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sexta-feira, 18 de junho de 2010

DO FUNDO DO BAÚ

Los Angeles e Anaheim, julho de 1969

Na primeira vez que eu viajei aos Estados Unidos já fui trabalhando como guia, acompanhando uma família de 12 pessoas!

Fomos primeiro para Los Angeles e nos hospedamos no ótimo Beverly Hilton Hotel, onde foi tirada a foto acima. Eu não poderia imaginar que iria passar uma boa parte da minha vida guiando grupos pelo mundo afora, nem que eu voltaria a me hospedar nesse luxuoso hotel mais cinco vêzes!

A Disneylândia, em Anaheim, tinha a metade do tamanho que tem hoje, mas era o melhor parque da Califórnia naquela época, seguido pela Knott's Berry Farm e Marineland of the Pacific. Foi uma experiência e tanto descobrir cidades desconhecidas tomando conta desta turma que não era fácil. Saiba mais detalhes clicando aqui!

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DIÁRIO DO GUIA # 7 : UM BICHEIRO EM BEVERLY HILLS!

Logo que eu cheguei de volta ao Brasil em janeiro de 68, depois de quase oito meses estudando na Escócia e passeando pela Europa, o que eu mais precisava era de um bom trabalho. E o melhor deles surgiu com meu tio Miguel, diretor da Lowndes Turismo, na época uma das mais chiques agências do Rio de Janeiro, que estava procurando alguém que falasse bem inglês, tivesse experiência em viagens, boas noções de geografia e cultura geral. Não deu outra, em meia hora eu me tornei um agente de viagens, pronto para o que desse e viesse!


E logo de cara atendi a um próspero senhor que queria programar uma viagem para seus pais e toda a família para Los Angeles, Disneylândia, Nova York, Paris e Roma! Eram 12 pessoas: dois avós, três netos adolescentes, dois cunhados com mais três filhos pequenos e uma babá com uma neta de dois anos. Uma verdadeira excursão!

Como ele só queria do bom e do melhor, já que dinheiro não era problema, os hotéis seriam cinco estrelas, três Mercedes-Benz com motoristas à disposição em todas as cidades, passagens de primeira classe e um guia durante a viagem toda, já que o tal avô era um bicheiro aposentado cheio da grana mas que nunca tinha viajado e ninguém da família falava inglês! E quem foi o guia?

Isso mesmo, o Luizinho aqui, que viajou de graça pela primeira vez na vida ganhando uma incrível diária de 40 dólares, uma verdadeira fortuna nos anos 60. Só para dar uma idéia, um sapato do Gucci custava 80 dólares - hoje custa mais de 400! Já viu que eu fiz a festa e voltei com as malas estourando!

Os hotéis foram os melhores: o Beverly Hilton de Los Angeles, o Disneyland Hotel de Anaheim, o Americana em Nova York (hoje Sheraton New York), em Paris o Plaza Athenée e o Excelsior em Roma! E lá fomos nós numa viagem muito engraçada.

Nossa primeira parada foi Los Angeles e a turma adorou o hotel, pois por mais dinheiro que tivessem, nunca tinham visto luxo igual. Ficaram encantados com os grandes e bem decorados quartos. O meu tinha uma enorme cama king-size com colchão d’água, uma grande novidade da época! “You’re gonna swim all night”, brincou o rapaz da recepção.

Mas foi só descer para tomar o café da manhã e a confusão começou: o restaurante era muito requintado, mil garçons à nossa volta, mas êles não gostavam de nada do cardápio e queriam que eu pedisse média com pão na chapa!

Naqueles tempos o único café que os americanos conheciam era o aguado “chafé”, servido na caneca alta com alça e sem pires. Pão só de forma ou croissants doces, e queijo só o francês camembert ou o ardido cheddar! A turma detestou tudo! Um dos garotos pediu “french toast” pensando que era torrada, mas ficou com cara de bobo quando trouxeram rabanadas bem encharcadas! Consegui convencê-los a provar ovos mexidos com presunto, que eles gostaram, mas disseram que era melhor no almoço! Mas pelo menos comeram...

Na hora de sair para visitar Hollywood, o velho bicheiro sempre agarrado a uma surrada sacola da Panam, disse que queria ir a um banco trocar uns traveller-checks por dinheiro vivo. Eu argumentei que seria mais seguro ir trocando aos poucos, mas ele retrucou: “O problema, Luiz, é que eu só sei assinar devagarzinho, e se tiver que assinar cheques nas lojas ou restaurantes eu demoro tanto que fico envergonhado”.

Morri de pena daquele senhor que poderia ser meu avô, cheio do dinheiro e sem saber escrever. Fomos a um banco de Beverly Hills, só eu e ele, conversei com o gerente que achou um absurdo trocar todos os cheques de uma só vez, e lá ficamos mais de três horas numa salinha reservada com o velho desenhando o nome em mais de 30 mil dólares em cheques!

Voltamos ao hotel com a sacola estourando de tantas verdinhas, enfiamos tudo no cofre e fomos passear pela Terra do Cinema.

