quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

CARTAS DOS LEITORES: A PISCINA DO DIABO!

Mais uma carta da fiel leitora Anna Beatriz cheia de fotos da Piscina do Diabo, que se forma durante a estiagem que ocorre de setembro a dezembro nas Cataratas Vitória, uma queda d'água de 128 metros de altura do rio Zambezi que atravessa o Zimbábue, na África Austral.


Apesar da proximidade da beirada do precipício, o banho não é perigoso porque nessa época a correnteza é bem mais fraca. E cada vez mais turistas visitam o lugar em busca de fortes emoções e fotos espetaculares.


As Cataratas Vitória, localizadas no Parque Nacional de Mosi-oa-Tunya (que quer dizer "fumaça que troveja") foram descobertas pelo explorador escocês David Livingstone em 1855 e inscritas pela Unesco em 1989 na listagem de Patrimônio Cultural da Humanidade.

A sensação de perigo é tão forte que os amantes dos esportes radicais adoram tomar banho nas piscinas e ficar bem na beirinha curtindo a altitude e a adrenalina!

Leia mais sobre o Zimbábue clicando aqui.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

AMÉRICA DO NORTE DE PONTA À PONTA!

No início dos anos 70 eu fui levado por uma amiga para conhecer a famosa D. Stella Barros, dona de uma das maiores agências de turismo da época e que estava sempre precisando de guias para acompanhar suas muitas excursões. Conversamos um pouco e logo vi que ficaríamos amigos, apesar da grande diferença de idade. E ficamos, pois ela era animadíssima e adorava viajar também. E o resultado foi que durante alguns anos levei vários grupos da agência dela e por várias vêzes nos encontramos pelo mundo afora, eu como guia e ela aproveitando as suas férias!

Como eu era fotógrafo e modelo free-lancer, podendo adiar alguns compromissos, dois dias depois do nosso papo eu já estava embarcando num avião da Pan Am com 45 brasileiros numa excursão que depois eu acompanhei mais três vezes nos anos seguintes. Chamava-se “América do Norte de Ponta a Ponta” e visitava as principais cidades do México, Estados Unidos e Canadá em exatos 45 dias! Era um senta-e-levanta danado, voávamos pelo menos umas 10 vezes, viajávamos também de ônibus, mas as novidades eram muitas e a turma adorava. E você conhecia o melhor de cada lugar.

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A maratona começava na Cidade do México – visitávamos em 3 dias o Museu de Antropologia, os jardins flutuantes de Xochimilco, as Pirâmides do Sol e da Lua e passeávamos muito pela Zona Rosa. De lá íamos de ônibus almoçar em Cuernavaca e chegávamos ao final da tarde para dormir em Taxco, a cidade das minas de prata. Lá a programação incluía a Igreja de Santa Prisca, maravilhosa, e à noite o show dos índios voadores, uns nativos malucos que amarravam cordas nos pés e saltavam de um poste com mais de 15 metros de altura, tipo um “bungee-jump” de pobre, e alguns batiam com a cabeça no chão de pedra! E não sei também como não quebravam os tornozelos, pois as cordas não eram elásticas e o tranco era bem forte...

O hotel era a Posada de la Misión, uma “hacienda” antiga com quartos aconchegantes com vigas de madeiras nos tetos e lareiras sempre acesas. Como a cidade é tombada pelo Patrimônio Histórico e carros não entram, nossas malas eram transportadas nos lombos de burricos que adoravam beber cerveja! Você dava umas moedas para os garotos e eles metiam uma garrafinha de Sol entre os dentes dos bichos que bebiam até a última gota, relinchando de felicidade. Nos jardins os enormes iguanas com as bocas costuradas – para não morder – eram as atrações das nossas fotos!

No dia seguinte estávamos em Acapulco, o famoso balneário freqüentado pelos astros de Hollywood. Nós alugavamos jipes conversíveis e era o dia inteiro pra lá e pra cá, conhecendo todas as praias e fazendo muito “parasail”. O hotel era o espetacular Acapulco Princess. Três dias depois de muita praia e muitas margaritas voávamos para Los Angeles. Na hora de ir para o aeroporto eu tinha que pegar uns desgarrados que ainda estavam enchendo a cara na praia e que embarcavam de calção, camiseta e sandália, bem doidões e sujos de areia!

