quinta-feira, 19 de junho de 2008

PASSEANDO POR HEIDELBERG

Localizada à beira do rio Neckar, entre Frankfurt e Stuttgart, esta é uma das mais bonitas cidades da Alemanha e foi por muitos anos um grande centro político e cultural da Europa. Relativamente pequena, com muitas áreas só para pedestres, Heidelberg deve ser visitada a pé ou no máximo de bicicleta, como os milhares de estudantes que estudam por lá, um quinto de sua população de quase 145 mil habitantes. Quando eu estive lá passei dois dias percorrendo tudo a pé e foi perfeito.

Na cidade antiga a praça principal é a Bismarckplatz, no final da Haupstrasse, a rua paralela ao rio que começa no imenso portal Karlstor, onde estão os melhores cafés, restaurantes e lojas. Eu estive lá na melhor época, que é o verão, entre maio e setembro, quando chove menos e há bastante sol. Mas com frio ou calor você vai adorar passear pelas ruazinhas antigas e tomar um bom vinho branco nas charmosas estalagens e bares.

A Universidade de Heidelberg, que é a mais antiga da Alemanha, fundada em 1386 por Ruprecht I e depois refundada pelo duque Karl-Friedrich de Baden em 1803, é ainda hoje muito famosa, principalmente na área de medicina, arqueologia e zoologia.

A cidade, que em priscas eras foi residência de um dos sete príncipes do Sacro Império Romano-Germânico, também se tornou um dos centros da reforma protestante, tendo acolhido Martim Lutero e suas idéias em 1518.

Um dos lugares mais visitados é o Castelo de Heidelberg, que 1398 era apenas um pequeno prédio que servia de fortaleza e moradia real do príncipe Ruprecht III, mas que foi aumentando à medida em que outros governantes moravam lá e faziam novas alas. Nos séculos 16 e 16 a fortaleza transformou-se em castelo com a construção dos dois prédios principais que ladeiam o jardim da entrada.

Durante a Guerra dos 30 Anos o castelo foi destruído, depois foi reconstruído pelo príncipe Karl Ludwig em 1649, e destruído mais uma vez pelas tropas francesas. Em 1764 um poderoso raio dizimou ainda mais as ruínas, e partir daí o castelo virou uma espécie de depósito fornecedor de pedras e tijolos para a construção de novas casas na cidade. Em 1800 o conde Graimberg acabou com isso e tentou preservar o que ainda restava.

Só em 1934, entretanto, é que o grande salão do rei foi reconstruído em estilo gótico. Hoje em dia êle é utilizado para festas, jantares, bailes e shows musicais, principalmente durante os festivais de verão. As apresentações da Heidelberg City Orchestra chamadas “Serenatas do Castelo” atraem multidões.
Mas a maior atração está no subsolo: um dos maiores barris de vinho do mundo, com capacidade de 220 mil litros, construído em 1751 utilizando 130 troncos de carvalho.

A velha ponte medieval Alte Brücke, cuja construção terminou em 1788, funcionava como uma parte das muralhas que cercavam a cidade. Muito bem conservada, seus portais, encimados com cúpulas barrocas, serviram de calabouços durante as guerras.


A primeira vez que se falou da basílica romanesca do Espírito Santo Heiliggeistkirche foi em 1239! Entre 1398 e 1410 ela foi reconstruída em estilo gótico, e passou a abrigar os túmulos dos príncipes do Palatinato. Nos muitos anos seguintes a igreja foi usada igualmente por católicos e protestantes. Chegaram até a fazer uma divisória interna para separar os dois cultos que durou mais de 200 anos! A partir de 1936 a igreja é só protestante.

Outra igreja importante para se visitar a Jesuitenkirche, erguida em 1698 pelos jesuítas. Sua arquitetura é muito bonita e toda a fachada tem esculturas e adornos de Paul Egell. Do seu lado fica o Museu de Artes Eclesiásticas, dos mais interessantes, do mesmo estilo maneirista germânico.

Com seus muitos atrativos, a cidade sempre fascinou artistas e escritores: Goethe, Eichendorff, Jean Paul, Victor Hugo e Mark Twain são alguns deles, além dos pintores Turner, Rottmann, Issel e Trübner que retrataram a cidade de muitas formas, do mesmo jeito que os compositores Schumann e Brahms.

