cores, papéis artesanais com belas caligrafias, bules de chá de ferro, coisas lindas que decoram minha casa até hoje.

Nos quartos do hotel havia um estranho menu oferecendo diversos tipos de massagens que podiam ser feitas a qualquer hora do dia ou da noite. Mas massagens sérias, diga-se de passagem. A nossa guia local Hitomi falava que nós todos devíamos fazer pelo menos uma massagem tradicional japonesa para experimentar e relaxar, como era o hábito dêles. Cansado de andar o dia inteiro visitando templos e museus, no segundo dia peguei o livreto, escolhi uma do tipo shiatsu - pelo menos essa palavra eu consegui decifrar no meio de outros mil caracteres - liguei para a recepção e encomendei a tal massagem que custava 30 dólares, bem baratinha para o padrão nipônico de preços!

Em menos de cinco minutos ouço umas batidinhas na porta. Olhei pelo ôlho-mágico e não vi ninguém. Mais batidinhas e resolvi abrir a porta. Também não vi ninguém. Aí senti uma puxadinha no meu quimono, olhei para baixo e vi a menor velhinha japonesa do mundo de quimono azul e cabelos brancos em coque, mais baixa que a minha cintura! Com uma carinha franzida e falando muitos "dozo" e "hai", foi me empurrando e fazendo sinais para eu deitar na cama de bruços. Obedeci imediatamente e de repente a velhinha deu um pulo que nem lutador japonês de filme de karatê e aterrissou em pé em cima da cama.

Começou então a andar sobre as minhas costas massageando a coluna com aquêles pézinhos mínimos, andando para frente, para trás, para cima e para baixo bem rapidinho! E andava também na minha cintura, nos ombros, nas coxas, nas pernas, até na bunda, sempre apertando os músculos e nervos com os dedinhos dos pés, com uma força impressionante, sensacional!

Uma hora depois quando terminou a sessão, ela deu outro pulo igual a um Power Ranger para o chão e foi saindo de costas fazendo mil reverências e falando vários "domo arigato" e "sayonara". Eu, completamete largado e arrasado na cama, falava em inglês que queria pagar a massagem e ela resmungava em japonês enquanto saía com seu passinho rápido. Só depois é que eu soube que o pagamento viria na conta do quarto, igual a uma despesa qualquer de room-service, e com a gorgeta já incluída. Foi a melhor massagem da minha vida – a melhor não, a primeira de uma grande série, porque a partir desse dia nós todos fazíamos massagens todo dia! E cada dia escolhíamos uma diferente, como a guia havia recomendado.

Quando você viajar para Tóquio, não deixe de visitar o Tokyo National Museum que abriga a maior coleção de arte e objetos japoneses de todas as épocas. É de cair o queixo!

Conheça e passe algumas horas no templo Senso-ji, também conhecido por Asakusa Kannon, o mais espetacular templo que você vai ver na sua vida, construído no ano 645!

E passeie no Parque Ueno, uma das maiores áreas verdes da cidade, cheio de lagos, templos, santuários e museus.

E se a sua viagem coincidir com a primavera e as cerejeiras estiverem em flor, você também nunca mais vai se esquecer do Japão, como eu...

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Um problema sério em Tóquio é o preço dos hotéis!
Nessa primeira vez eu fiquei hospedado no antigo e maravilhoso Imperial Hotel, que hoje em dia tem diárias a partir de 900 dólares! O hotel, entre muitas outras coisas, tem 16 restaurantes!

Já na segunda vez o nível de preço e elegância baixou consideravelmente, pois fiquei no Mitsui Urban Hotel Ginza, um bom hotel para executivos, simples, prático e confortável, que oferece hoje razoáveis diárias de 250 dólares.