Passeios por Hollywood, Beverly Hills, Marineland of the Pacific (o Seaworld da época) e uma ida à Disneylândia em Anaheim e ao Hollywood Wax Museum nos mantiam bem ocupados nos 4 dias passados em L.A.

Aí chegava a vez de Las Vegas, com o tal avião da “Champagne Airlines” que sacolejava o tempo todo. O hotel era o Flamingo – o mais conhecido da cidade, antes dos hotéis temáticos de agora – e os shows eram com Harry Belafonte, The Carpenters, Tony Bennet, Jack Jones e, acredite se quiser: Liberace!

Mais um vôo rápido e estávamos em San Francisco! Muitos passeios de “cable-cars”, idas a Chinatown, Fisherman’s Wharf, Sausalito, Carmel e Monterey, além de comer muitos “king crabs” e peixes maravilhosos. O hotel era o Hilton, como em todas as outras cidades dos USA da excursão. Nessa época tinha acabado de inaugurar uma lojinha simpática e barata onde compramos muitas camisetas, bermudas e jeans. Chamava-se GAP! Já ouviu falar?

Um longo vôo no primeiro Jumbo 747 da Pan American que eu viajei na vida e chegamos a Chicago, ficando no Conrad Hilton de frente para o lago Michigan que mais parece um mar de tão grande. O grupo ficou muito impressionado porque a maioria dos empregados do hotel e da população era negra. Apesar de educados e simpáticos, chamavam muita atenção pelas roupas extravagantes, pois era o final dos anos do “flower-power”, hippies, cores e drogas psicodélicas, cabelos “black power” e música do Marvin Gaye tocando o dia todo. Passeamos muito, visitamos o sensacional Museu da Ciência e Indústria, mas a turma ficou aliviada quando embarcamos para Buffalo, na fronteira com o Canadá.

Niagara Falls é “o” ponto turístico por excelência, pois tudo foi construído em função e em volta da linda cachoeira para que os visitantes possam vê-la de todos os ângulos possíveis. Você pode passar de barco quase debaixo dela em meio à maior neblina de água, pode descer por elevadores cavados na rocha até a sua base e quase ficar surdo com o barulho ensurdecedor - e mesmo usando fedorentas capas de plástico amarelo e enormes botas de borracha o banho é total! Você sai um pinto! Pode ainda vê-la de vários pontos das suas margens, passar na frente dela de bondinho aéreo ou subir numa das muitas torres com deques giratórios de dia ou de noite. E é só o que a cidade tem, além de passeios pelos parques floridos, diversos restaurantes, e um monte de suvenires para comprar. Mas era uma parada perfeita para descansar bem no meio do extenso itinerário.

De lá nós pegávamos um moderno ônibus canadense e visitávamos Niagara on the Lake, uma graça de cidade antiga, e seguíamos para três dias em Toronto, outros três em Ottawa, dois em Quebec e mais três em Montreal! Todos do grupo sempre ficavam impressionados com as paisagens e a limpeza das cidades, os prédios históricos, museus e parques, além dos excelentes hotéis e o comércio bem barato por conta da desvalorização do dólar canadense. E de ônibus nós voltávamos a entrar nos Estados Unidos passando por Saratoga – uma pequena cidade famosa pelos haras e corridas de cavalos, e chegávamos em grande estilo ao Hilton de Nova York!

Aí era uma festa: museus, Broadway, muitas compras, passeios que sempre incluíam uma subida ao terraço do extinto World Trade Center e até um cruzeiro à volta da ilha de Manhattan que ia até a Estátua da Liberdade. Nessa época existiam na Rua 46 várias lojas chamadas “de brasileiros” que eram verdadeiras espeluncas atravancadas de prateleiras e caixas até o teto que vendiam exatamente tudo que a brasileirada queria: toalhas de mesa de plástico, batons, maquiagem e cremes da Revlon, baralhos de plástico KEM, calças Lee e Levi’s, sapatos Top Sider, talheres com cabo de bambu dourados, rádios portáteis, câmeras e muito mais.

