quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

OSCAR PETERSON, CAVIAR & CHAMPANHE...

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Domingo passado morreu em Toronto um dos maiores pianistas de jazz do planeta, Oscar Peterson. Seu estilo de tocar rápido e melodioso influenciou pianistas no mundo inteiro e o transformou numa celebridade musical para o resto da vida.
Êle veio ao Brasil algumas vêzes e eu tive a sorte de vê-lo no Teatro Municipal. Que show espetacular!
Desde então não deixei de comprar todos os seus discos - vinis e depois CDs - que nunca me canso de ouvir.

Mas o melhor foi conhecê-lo pessoalmente e ter jantado com êle em Nova York, no luxuoso restaurante Maurice do Hotel Parker-Meridien há mais de vinte anos atrás. A história foi assim:

Eu estava hospedado no Hotel Gorham (hoje Blakely) e encontrei alguns amigos muito chiques e descolados que estavam hospedados no Meridien a convite do Pierre Bergé, que tinha sido o gerente do Meridien do Rio, e que agora pontificava no de Nova York. E todos êles iam a um jantar muito especial, o "Diner de Gala Caviar et Champagne au Maurice" para apresentar o novo "chef" francês Alain Senderens às celebridades novaiorquinas e aos jornalistas especializados em restaurantes.

A festança, em black-tie, ia ser badaladérrima, e só seriam servidos pratos e sobremesas preparados com caviar e/ou champanhe, pode? E ainda mais champanhe para acompanhar as delícias todas, terminando tudo com um bom conhaque! Leia o menu abaixo só para ter uma idéia do que eu estou falando...

Eu não ia ao tal jantar, mas como na última hora sobrou um convite, a turma me ligou e lá fui eu correndo pela rua 55 alugar um smoking e me enfarpelar para a grande ocasião. E a ocasião foi realmente grande, pois além da comida maravilhosa cada prato era acompanhado de um tipo de champanhe diferente, uma mais seca, outra mais doce, uma intermediária e terminando com a rosé na hora das sobremesas, novidade para todos nós na época. Entre um prato e outro eram servidos sorbets de frutas variadas com champanhe, verdadeiras espumas, com alguns grãos de caviar por cima! Très elegant!

E sentado na nossa mesa estava nada menos que o Oscar Peterson, bonachão e muito simpático, apreciando cada garfada daquele verdadeiro banquete! Conversou o tempo todo conosco e quando soube que éramos cariocas fez mil perguntas sobre Tom Jobim e João Gilberto, pois tinha gravado um disco com algumas músicas brasileiras e queria saber das novidades. É claro que nós esperávamos uma canja dêle, o que realmente aconteceu depois do jantar no imenso hall de mármore do hotel.

Êle tocou por meia hora só músicas francesas em estilo jazzístico, que foi o complemento perfeito para uma noite tão sofisticada e agradável. Um dos convidados, o cantor Charles Aznavour, foi o que mais aplaudiu. E nós todos ficamos com uma lembrança inesquecível de um grande artista em um acontecimento muito especial difícil de ser reprisado. Valeu, Mr. Peterson!

Olha só que turma chique fazendo pose com o Aznavour depois da canja do Oscar e antes da esticada no Club A do Ricardo Amaral, obrigatória naquela época...