Por ser uma cidade universitária por excelência, Heidelberg tem muitos museus, sendo o mais famoso o de Farmácia, localizado dentro do castelo em um dos mais bonitos prédios renascentistas da Alemanha. Lá é mostrada a história do progresso da ciência farmacêutica ao longo dos séculos, com raras coleções de jarros e potes de remédios em louça e vidro de origem alemã, italiana e holandesa.

O Museu Palatinato construído em 1712 no Palácio Morass abriga milhares de peças da época romana além de outras tantas que retratam a história da cidade e da região. Sua galeria de pinturas e esculturas possui obras desde o século 15, a maioria de artistas da região. A maior atração do museu é o altar dos 12 apóstolos feito em 1509por Tilman Riemenschneider, uma das maiores obras da Idade Média.

E o recente Museu Bonsai, criado em 1985, é único no mundo que tem espécimes de árvores em miniatura de todas as partes do mundo, incluindo plantas carnívoras e mini-florestas com poucos centímetros de altura com mais de 100 anos de idade.

Heidelberg oferece sempre muitas opções de shows. Nos meses de verão há espetáculos de balé, drama, óperas e concertos no City Theatre, além de peças encenadas pelos próprios estudantes durante os meses de junho, julho e agosto dentro do castelo, onde todos os dias há uma queima de fogos lá de cima de suas torres. Em setembro acontece Heidelberger Herbst, uma grande feira oferecendo os produtos locais, onde o vinho é a maior atração.


Restaurantes que fui e recomendo:

Kurfürstenstube – Elegantemente decorado com paredes de lambris de madeira do século 19, cadeiras estofadas bem confortáveis e candelabros de prata, o restaurante nos transporta na hora para o mundo atual com sua culinária moderna e atual.

Simplicissimus – Todo “Art Nouveau”, com o interior cheio de espelhos, madeira escura e paredes vermelhas, e com o pátio interno todo florido, esse restaurante oferece comida francesa “light”, usando somente produtos orgânicos. A carta de vinhos é impressionante.

Schwarz – Localizado no 12º andar do moderníssimo prédio da Print Media Academy, além da comida maravilhosa e inovadora do estrelado chef Manfred Schwarz você tem a seus pés a mais bonita vista de Heidelberg. Serviço impecável.


Mas é nas tabernas freqüentadas pelos estudantes que você vai poder provar a típica comida da região. A melhor delas é a Zum Roten Ochsen, fundada em 1703 e que continua servindo a melhor carne assada com vinagrete, salsichas e lingüiças locais com cebolas e “sauerkraut”, o conhecido chucrute de repolho, ou ainda ragú de javali com repolho roxo e “cranberry”, que em português chama-se oxicoco!

E tudo acompanhado por muita cerveja ou vinho branco.
E não se espante se de repente alguém começar a cantar e todos à volta se unirem em coro!
É sempre a maior animação!

Foi nessa taberna que eu provei e adorei o vinho branco das cidades vizinhas Pfalz e Baden, servido em lindos copos de boca larga e pés verdes, que eu imediatamente quis saber se poderia comprar.
Muito gentil, o garçom disse que os copos não estavam à venda, e tinham que ser encomendados com antecedência na fábrica.
Mas ante a minha insistência, como eu já ia embora da cidade no dia seguinte cedo, o gerente acabou me vendendo a preço de custo uma caixa fechada.


E até hoje quando tomo um vinho branco gelado aqui no Rio nesses copos, lembro na mesma hora de Heidelberg, uma cidade das mais simpáticas e bonitas do mundo...



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Onde se hospedar?

Hotel Hollander Hof, em pleno centro da cidade antiga, pertinho de tudo. Três estrelas, oferece amplos quartos e ótimo serviço com diárias a partir de $ 144 euros, taxas e café da manhã incluídos.

Hotel Europa, construído em 1865 também no centro histórico, a poucos passos do castelo, enorme e do maior bom gosto. Por conta de suas cinco estrelas as diárias começam em $ 292 euros, mas como você vai ficar provavelmente só uma noite, não vale a pena aproveitar o luxo de se hospedar num hotel excelente e muito elegante?

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E as compras?

Em Heidelberg como em todas as outras cidades da Alemanha, hoje em dia você encontra de tudo do mundo inteiro.
Mas é na Haupstrasse que estão as lojinhas de artigos típicos, como chapéus de feltro com peninhas, canecos de cerveja decorados de todos os tipos e tamanhos, relógios cucos de madeira trabalhada e muitas opções de lembranças.

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