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quinta-feira, 10 de abril de 2008

O ESPLENDOR DE PEQUIM

A China é um país de contrastes impressionantes e Pequim, que é o berço de uma das mais antigas civilizações do mundo, é hoje a vitrine dos tempos modernos, principalmente com a realização dos Jogos Olímpicos neste ano.

Se por um lado é uma cidade mais conhecida pelos muitos monumentos e prédios históricos – quase todos fazem parte do Patrimônio Mundial da Unesco - por outro pouca gente consegue perceber que o universo cultural e o pensamento filosófico chineses são de uma riqueza e de uma originalidade impressionantes.

O taoísmo, o confucionismo e o budismo tibetano se misturaram de tal forma na religião popular que criaram uma cultura original à prova de qualquer influência ocidental. Você vai adorar, como eu, essa cidade fascinante imprensada entre as tradições seculares e o modernismo do século 21. Fique lá pelo menos 5 dias inteiros, tantos são os lugares para você conhecer e se encantar.

O coração político de Pequim é a Praça Tian Na Men, uma imensa esplanada onde estão presentes os grandes símbolos da República Popular da China: o mausoléu do presidente Mao, o palácio da Assembléia do Povo e o monumento aos Heróis da Revolução.

É importante você visitar o fantástico Templo do Céu onde, todos os anos, o imperador orava em cerimônias religiosas para que chovesse bastante e as colheitas fossem abundantes. Toda a população participava com oferendas e cantos. Este é o maior conjunto arquitetônico do mundo dedicado à religião, com vários prédios interligados construídos a partir de 1420. No parque em volta do templo há uma floresta com mais de 60 mil pinheiros, dos quais 4 mil com mais de um século de existência.

Você tem que conhecer também a Cidade Proibida, hoje em dia chamada de Gugong, ou “velho palácio”, ocupando 72 hectares no centro da cidade. Dentro desta antiga residência dos Ming (1368-1644) e dos Qing (1644-1911), inteiramente construída de acordo com as regras do Feng Shui, palácios e salões de exposição formam um dos mais bonitos e harmoniosos conjuntos arquitetônicos de Pequim.

Para conhecer um dos maiores centros do budismo tibetano e também um dos mais bonitos santuários da cidade, vá ao Templo dos Lamas, que era a antiga residência do imperador Yongzheng (1723-1735).

Fundado sob a dinastia dos Tang (618-907), o Templo da Nuvem Branca ou Bai Yun Guan continua bem atuante pela fé da enorme quantidade de monges taoístas que mora e trabalha lá, facilmente reconhecidos pelos longos cabelos presos num “chignon” em cima da cabeça. É um dos primeiros templos taoístas da China, cuja filosofia continua ainda muito presente no mundo moderno.

Se puder, vá conhecer o Observatório Imperial construído em 1446 e cujo comando foi dado pelo imperador Qing Kangxi ao padre Verbiest, comprovando a importância dos jesuítas junto ao poder imperial. Visite também o cemitério da missão francesa, com imponentes túmulos do século 18 cheio de cabeças de dragões esculpidas, simbolizando a proteção do imperador aos missionários.

Foi sob a dinastia Ming que os jesuítas chegaram lá, adotando as vestimentas e os costumes chineses, e integrando-se aos intelectuais com a proteção do imperador. Todos eles ocupavam funções científicas, pois eram muito cultos: matemáticos, astrônomos, cartógrafos, químicos e até farmacêuticos. Em 1773, entretanto, os jesuítas saíram da China por ordem do Vaticano, que condenava essa mistura de religião e costumes diferentes.

Não deixe de conhecer o deslumbrante Palácio de Verão construído nas colinas à volta do lago Kunming. Era lá que a corte imperial se refugiava nos meses de verão para escapar do calor.
O que se vê hoje é uma reconstrução feita pela última imperatriz Cixi depois que vários prédios foram danificados pelas tropas coloniais em 1869 e 1900.

Impressionante também é a Bei Da, a universidade mais conceituada de toda a China, situada em meio a um grande parque com vários pequenos lagos com pontes, um pagode e centenas de casinhas antigas. Visite o museu da universidade para compreender melhor a evolução da arte e da cultura chinesa. Vale a pena.