Mas espero que na próxima eu possa me hospedar no Park Hyatt, o espetacular hotel do Bill Murray e Scarlett Johansson no filme da Sofia Coppola "Lost in Translation", moderníssimo e muito chique, cujas diárias começam em 550 dólares.

domingo, 13 de maio de 2007

I LEFT MY HEART IN SAN FRANCISCO

Como Tony Bennett afirma na famosa canção, não há como visitar San Francisco sem se apaixonar por esta cidade tão especial com as ruas pontilhadas de casas vitorianas, os bondinhos barulhentos subindo e descendo as várias colinas, os ótimos restaurantes de frutos do mar, o variado comércio, a baía linda cheia de ilhas e barcos e a ponte Golden Gate dando boas vindas a todos.
Originalmente habitada por índios e “descoberta” pelo almirante inglês Sir Francis Drake, a cidade cresceu sob cinco domínios de 1579 a 1850 e absorveu todas suas influências: Inglaterra, Espanha, México, República da Califórnia e finalmente Estados Unidos. Um dia descobriram ouro e correu a notícia de que lá era um lugar para se ficar rico rápido, o que atraiu imigrantes e aventureiros. Em 1906 um fortíssimo terremoto seguido de incêndio arrasou a cidade, obrigando os sobreviventes a reconstruí-la da forma maravilhosa que permanece até hoje.

Não há nada mais característico de San Francisco que o som dos “cable-cars” subindo e descendo as ladeiras, com os sinos tocando em todos os cruzamentos. Funcionando desde 1873, os bondinhos funcionam com um sistema subterrâneo de cabos de aço que os puxa ladeira acima e os freia ladeira abaixo, controlados pelos experientes condutores. Hoje três linhas com 44 bondinhos cortam a cidade e transportam mais de 13 milhões de passageiros por ano, sendo um meio de transporte usado igualmente por moradores e turistas. E se você só fizer uma única viagem neles, que seja na Linha Powell-Hyde, com as melhores vistas panorâmicas e as curvas mais fechadas. Pegando o bondinho no ponto final do Fisherman’s Wharf em meia hora você chega à Union Square, bem no centro da cidade. É lá que o grande comércio fervilha...
Em volta desta praça ficam a Macy’s, Tiffany, Ferragamo, Brooks Brothers, Neiman Marcus e Saks Fifth Avenue. Outras tantas lojas estão na Post Street, o equivalente à Quinta Avenida de New York (entre a Stockton e Montgomery) com as grifes mais famosas: Polo, Cartier, Bulgari, Versace, Armani, Dunhill, Escada e muito mais.

No Wharf dois simpáticos shopping-centers e um ancoradouro fazem a festa dos consumistas: The Cannery e Ghirardelly Square, duas antigas fábricas reformadas que hoje abrigam butiques e restaurantes, e o sempre cheio Píer 39 com seu enorme deque de madeira avançando pelo mar, com mais lojas e excelentes restaurantes de frutos do mar. De suas muradas vê-se dezenas de focas e leões-marinhos tomando sol nas bóias e fazendo a maior algazarra, para a alegria da criançada. Dos dois lados fica a marina, com embarcações de todos os tipos.

Desse píer partem os barcos que cruzam o grande mar, passando pela Ilha de Alcatraz e sua misteriosa prisão desativada (há visitas guiadas diàriamente), por baixo da ponte Golden Gate e chegando a Tiburon e Sausalito, dois charmosos vilarejos de onde se tem a melhor vista de San Francisco, do outro lado da baía. A empresa chama-se Blue & Gold Fleet e são muitos os horários das partidas.

Vale a pena fazer um passeio de barco, saltar em Sausalito e andar pelas ruelas cheias de ateliês de artistas e pequenos e irresistíveis cafés com mesinhas nas calçadas à beira do mar. O pôr do sol com a silhueta da Golden Gate é um impressionante cartão postal.

Um ponto muito visitado é o Embarcadero Center, mais acima do Píer 39, um grande e moderno complexo de prédios de escritórios e um grande shopping, em meio a jardins com esculturas e fontes. Mais acima, na esquina da Market e 4th streets fica a grande novidade da cidade: The Metreon, o moderníssimo prédio da SONY, com vários andares onde estão expostos os novos lançamentos de eletrônicos (e você pode mexer e brincar com todos eles), um multiplex com 15 cinemas (inclusive um IMAX – aquela projeção digital na telona quadrada), uma “gaming arcade” com centenas dos mais recentes vídeo-games, e ainda restaurantes para todos os gostos e bolsos.

