********************************************************************Domingo passado morreu em Toronto um dos maiores pianistas de jazz do planeta, Oscar Peterson. Seu estilo de tocar rápido e melodioso influenciou pianistas no mundo inteiro e o transformou numa celebridade musical para o resto da vida.
Êle veio ao Brasil algumas vêzes e eu tive a sorte de vê-lo no Teatro Municipal. Que show espetacular!
Desde então não deixei de comprar todos os seus discos - vinis e depois CDs - que nunca me canso de ouvir.
Mas o melhor foi conhecê-lo pessoalmente e ter jantado com êle em Nova York, no luxuoso restaurante Maurice do Hotel Parker-Meridien há mais de vinte anos atrás. A história foi assim:Eu estava hospedado no Hotel Gorham (hoje Blakely) e encontrei alguns amigos muito chiques e descolados que estavam hospedados no Meridien a convite do Pierre Bergé, que tinha sido o gerente do Meridien do Rio, e que agora pontificava no de Nova York. E todos êles iam a um jantar muito especial, o "Diner de Gala Caviar et Champagne au Maurice" para apresentar o novo "chef" francês Alain Senderens às celebridades novaiorquinas e aos jornalistas especializados em restaurantes.
A festança, em black-tie, ia ser badaladérrima, e só seriam servidos pratos e sobremesas preparados com caviar e/ou champanhe, pode? E ainda mais champanhe para acompanhar as delícias todas, terminando tudo com um bom conhaque! Leia o menu abaixo só para ter uma idéia do que eu estou falando...Eu não ia ao tal jantar, mas como na última hora sobrou um convite, a turma me ligou e lá fui eu correndo pela rua 55 alugar um smoking e me enfarpelar para a grande ocasião. E a ocasião foi realmente grande, pois além da comida maravilhosa cada prato era acompanhado de um tipo de champanhe diferente, uma mais seca, outra mais doce, uma intermediária e terminando com a rosé na hora das sobremesas, novidade para todos nós na época. Entre um prato e outro eram servidos sorbets de frutas variadas com champanhe, verdadeiras espumas, com alguns grãos de caviar por cima! Très elegant!
E sentado na nossa mesa estava nada menos que o Oscar Peterson, bonachão e muito simpático, apreciando cada garfada daquele verdadeiro banquete! Conversou o tempo todo conosco e quando soube que éramos cariocas fez mil perguntas sobre Tom Jobim e João Gilberto, pois tinha gravado um disco com algumas músicas brasileiras e queria saber das novidades. É claro que nós esperávamos uma canja dêle, o que realmente aconteceu depois do jantar no imenso hall de mármore do hotel.
Êle tocou por meia hora só músicas francesas em estilo jazzístico, que foi o complemento perfeito para uma noite tão sofisticada e agradável. Um dos convidados, o cantor Charles Aznavour, foi o que mais aplaudiu. E nós todos ficamos com uma lembrança inesquecível de um grande artista em um acontecimento muito especial difícil de ser reprisado. Valeu, Mr. Peterson!Olha só que turma chique fazendo pose com o Aznavour depois da canja do Oscar e antes da esticada no Club A do Ricardo Amaral, obrigatória naquela época...