Daí até o final da viagem na Europa a rotina era a mesma: toda manhã eu e ele íamos até o cofre - que antigamente era na recepção dos hotéis, e não nos quartos, como hoje - pegávamos um bolo de notas que eu punha na bolsinha de dinheiro por dentro da minha calça, e lá ia eu pagando tudo para a turma toda nos restaurantes, parques e lojas! Eu é que parecia o milionário sustentando a turma toda...

terça-feira, 7 de outubro de 2008

DIÁRIO DO GUIA # 3: O SUMIÇO DAS DUAS SENHORAS!

Certa vez me hospedei com um grupo da Stella Barros no excelente hotel Beverly Hilton, em Beverly Hills, o bairro das estrelas de Hollywood! É nele que fazem a maior festa da noite da entrega do Oscar. Apesar de ótimo e luxuoso o hotel é bem fora de mão, longe de tudo, e só de carro ou táxi você chega ou sai de lá. Em compensação, atravessando uma pequena passarela você já está na porta de uma enorme Bullocks, a mais famosa loja de departamentos da Califórnia.

Eram umas cinco da tarde e tínhamos acabado de chegar do Universal Studios. No dia seguinte voávamos para Las Vegas e o traslado estava marcado para as oito da manhã. Antes de subir para o quarto duas simpáticas senhoras, D. Laurinha e D. Odaléa, que tinham a idade da minha avó, disseram que iam fazer umas comprinhas na tal loja do lado mas que estariam de volta a tempo de sairmos para jantar no Ma Maison, o badalado restaurante de Los Angeles.

Só que as duas não apareceram no hall na hora marcada! Liguei, mas como ninguém atendeu no quarto delas, imaginei que tinham ido jantar num dos muitos restaurantes do próprio hotel. E lá fui com o grupo para o tal restaurante chique. Duas horas depois estávamos de volta e como ainda era cedo, liguei novamente, mas de novo ninguém atendeu. Fiquei preocupado, chequei com o front-desk, falei com o resto do grupo, mas ninguém sabia das duas. O que teria acontecido?

Lá pela meia-noite ouço umas batidinhas na minha porta. Abro e dou de cara com as duas aos prantos, tremendo, muito nervosas. Depois de vários copos dágua me contaram o que tinha acontecido: quando entraram na loja às cinco e meia, não repararam no aviso dizendo que o horário de fechar era às dezoito horas. Percorreram os dois andares e até viram que a loja estava bem vazia, quase sem vendedores ou outros clientes. Como queriam comprar agulhas e linhas de bordar, foram para um departamento quase nos fundos do segundo andar e ficaram escolhendo as linhas sem perceber que estavam escondidas pelo balcão e fora da visão dos funcionários que fechavam os caixas e saíam, sem desconfiar que as duas ainda estavam lá dentro.

Quando de repente as luzes do andar todo se apagaram é que elas viram que estavam sozinhas dentro da loja e no escuro! Andaram em direção a uma claridade e chegaram às escadas rolantes desligadas. No primeiro andar também às escuras viram que a tal luz vinha das vitrines iluminadas. Tentaram abrir as portas da loja e nada: tudo trancado! Correndo pela loja toda, já bastante nervosas, tentaram outras saídas, mas tudo estava fechado com cadeados. Pegaram um telefone para ligar para o hotel e a linha estava muda. Desesperadas, principalmente porque sabiam que o ônibus ia sair do hotel ás oito e a loja só abriria as dez da manhã, entraram numa das vitrines e viram que do lado de fora a escuridão também era total. E não havia ninguém andando nas calçadas de Beverly Hills, bairro onde ninguém anda a pé...

Sem esperança de sair da loja, resignadas, recostaram-se nos manequins vestidos de Saint-Laurent e Dior da vitrine e se preparavam para dormir entre sedas e pailletées quando, de repente, passa pelo lado de fora um vigia noturno com uma lanterna checando as fechaduras da loja.

Fizeram um verdadeiro escândalo, bateram no vidro e conseguiram chamar a atenção do homem que pensou ser um assalto à loja! Ele chamou uma patrulha que veio num minuto e a confusão estava armada! Para encurtar a história: foram parar na delegacia de Beverly Hills (pelo menos uma delegacia chique), contaram a história chorando muito – por sorte as duas falavam inglês e eram muito simpáticas - enterneceram os corações de todos e vieram escoltadas de volta ao hotel sem nenhum registro policial.

Foram direto para o meu quarto relatar a mirabolante aventura e me fizeram jurar de pés juntos que eu nunca contaria a história para ninguém! Agora, 35 anos depois e tendo as duas já partido para a viagem final, achei que podia contar.

E se o vigia não tivesse aparecido? O que iria acontecer no dia seguinte? Como é que eu ia sair do hotel com o grupo sem elas? Sem saber onde estavam, eu teria que chamar a polícia? Nem gosto de pensar, mas depois que as duas foram dormir eu passei o resto da noite de olho arregalado...