O que a turma adorava era que os vendedores falavam português, sabiam os tamanhos das roupas e, o mais importante, não cobravam a famosa “plus tax”, desde que as compras fossem pagas em dinheiro vivo!
Mas cá entre nós, para mim o mais importante é que essas lojas davam 10% de comissão para os guias que levassem lá seus passageiros – perfeito para quem já estava no 30º dia de viagem e sem cartão de crédito, já que os primeiros cartões brasileiros com validade internacional só apareceram em 1992...

Pensa que a viagem acabou? Nada disso! Depois de mais um vôo estávamos em Washington D.C. visitando os monumentos e museus maravilhosos. De lá pegávamos o penúltimo vôo da excursão para a Terra do Mickey e chegávamos ao Walt Disney World, que tinha acabado de inaugurar em Orlando e era a grande novidade do momento! E como acontece até hoje os adultos viravam crianças no Magic Kingdom, que era o único parque aberto. O Epcot Center ainda estava só no papel. O hotel era o Hilton de Lake Buena Vista, excelente até hoje.

De ônibus chegávamos a Cypress Gardens e víamos um dos shows espetaculares de esqui aquático. Mais um pouco de estrada e Miami nos esperava para o término da viagem. O hotel era o imenso Fontainebleau, que os americanos chamam de "fountainblue", ótimo, mas meio fora de mão para a turma que só queria passear pela Flagler Street, cheia de lojas. Víamos os papagaios do Parrot Jungle, o palácio Vizcaya, e mais golfinhos e focas no pequeno e antiquado Seaquarium. E o pessoal corria para as últimas comprinhas que sempre incluíam mais uma mala – e como lá também havia as tais lojas de brasileiros, no último dia eu recebia os 10% que muitas vezes, dependendo do tamanho do grupo e da sanha consumista da turma, chegava a mais de mil dólares!

E eu pegava a minha grana e ia para o Bal Harbour, o shopping mais bonito da Flórida, para comprar roupas numa outra loja transadérrima e baratíssima que também acabara de abrir: a Banana Republic. Bons tempos aqueles...

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

AND THE WINNER IS...

Agora que acabou a greve dos redatores americanos, toda Hollywood está aliviada em função dos festejos da 80ª entrega do Oscar, no próximo domingo, dia 24 de fevereiro. Enquanto no Kodak Theatre a turma dá os últimos retoques nos cenários, espanando e retocando as enormes estatuetas, todos os indicados aos prêmios já devem estar malucos experimentando as muitas roupas que os costureiros famosos emprestam, marcando cabeleireiro, maquiagem e horário de limousines e também se programando para as várias recepções e jantares que acontecem em Los Angeles depois do grande show.

A revista americana Vanity Fair, que faz uma das festas mais concorridas da cidade no restaurante Craft, da Century City, anexou na sua edição de março toda sobre Hollywood um prático guia para essa badalação toda, dando excelentes informações para quem estiver por lá esta semana e quiser caprichar e não fazer feio na frente aos batalhões de fotógrafos.

E eu aproveito e repasso essas dicas para vocês, pois são válidas para qualquer época do ano que você visitar a terra do cinema.

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Para você se embelezar em Beverly Hills:

Dr. Raj Kanodia – 414 North Camden Dr. – 310 276-3106
Apesar de ser famoso pelas cirurgias plásticas nos narizes das estrelas, ele é um craque com Retinol, Botox e laser. Sua pele vai agradecer!

Dr. Harold Lancer – 9735 Wilshire Blvd – 310 278-8444
Injeções que são a salvação para sulcos e vincos do rosto com efeito imediato!

Sonya Dakar Skin Clinic – 9975 South Santa Monica Blvd. – 310 553-7344
O tratamento mais procurado é uma máscara de veneno de cobra chamada “UltraLuxe 9” que transforma qualquer pele ruim em pêcego. Drew Barrymore que o diga...

Nance Mitchel Salon – 330 North La Peer Dr. – 310 276-2722
A melhor depilação da cidade – faz inclusive a nossa “brazillian wax”.

Portofino Sun Center – 9431 Santa Monica Blvd. – 310 276-8855
Bronzeamento artificial com sprays perfumados de lavanda e limão!

