Quando eu fui estudar jornalismo em televisão em Glasgow, na Escócia, as aulas eram das sete da manhã às cinco da tarde de segunda a quinta-feira, com um intervalo de uma hora para almoçar.
Era um curso bem puxado, mas em compensação na sexta-feira as aulas terminavam ao meio-dia, proporcionando um longo fim de semana para passear e conhecer lugares novos.
E lugares novos era o que não faltava na Escócia para conhecer...
Eu e dois colegas sempre alugávamos um Austin Mini-Cooper – que era o carro mais barato da época - e íamos dirigindo pelas estradas na contramão inglesa descobrindo vilarejos, fazendas, cidades históricas, igrejas antigas, muuuuuitas destilarias de uísque e outros lugares bem interessantes.
Uma vez por mês tínhamos um feriadão de quinta a domingo e então aproveitávamos para ir a lugares mais distantes: eu fui umas cinco vezes a Londres, desde então uma das minhas cidades favoritas, e duas para Edimburgo, que é uma graça de lugar.
Na sua próxima ida à Inglaterra aproveite para conhecer a Escócia e em especial a capital, Edinburgh (pronuncia-se “Edinbârâ”), uma pequena e antiga cidade cheia de atrações e lugares bonitos. O seu centro é dividido pela Princes Street, que é a zona comercial mais badalada. Ao sul fica a Cidade Velha que foi crescendo ao longo da Royal Mile, com o Castelo numa ponta e o Palácio Holyroodhouse na outra.
Nessa região estão os melhores exemplos de arquitetura Georgiana, com prédios bem elegantes. A Princes Street tem muitas lojas, galerias de arte e restaurantes, além do parque florido com o monumento a Sir Walter Scott, o famoso Hotel Balmoral e a estação de trem principal, Waverly.
Como Edimburgo é bem compacta, a melhor forma de conhecê-la é a pé, já que de carro você só vai se encrencar, pois o transito é bem confuso.
A Royal Mile resultou da junção de quatro ruas antigas e marca bem o aspecto medieval da cidade. Você pode visitar a Lady Stair’s House, uma casa do século 17 onde moraram os escritores Burns, Scott e Stevenson, hoje um pequeno museu. Próximo a ela fica a Camera Obscura, onde está uma imensa câmera fotográfica fixa que só registrava cenas da cidade, uma verdadeira maravilha na época. Há várias experiências óticas sensacionais para você ver.
O antigo Parlamento, construído em 1630, funciona até hoje e vale a pena entrar para ver os lordes com as perucas brancas e capas pretas e os lindos vitrôs. Entre também na Catedral de St. Giles, em estilo gótico, com uma torre do século 15 e a bela capela construída em homenagem aos cavaleiros da Ordem de Thistle.
Uma visita bem interessante é a do Scotch Whisky Heritage Center, que introduz aos visitantes a famosa bebida escocesa. Você faz um tour que percorre a distilaria e descobre os segredos da arte de fazer uísque, provando maltes puros e como misturá-los para fazer o “blend” perfeito. Cerca de 300 tipos de maltes diferentes estão à sua escolha para provar e depois comprar. Há ainda um bom restaurante, o Amber, que serve comida escocesa típica, com muita caça, cordeiro e salmão selvagem.
Você pode passar algumas horas no complexo das National Galleries, com o melhor museu escocês de belas artes, com destaque especial para as pinturas do século 15 ao 19 e a coleção de obras de artistas alemães e flamengos. Conheça também o Royal Museum e o National Museum of Scotland, um ao lado do outro na Chambers St. com magníficas coleções de antiguidades e peças históricas.
Para ter uma idéia sobre como a realeza se diverte nas férias, vá conhecer o iate real Britannia que está agora ancorado no porto de Leith. Visite os salões e as cabines onde reis, rainhas e príncipes (e Lady Dy também) passaram muitas férias navegando pela Côte d’Azur e outros mares cheios de celebridades.