São muitas as visitas em Pequim, mas, é claro, nada melhor para sentir a cidade do que aproveitar uma tarde livre para passear pelas “Hutongs” ou ruelas apertadas e ir até o Liulichang, a rua só de antiquários. Você vai acabar comprando alguma coisa bonita e ver de perto os costumes locais.

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A GRANDE MURALHA

Mas com toda a certeza o que mais vai chamar a sua atenção nessa viagem é a primeira visão da Grande Muralha. Você sabia que ela é a única construção feita pelo homem na Terra que foi vista pelos primeiros astronautas que pisaram na Lua em 1969? A muralha servia, além de proteção contra os inimigos, para o transporte de tropas por todo o país e para a comunicação entre as cidades através de tambores, fogos e fumaça.


Originalmente uma série de muros separados construídos por chefes de várias províncias, a Grande Muralha só foi criada pelo imperador Qin Shi Huandgi dois séculos antes de Cristo quando a China foi unificada. São mais de 5 mil quilômetros de muros de pedra serpenteando por montanhas, florestas, desertos e planícies.


Mas apesar dar a impressão de ser uma sólida proteção, grande parte do muro foi derrubada pelos mongóis no século 13 e pelo exército de Fu Manchu no século 17. Hoje em dia alguns poucos quilômetros estão restaurados, para a alegria dos chineses e dos turistas.

Em alguns pontos estratégicos há canhões e em outros há torres que serviam de depósito de armas e comida, moradia de soldados e postos de observação.

Um dos melhores locais para você ver toda a sua grandeza é em Mutianyu, pois a região tem muitas colinas e ela é vista por vários quilômetros. Essa parte foi construída em 1368 e reconstruída. Mas cuidado ao andar pela muralha porque há trechos muito íngremes e o piso de paralelepípedos é bem escorregadio. Nada que um bom top-sider não resolva. Leve também um impermeável e uma garrafa de água matar a sede depois de toda a andança.


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E já que você está fora de Pequim, aproveite para conhecer as tumbas de 13 dos 16 imperadores Ming enterrados em Shisan Ling. O local foi escolhido por ter detalhes favoráveis ao Feng Shui, além de colinas em volta que protegem os mortos dos maus espíritos trazidos pelo vento norte. Estão espalhadas em um parque de quase 40 quilômetros quadrados, por isso o melhor é ir de táxi entre uma e outra. As tumbas de Chang Ling, Ding Ling e Zhao Ling foram totalmente restauradas, mas as outras 10 também podem ser visitadas.


A mais bonita de todas é a do imperador Yongle chamada Chang Ling, a primeira a ser construída e que abriga os corpos do imperador, de sua esposa e das 16 concubinas! Yongle (1360-1424) foi quem mudou a capital da China de Nanjing para Pequim e quem mandou construir a Cidade Proibida. No grande salão principal estão expostas peças de ouro e outras jóias que faziam parte do tesouro além de uma grande estátua de bronze em sua homenagem.

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Como todos esses passeios acabam deixando você com muita fome, nada melhor que provar o famoso Pato de Pequim para saciá-la! E o melhor restaurante da cidade para comer esta especialidade é o Beijing Dadong Kaoyadian, que serve a iguaria no ponto exato, com a pele fina e crocante por fora e a carne macia e gostosa por dentro. Serve ainda vários pratos da culinária sichuan e os preços são bem baratos.

Um conselho: caia fora da arapuca turística chamada Quanjude, o restaurante que apesar de ser uma instituição com mais de 100 anos serve um pato seco, sem gosto e bem caro, e está eternamente lotado de turistas.

Caro também é o melhor hotel da cidade, o China World Hotel (Zhongguo Dafandian), que após a recente reforma de 30 milhões de dólares ficou espetacular. O bar do lobby virou ponto de encontro dos ricos e poderosos, o restaurante tem muitas estrelas e seu SPA é o mais moderno do país. Diárias a partir de USD 450.00.