Frédéric Fekkai – 8457 Melrose Pl. – 323 655-7800
O cabeleireiro mais famoso dos Estados Unidos cobra de 300 a mil dólares o corte! Mas você sai com o cabelo igual à Sharon Stone...

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Para emergências de última hora:

Arturo’s Shoe Fix – 9643 Santa Monica Blvd. – 310 278-9585
Conserta, remenda, alarga, pinta e troca o salto de qualquer sapato na hora.

Rancho Tailors – 2456 Overland Ave. – 310 839-5971
Aberto 24 horas para fazer bainha, apertar, alargar, colocar zíper ou botões na sua roupa ou até fazer um terno em dois dias. O Prince faz roupa lá.

Dr. Yi Pan – 12381 Wilshire Blvd. – 310 826-1314
Acupunturista especializado em aliviar stress, dores e torções além de conseguir diminuir a vontade louca de comer tudo o que engorda. Perca dois quilos em dois dias!

Decades – 8212 Melrose Ave. – 323 655-0223
Esqueceu a abotoadura, as bijuterias, a bolsa de festa? Lá tem de tudo de segunda mão bem barato.

The Private Chauffeur – 310 575-4557
Se você fica, como eu, perdido dirigindo em LA com tantas avenidas e freeways, contrate por US 30 por hora um motorista particular que conhece a cidade como a palma da mão, e você nunca mais vai perder um compromisso nem se estressar!

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Os restaurantes badalados do momento, para almoçar:

La Scala – 434 North Canon Dr. – 310 275-0579
As melhores saladas da cidade. Os artistas estão sempre lá.

The Terrace – 8358 Sunset Blvd. – 323 654-7100
Além da comida divina, a melhor vista da cidade do topo do Sunset Tower Hotel!

Polo Lounge – 9641 Sunset Blvd. – 310 887-2777
Famoso há anos, no Hotel Beverly Hills, tem os melhores hambúrgueres do mundo. É o bar do filme "American Gigolo" onde o Richard Gere faz ponto.

Os melhores para jantar:

Il Sole – 8741 Sunset Blvd. – 310 657-1182
Francês, chique, caro, mas maravilhoso!

Madeo – 8897 Beverly Blvd. – 310 859-0242
Badaladérrimo: luz perfeita, comida perfeita, gente linda e sexy.

Mr. Chow – 344 North Camden Dr. – 310 278-9911
Também famoso há décadas, comida chinesa & fusion, sempre lotado!

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Os melhores bares para esticar depois do jantar:

Chateau Marmont – 8221 Sunset Blvd. – 323 656-1010

Green Door – 1429 Ivar Ave. – 323 463-0008

Bar 1912 – 9641 Sunset Blvd. – 310 273-1912

S Bar – 6304 Hollywood Blvd. – 323 957-2279

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Os melhores hotéis para se hospedar:

The Beverly Hills – 9641 Sunset Blvd. – 310 276-2251


Chateau Marmont – 8221 Sunset Blvd. – 310 656-1010


Sunset Tower Hotel – 8358 Sunset Blvd. – 323 654-7100


Thompson Beverly Hills – 9360 Wilshire Blvd. – 310 273-1400

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As melhores lojas para se vestir:

Prada - 343 North Rodeo Dr. – 310 278-8661

Giorgio Armani – 436 North Rodeo Dr. – 310 271-5555

Chanel – 400 North Rodeo Dr. – 310 278-5500

Carolina Herrera – 8441 Melrose Pl. – 323 782-9090

Dolce & Gabbana – 312 North Rodeo Dr. – 310 888-8701

Valentino – 360 North Rodeo Dr. – 310 247-0103

Ralph Lauren – 444 North Rodeo Dr. – 310 281-1500

Agora que você já está hospedado, dirigido, pronto, vestido, almoçado, jantado, bebido, penteado, bronzeado, depilado e embelezado – igual a um Brad Pitt ou a uma Angelina Jolie - sente-se em frente ao sofá no dia 24, ligue a televisão e veja o show como se estivesse lá no Kodak Theatre! Quem sabe no ano que vem você não estará lá no "red carpet" acenando para os fotógrafos?

