quinta-feira, 22 de maio de 2008

CARTAS DOS LEITORES: DESCOBRINDO A ÁFRICA DO SUL

Nosso fiel leitor José Maria, de Évora, Portugal, enviou o relato de uma excursão que fez à África do Sul em abril, um passeio maravilhoso que me deixou com a maior de vontade de fazer. Quem sabe no ano que vem? Segue o seu texto:

Nessa viagem aprendi que a África do Sul é conhecida como “nação arco-íris”, apelido dado pelo arcebispo Desmond Tutu para chamar a atenção para o aspecto multi-étnico do seu país. Situado no extremo sul da África, oferece um céu azul impressionante, grandes reservas de animais e imensos espaços selvagens.

Descoberta por um português, colonizada por holandeses e ingleses, refúgio dos protestantes franceses e arrasada pela guerra anglo-boers e pelo "apartheid", a África do Sul possui uma cultura forte que agrada tanto aos apaixonados pela natureza e como pelos admiradores de história e arte.

O tour começou com a chegada ao aeroporto de Joanesburgo, onde fomos de ônibus até Pretória, fundada em 1855, cujo nome homenageia dois chefes africanos, Andries Pretorius, vencedor da batalha de Blood River, e seu filho Marthinus Pretorius, unificador do Transvaal.

Cidade com muitos locais históricos, nós visitamos a casa de Paul Kruger, onde o ex-presidente morou de 1883 a 1900 antes de se exilar na Suíça. Depois fomos à casa Melrose, que é um belo exemplo de arquitetura vitoriana e onde foi assinado o tratado que terminou com os conflitos anglo-boer em 1902.

Vimos o imponente Union Building, sede da atual presidência e fomos conhecer o monumento Voortrekker, local de peregrinação dos africanos por conta da célebre epopéia do Grand Trek que levou muitos africanos a fugir da colonização inglesa e fundar os Estados nos planaltos de Veld.




No dia seguinte saímos cedo e chegamos à região de Mpumalanga, onde visitamos God’s Window e o cânion do rio Blyde, percorrendo uma região com paisagens lindas cheias de falésias e três picos em formato de torres.




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Kruger Park

Mas nada supera a emoção da chegada ao Kruger Park, o maior da África criado em 1898 pelo presidente Paul Kruger que abriga as mais variadas espécies da fauna africana por uma região de mais de 340 km de extensão. Ficamos lá dois dias inteiros em plena Arca de Noé!

Os quatro safáris fotográficos que fizemos a bordo de grandes jipes Land Rover são experiências emocionantes e inesquecíveis! Cada um leva cerca de 4 horas e são feitos de manhãzinha e ao entardecer, que são as horas em que os animais aparecem mais.

Os guias que nos acompanharam eram bem experientes e nos mostravam onde estavam os animais mais ariscos, além de dar explicações detalhadas sobre cada animal e contar fatos curiosos sobre a flora e a fauna locais.


Me lembrei muito daquele filme “Hatari”, com o John Wayne liderando uma equipe que pegava animais vivos para zoológicos do mundo inteiro! Vimos elefantes, girafas, leopardos, gazelas, búfalos, rinocerontes, enfim, a bicharada toda. E eles passam pertinho dos carros, alguns rugindo sem medo algum. As fotos que tirei ficaram sensacionais, iguais às publicadas na revista National Geographic Magazine.

Ficamos hospedados em cabanas de madeira e bambu com telhado de folhas de bananeiras, muito confortáveis, com ventilador no teto. São alguns dos mais de 800 Game Lodges que agora existem por toda a região. Os banheiros são modernos e sempre com água quente. No acampamento tínhamos pensão completa, e a comida era de primeira!

O café da manhã era servido na varanda já com alguns pássaros exóticos e várias gazelas nos espiando, desconfiados. E à noite os leopardos passeavam do lado de fora de nossas janelas (todas com telas de metal, claro). Dava para ouvir o ronronar deles ali pertinho...

De lá partimos em direção ao reinado da Suazilândia, o menor país da África apertado entre Moçambique e África do Sul, que conseguiu manter intactas as suas tradições, hábitos e cerimônias religiosas, apesar das tentativas de invasão dos brancos.

Depois fomos até Hluhluwe, uma região cheia de rios e florestas de acácias onde dormimos novamente em cabanas nas cercanias do parque Umfolozi.
É só nessa reserva que vive o “nyala”, um raríssimo tipo de antílope com chifres retorcidos. Vimos vários, além de leões bem ariscos!

Mais um pequeno trajeto e chegamos a St. Lucia, cujo estuário é patrimônio da Unesco. Navegamos pelo lago e vimos muitos hipopótamos e jacarés em suas margens. Voando sobre nós, à procura de comida, mil pássaros, pelicanos e uma tal de águia-pescadora, que dava rasantes sobre as nossas cabeças gritando muito. O cruzeiro terminou em Kwazulu-Natal, e finalmente chegamos a Durban, uma grande cidade-balneária às margens do oceano Índico.

Descoberta por Vasco da Gama que lá aportou em 25 de dezembro de 1497, daí ter dado o nome de Natal, a região cresceu muito como destino turístico e Durban tornou-se o mais importante porto da África.

Lá os locais falam a estranhíssima língua zulu, mas entendem bem inglês. E eu nunca vi tantas zebras juntas!


E de lá partimos de volta à Europa, fascinados com tudo o que vimos e aprendemos na África. Foi realmente uma aventura que me marcou para o resto da vida.

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