Mais barato, por USD 200,00 você pode se hospedar no Novotel Peace Beijing, que é da cadeia Accor e que além de bons quartos fica em Wangfujing, um ótimo e movimentado centro de comércio. Tem vários restaurantes oferecendo culinária cantonesa, sichuan, coreana e até francesa!


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E as compras?

Qualquer que seja o seu objeto de desejo, antes de pagar pratique a milenar arte chinesa de "jiangjia", ou seja, pechinchar! Em lojas menores ou mercados com coisas sem preço, pode estar certo que estão cobrando 3 vêzes mais. Mas não precisa brigar com o vendedor: diga quanto quer pagar (dentro do razoável) e êle provavelmente aceitará para não perder a venda. Mas nas lojas grandes e nos empórios do governo (guoying shangdian) os preços marcados são definitivos.

Seda - que é uma invenção dos chineses - é barata e você encontra por todos os lados em forma de roupa, almofadas, quimonos, bolsas e mil outros souvenires. Mas cuidado com as sedas muito baratas: você pode estar comprando rayon!

Cerâmica e porcelana - Famosas no mundo inteiro e produzidas em massa. Mas as realmente boas custam caro.

Jade, laca, madeira, mármore e papel - Jóias, caixas, sinetes, leques e um milhão de objetos de todos os gostos e preços.

Caligrafia - Considerada uma arte tão importante quanto a pintura. Folhas de papel de arroz com símbolos pintados à mão fazem o maior sucesso em qualquer decoração.


Mao Tse Tung -
Mil coisas relacionadas ao período do governo do Mao Tse Tung, algumas autênticas, outras não.
Mas é muito pop e irresistível comprar um chaveiro ou caixinha de metal estampados com a cara mais famosa dos quadros de Andy Wharhol, ou o não mais proibido Red Book...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

CIN-CIN, SALUTE A TE!

Essa era uma música das mais animadas cantada pelo italiano Richard Anthony que fazia muito sucesso nas festas da minha época de faculdade. E a partir daí todo o mundo passou a brindar usando o termo italiano, falando tchin-tchin. Muita gente brinda também dessa forma no Brasil além, é claro, do nosso tradicional “saúde” de sempre.
Aí fui estudar em Glasgow e lá eu brindava como os escocêses dizendo “here’s tae ye” com a "pint of beer" e “cheerio” quando bebia uísque puro, sem gelo, como eles acham que é o certo. Depois nos Estados Unidos a turma me ensinou o “bottoms up”, mas o brinde mais usado em todos os lugares era mesmo o popular “cheers”.

Na França aprendi a dizer “à votre santé” e a esperar a outra pessoa responder “à la votre”, quase sempre clicando duas flûtes de champanhe.
Já na Alemanha o brinde com vinho é “zum wohl” e o com cerveja é “prost”, sendo que na Holanda é quase igual: “proost” com um ‘o’ a mais.
Em Barcelona os catalães usam o “salut” e também o “txin txin”, só que escrito dessa forma diferente, mas em Madri falam “salud”. No México há ainda um modo mais engraçado de se brindar em espanhol, dizendo “arriba, abajo, al centro, para adentro”, e lá vai tequila!

Quando eu fui à China aprendi o “yung sing”, que quer dizer “beba e vença”, um brinde bem positivo, ao contrário do “gom bui” de Cantão, que significa simplesmente “enxugue o copo”!
Em Praga a turma toda grita “na zdraví”, na Rússia gritam um parecido “na zdorovje”, e na Polônia também: “na zdrowie”.

Já na Hungria é “egészségedre”, mas esse vocês já conheciam da minha postagem do dia 12 de outubro sobre Budapeste.

Na Suécia, na Noruega e na Dinamarca você não precisa se preocupar, pois o brinde é o mesmo “skal”, bem aberto, diferente da Islândia, onde dizem “skál” com som de ó, igual ao nome da nossa cerveja.