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ENTRE TEMPLOS E VEADOS EM NARA

De todas as cidades cidades que eu visitei no Japão, Nara foi a que achei mais simpática e tranqüila, com lindos parques, templos maravilhosos e um povo alegre e calmo, ao contrário dos habitantes de Tóquio e Quioto, muito mais apressados e estressados...

Em plena planície de Yamato, na região de Honshu, ela foi fundada em 710 e durante 74 anos foi a primeira e mais bonita capital do Japão, onde o Budismo floresceu e acabou deixando de herança muitos templos espalhados por seus parques e colinas.

A primeira coisa a visitar é o Parque Nara, uma imensa área verde com muitos templos e milhares de veados soltos por seus gramados e florestas: eles são considerados “mensageiros dos deuses” e fazem o que querem lá dentro! Logo na entrada você já compra uns saquinhos dos biscoitos que eles adoram e nem precisa oferecer: os veadinhos e até uns veadões sem-vergonha começam a cercar você e a dar leves marradas para ganhar os biscoitos.

De brincadeira escondíamos os saquinhos dentro dos bolsos das jaquetas e calças e os folgados enfiavam os focinhos molhados e levavam o saco todo! E por onde você fosse a manada ia atrás, querendo cada vez mais comida. A sorte é que há barraquinhas de vender biscoito espalhadas por todo o parque, e haja dinheiro.
Mas a farra é grande e vale a pena.

Até que nós provamos e adoramos o tal biscoitinho, que parece desses fininhos de arroz com gergelim, e passamos nós a comê-los! Quando os bichos perceberam que nós estávamos comendo os biscoitos, ficaram furiosos e as chifradas começaram a ficar mais fortes, nos obrigando a entrar num dos templos para escapar da sua fúria assassina!

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Lá no parque fica o Nara National Museum, cheio de esculturas, pinturas e objetos budistas e rolos e rolos de caligrafias do tempo da fundação da cidade. Ao seu lado, no meio de um denso bosque, fica o Grande Templo Kasuga, que é o templo xintoísta mais fotografado do mundo. Construído em 710, de acordo com a crença xintoísta de renovação para a pureza, ele é demolido e reconstruído a cada 20 anos! Pelas contas deles isso já aconteceu mais de 50 vezes, mas o templo atual data de 1863.

À sua volta mais de 3 mil lanternas de pedra e ferro doadas pelos fiéis enfeitam os caminhos e ruelas. Em fevereiro e em agosto elas ficam acesas o tempo todo durante os festivais religiosos.

O templo budista mais famoso do parque é o Todai-ji, com um imenso telhado arrematado por dois chifres dourados. São vários prédios grandiosos unidos por passagens cobertas, cada um mais bonito que o outro.

Mas você fica de boca aberta quando entra no Daibutsuden, o salão onde fica o Grande Buda de 16 metros de altura que pesa mais de 700 toneladas! Terremotos e incêndios arrancaram a sua cabeça em várias ocasiões, mas que está lá foi colocada em 1692.

Ao visitar o templo, tente passar por um orifício razoavelmente pequeno, do tamanho de uma das narinas do Buda, furado numa das colunas de madeira atrás da estátua: quem consegue passar, diz a lenda, tem seu lugar garantido no Nirvana... Eu, que era magrinho, passei...

Fora do parque há mais um templo que não pode deixar de ser visitado: é o Toshodai-ji, um santuário fundado em 759 pelo sábio Ganjin cujos prédios originais que ainda estão de pé são considerados Tesouro Nacional. Veja também a espetacular estátua de quase seis metros de altura de Senju Kannon, a divindade misericordiosa dos mil braços que protege e vela por todos.

Munido de um mapa turístico da cidade você pode se aventurar pelo bairro Naramachi, o mais antigo de todos com grandes galpões de mercadores construídos no século 18 que foram transformados em lojas de artesanato e galerias de arte. Lá a maioria das casas têm fachadas bem estreitas mas são grandes para trás: isso porque o imposto a ser pago era baseado só na medida da frente e não na metragem quadrada total do imóvel! Aproveite para comprar objetos lindos de palha, madeira e bambu, das poucas coisas baratas no Japão.