O bairro do histórico porto com casinhas dos séculos 13 e 14 foi todo remodelado e hoje é um dos melhores lugares para se morar, trabalhar e fazer compras. Vários prédios transformaram-se em lojas de frente para o mar. O Ocean Terminal é bem moderno, com lojas e alguns dos melhores restaurantes de frutos do mar da cidade. Lá está uma das boas lojas de produtos de lã e kilts escoceses, a Kinloch Anderson.
Edimburgo tem dois grandes magazines oferecendo de tudo a preços bem razoáveis: Jenners, a mais antiga da cidade funcionando desde 1838, e John Lewis, a maior de todas.
Aproveite para comprar um suéter de cashemere escocês na loja Pringle, que mesmo sendo caro é um investimento para o resto da vida!
Há ainda uma filial da Harvey Nichols, badalada e cara loja londrina.
Numa das vezes que eu fui a Edimburgo estava acontecendo o maior evento anual da cidade chamado “The Military Tattoo”, que é um festival de bandas de regimentos militares de vários países do mundo que durante três semanas desfilam no pátio do castelo tocando hinos e fazendo evoluções. As arquibancadas ficam lotadas e hoje em dia a festa é transmitida pela TV para o mundo inteiro. O ponto alto é a apresentação dos soldados escoceses com suas gaitas de fole. A barulheira é infernal!
Situado no topo de um vulcão extinto, o Castelo é um conjunto de prédios erguidos ao longo de 8 séculos, tendo sido palácio real, fortaleza, prisão e base militar. Você visita a capela de Santa Margarida, que é o prédio mais antigo, o Argyle Battery com os canhões e a linda vista panorâmica da cidade, o calabouço, a casa do governador e o palácio, onde estão expostas as jóias da coroa escocesa.
O Palácio de Holyroodhouse, que é residência escocesa da rainha Elizabeth II, foi construído em 1498 onde antes existia uma abadia e até hoje tem seus salões abertos para festas e cerimônias públicas. Podem ser visitados os aposentos reais, a sala do trono e o grande salão de banquetes. Na nova Queen’s Gallerie estão expostas obras de arte da Coleção Real.
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Onde se hospedar?
Apesar de um pouco barulhento por estar em plena cidade antiga ao lado da Royal Mile, o Bank Hotel ocupa o prédio de um antigo banco e tem quartos enormes com nomes de escoceses famosos e diárias a partir de 90 libras ou 156 dólares. Bem barato.
Um dos melhores hotéis da cidade é o Caledonian Hilton, na Princes St., considerado uma verdadeira instituição escocesa. Seu restaurante La Pompadour é famoso. Diárias começando em 160 libras ou 280 dólares. Mais caro mas muito bom.
O que comer?
A comida escocesa tradicional é simples mas muito pesada, utilizando carne de boi, porco, cordeiro, legumes, frituras e muitos temperos. O prato mais famoso é o "haggis", um espécie de bolo de carne feito com coração, fígado e pulmões de ovelhas. Apesar da descrição parecer estranha, o prato é delicioso!
"Partan bree" é um creme com arroz e carne de caranguejo, e "abroath smokies" são pedaços de hadock defumado sobre batatas e alcaparras.
"Steak pie" é uma grande empada de carne com legumes muito popular.
O "red pudding" na verdade é uma grande salsicha vermelha de carne de porco e "cullen skink" uma delícia de sopa de bacalhau com batata e cebolas. A melhor sopa é o "scotch broth", que mistura cevada, carne e vegetais, e a melhor sobremesa é a "cranachan", feita com creme de leite, uísque, mel e framboesas. Ótima!
Onde comer bem:
The Atrium - 10, Cambridge St. - 0131 228-8882
Com decoração chique mas informal, oferece boas opções de comida escocesa moderna.No Blue Bar do andar de cima o cardápio é internacional. Bom e barato.
The Witchery - Castlehill, Royal Mile - 0131 225-5613
Ao lado da entrada do castelo, ambiente tradicional com culinária de primeira linha.
Sweet Melindas - 11 Roseneath St., Marchmont - 0131 229-7953
Os melhores peixes e frutos do mar da cidade com um leve toque asiático.
Se você gosta de jazz, não deixe de ir ao Jazz Bar - 1 Chambers St. - 0131 220-4298
Lugar, drinques e música da melhor qualidade...
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