No Japão você fala “kampai” e manda mais saquê pela goela abaixo, enquanto na Indonésia o brinde mais conhecido é o “pro”. Já no Havaí a turma que bebe cerveja brinda com “okole maluna”, e nas Filipinas fala-se “mabuhay”, que quer dizer “vida longa”. Na distante Somália o bonito “auguryo” deseja muita sorte para quem está brindando. Na língua romansch da Suíça você brinda dizendo “viva”, na Turquia dizendo “serefe”, e em Idish os conhecidos “mazel tov” e “lechaym”.

Na Tailândia os nativos falam um engraçado “choc-tee” cada vez que batem os copos, e na Grécia ao se beber ouzo é sempre bom brindar com um alegre “stin ijiasas”! Lá perto, no Egito, os faraós já brindavam com “bisochtak”.

E agora com os novos vôos unindo o Brasil aos Emirados Árabes é bom todo mundo aprender o “shucram” para não fazer feio quando se hospedar naqueles hotéis de mil estrelas...

E tchin-tchin para todos!

sexta-feira, 25 de maio de 2007

JÁ COMEU MIOLO DE MACACO?

Você já comeu rim de carneiro, carne de cachorro ou miolo de macaco?
Já tomou sopa de cobra, de tartaruga, de barbatana de turbarão ou de ninho de passarinho?
E enguia defumada e gafanhoto com maionese, já provou?
E sanduíche de testículos de boi no pão árabe? Pois eu já!
Não precisa fazer essa cara de nojo porque isso tudo é muito bom, desde, é claro, que seja bem feito e temperado da forma correta.

Meu pai era caçador submarino e uma vez pegou uma enorme tartaruga que rapidamente se transformou num panelão de sopa para 40 pessoas! Eu, com cinco ou seis anos, resolvi provar, apesar dos mais velhos dizerem que não iria gostar. Pois gostei e muito, e a partir daí nunca deixei de experimentar e apreciar comidas consideradas estranhas.

A primeira vez na vida que eu viajei para o exterior foi para Glasgow, na Escócia, e os amigos daqui logo avisaram que eu iria detestar a comida. No primeiro almoço eis que surge a famosa “steak and kidney pie”, a típica torta salgada de carne e rim de carneiro. Fiquei um pouco apreensivo, é verdade, mas, fazer o que? Mandei brasa e, quer saber? Adorei, pois o recheio era bem molhado e bem temperado com curry. Nos seis meses seguintes comi muita kidney pie...

Anos depois fui para Hong-Kong e comi miolo de macaco refogado com legumes, uma delícia. Miolo, aliás, de boi ou de carneiro, sempre que encontro no menu de algum restaurante aqui ou lá fora eu peço e me delicio...

Lá também comi carne de cachorro assada – que se não disserem que é de cachorro você não vai nem desconfiar, pois é macia e saborosa. É claro que não são cachorros da carrocinha: são animais criados desde pequenos a pão e leite. A única coisa desagradável é ver nos açougues aqueles cachorrinhos lindos nas gaiolas ou alguns já fritos com os rabinhos esturricados...


Na China tomei a famosa sopa de ninho de passarinho, considerada uma iguaria dos deuses, mas, cá entre nós, não achei a menor graça. Já as sopas de cobra e a de barbatana de tubarão são muito mais gostosas e apimentadas.



No Japão come-se de tudo, mas depois de semanas só no sushi e no sashimi o jeito foi provar as novidades: gafanhoto frito molhadinho na maionese! Uma maravilha, crocante e salgadinho, ótimo para beliscar entre um saquê e outro...

Outro tira-gosto muito bom eu comi em Amsterdam: enguia defumada e cortada em pequenos pedaços, com um molho avermelhado de pimenta. A carne é meio fibrosa, mas parece salmão, muito bom.

Há pouco tempo atrás no Chile, fui a um churrasco onde estavam fritando umas bolinhas de carne meio esquisitas e a turma toda comendo sem parar! No final não deu outra: eram testículos de boi e carneiro, que se comia no pão árabe com vários molhos, sensacional.
O único problema é que todos os convidados só souberam o que era depois de terem comido e gostado, e mesmo assim muitos saíram correndo para o banheiro passando mal!

O que é a força da mente humana, né?