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O melhor hotel da cidade é o Nara Hotel, construído em 1909 em estilo ocidental mas com muitos detalhes orientais. Fica numa colina cercado de pequenos lagos e tem quartos enormes, dois restaurantes e um excelente bar. Diárias baratas para o padrão japonês a partir de US 260.00. Tem ainda um ótimo spa.

Mas se você quiser experimentar a hospedagem típica japonesa, que eu recomendo sem restrições, tem que dormir pelo menos por uma noite num "Ryokan", que são hospedarias simples mas muito confortáveis oferecendo hospedagem, refeições, banhos e massagens por pouco mais que USD 35.00 por pessoa. Você não vai se arrepender. Eu fiquei em Nara no Kikusuiro, perfeito em todos os sentidos.

O DESCANSO DO SAMURAI

Depois de andar quilômetros vendo templos, veados, estátuas de Buda e outras divindades, nada melhor do que relaxar e ser paparicado como um verdadeiro samurai que chega de volta vencedor. Ao chegar ao "Ryokan", depois de deixar os sapatos do lado de fora, você recebe uma bandeja com pantufas, uma toalha, um “yukata” (quimono de algodão) e um “obi” (faixa) para amarrar. Mas atenção ao fechar o quimono: passar sempre a parte esquerda por cima da direita – o jeito contrário só é usado para vestir os mortos!

O “tokonoma” (quarto), sempre com nome de plantas ou flores na porta em vez de números – o meu era “cipreste” – tem piso de tatame, que são aquelas esteiras duras de palha usadas nas quadras de judô, um armário e painéis de papel de arroz fechando a janela. De um lado há uma mesa baixinha com chá verde fumegando e do outro dois futons (almofadões) no chão. O banheiro tem chuveiro, banheira e um vaso sanitário daqueles moderníssimos, com assento que esquenta e chuveirinho de bidê.

Já de quimono você vai para o “o-furo”, o banho comunitário. Mas pode tirar o cavalinho da chuva, pois é homem para um lado e mulher para o outro. E cuidado para não entrar no banho errado! Como não dá mesmo para entender os caracteres japoneses, peça para alguém mostrar o de homens e evitar a maior gritaria.

Antes de entrar na grande banheira-piscina você fica pelado e, sentado num banquinho, é esfregado de cima abaixo com uma esponja por um japinha enrugado com cara de mais de cem anos que joga baldes de água quente e usa um sabonete perfumado de eucalipto.

Limpinho e vermelho de tanta esfregação você entra na banheira bem devagar, pois a água é quentíssima e queima mesmo, não sem antes saudar a turma de japoneses que já está na água falando e rindo muito. O riso só acaba se você tiver o corpo peludo e for um pouco mais dotado... Aí o silêncio é mortal...

Depois de alguns momentos o calor e a névoa envolvem corpo e mente provocando um relaxamento total!Nada pode ser mais zen! Não dá nem vontade de sair mais dali. Mas um rápido mergulho, desta vez em outra piscininha de água muito fria ao ar livre faz você voltar imediatamente ao mundo dos vivos!

Para prolongar ainda mais o seu bem-estar há massagistas de plantão 24 horas à disposição para fazer o melhor shiatsu do mundo! É claro que isso é cobrado à parte, mas não é caro e você não vai se arrepender.

Se você não quiser ir ao restaurante, o jantar pode ser servido no quarto, enquanto o futon é forrado com lençóis e um “mofu” (cobertor) se estiver frio. Para completar, uma garrafinha de saquê ajuda a encerrar a noite em paz e com bons sonhos...

E no dia seguinte você acorda lépido e novo em folha, pronto para mais andanças e descobertas...


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Um ótimo restaurante:

HARISHIN (15 Nakashinya-cho)- Próximo ao templo Gangozi, funcionando numa imensa casa de madeira de mais de 200 anos, com muitas mesinhas no tatame e uma linda vista para os jardins. Por pouco mais de US 45,00 você se delicia com um farto "bento", que é aquela caixa laqueada com várias divisões contendo um pouco de tudo: tofu com gergelin, sopa, arroz, vegetais no vapor, e tempura de camarão, frango e vieiras. E ainda toma um saquê.

E na saída pegue um coração da sorte para saber o que vai acontecer na sua vida!

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