Mas o que o Metreon tem de mais sensacional é a vista de suas enormes janelas de vidro para o Yerba Buena Gardens – uma grande área verde em pleno centro da cidade – e para o Museu de Arte Moderna, outra visita obrigatória.

Outro museu importante é o Ansel Adams Center (655 Mission street) especializado em fotografia. O Museu de Arte Asiática, no Golden Gate Park, tem obras de arte de mais de 40 países. E para quem gosta de coisas diferentes e engraçadas, o museu Ripley’s Believe it or Not é um prato cheio!
O Golden Gate Park, aliás, merece uma visita de dia inteiro, tantas são as suas atrações: o Jardim Japonês e sua casa de chá, o Museu Young, a Academia de Ciências, o Conservatório de Flores, o Jardim Botânico, um autêntico moinho de vento holandês em tamanho natural e várias quadras esportivas e parquinhos para crianças.

San Francisco abriga ainda a maior comunidade chinesa dos Estados Unidos, e sua Chinatown é uma atração à parte. A entrada oficial fica na Grant avenue com Bush street, onde um grande portal vermelho dá as boas-vindas. Milhares de lojinhas de ervas, incensos, objetos curiosos e muitos açougues com patos e outros estranhos animais comestíveis pendurados em suas vitrines atraem a curiosidade de todos.
Seus restaurantes são famosos, e um dos mais tradicionais e sempre cheio chama-se Empress of China (838 Grant Avenue – 434-1345). Sua decoração é impressionante e a comida mais ainda. Reserve uma mesa no último andar para apreciar a vista panorâmica enquanto você come um pato laqueado ou uma lagosta à moda de Cantão.

Outra comunidade oriental bem presente em San Francisco é a japonesa, e a Japantown ocupa três quarteirões entre as ruas Geary, Post, Laguna e Fillmore. Lá fica o Japan Center com sua enorme torre em forma de pirâmide abrigando galerias de arte, restaurantes (japoneses, claro), livrarias, bares de karaokê, um grande spa tradicional (Kabuki Springs & Spa) e dezenas de lojas de todos os tipos vendendo de tudo. O ponto central é a enorme Praça da Paz onde foi erguido um pagode de cinco telhados, presente do governo do Japão.

Mas a que mais chama a atenção é a comunidade gay, localizada no Castro District, que é o centro de sua vida social, com centenas de cafés e restaurantes descoladíssimos, lojas de roupas super-grifadas e sex-shops da pesada, alojados nas bem reformadas e transadas casinhas vitorianas. No centro do bairro fica o Teatro Castro, de arquitetura espanhola, onde são realizados festivais, shows musicais e apresentações das mais diversas. Se você se interessar, há um engraçadíssimo passeio a pé pelo bairro acompanhado por um guia que mostra marcos da história gay de San Francisco (reservas pelo telefone 550-8110)

Uma visita a San Francisco não estará completa se você não for até Twin Peaks ver a vista deslumbrante da cidade ou não descer a pé a Lombard Street, a rua mais torta do mundo. Tendo mais tempo, uma boa sugestão é conhecer Muir Woods com as famosas sequóias gigantes ou fazer uma degustação nos vinhedos dos vales Napa e Sonoma, cada vez mais conhecidos por conta do filme Sideways.


Uma sugestão de hotel charmoso e bem localizado: The Tuscan Inn (425 Northpoint Street), em pleno Fisherman’s Wharf. Veja na foto acima o seu aconchegante hall de entrada com lareira e tudo.
Uma sugestão de restaurante: Café Pescatore, no térreo do próprio hotel, um dos melhores para peixes e frutos do mar, além de massas e pizzas no forno de lenha.
E depois me diz se você também não se apaixonou por San Francisco...