A capital da Hungria é na verdade formada por três cidades: Buda em cima da colina, Óbuda em baixo na margem oeste e Pest do lado oposto do rio Danúbio. Todas cheias de monumentos históricos, museus centenários, igrejas e catedrais belíssimas e até uma mistura estranha de ruínas romanas, banhos turcos e construções neoclássicas. Deve ser por isso que Budapeste oferece ainda uma variedade enorme de hotéis de todos os preços, bons bares e restaurantes, um comércio razoável e uma agitada vida noturna.
Na última vez que estive lá me hospedei no excelente Kempinski Hotel Corvinus, de estilo bem modernoso por fora mas de um conforto e luxo surpreendentes por dentro. Seus enormes quartos são forrados de madeira clara com detalhes em preto e os enormes banheiros de aço e mármore são um oásis de elegância nesta envelhecida cidade. Localizado na praça Erzsébet, o hotel fica bem próximo do Danúbio (que de azul não tem mais nada), dos pontos turísticos e das principais ruas de comércio.
Não deixe de visitar:
A Basílica de St. Stephen, que tem um campanário de quase 100 metros de altura que é visto de qualquer ponto da cidade, uma imensa porta esculpida com os doze apóstolos, um sino de nove toneladas, um altar principal com uma estátua de St. Stephen, além de lindos mosaicos, pinturas e peças religiosas. Mas o que mais chama a atenção é uma estranhíssima relíquia guardada numa miniatura de igreja em prata: o braço mumificado do Rei István!
O Parlamento, na beira do rio, que só pode se visitado nos horários em que não há sessões e sempre com guias especializados, é de uma grandeza impressionante. As jóias da coroa húngara que ficaram bem guardadas em Fort Knox, nos EUA, desde a Segunda Guerra até 1978, estão expostas lá no grande salão do domo.
Os fãs de música clássica não podem deixar de conhecer o Museu Franz Liszt, instalado na casa onde viveu de 1877 a 1896 o maior compositor húngaro. Móveis, pianos, objetos e manuscritos mostram bastante sobre a sua incrível vida.
Outro bem interessante é o Museu Vasarely, dedicado à vida e obra do húngaro que ficou famoso mundialmente como o fundador do movimento da Op-Art em Paris nos anos 30, com mais de 500 obras suas. Fica no Zichy Palace, em Óbuda.
Também a Ópera Estatal merece uma visita, tal o luxo de sua construção. Erguida em 1884 quando dinheiro não era problema, seu interior é uma volta a um passado de riqueza e opulência, com escadarias, murais, candelabros e lustres deslumbrantes. Se você gosta de ópera e música clássica aproveite, pois como ela é subsidiada pelo governo, os ingressos são sempre muito baratos.
Os banhos turcos de Budapeste têm fama internacional há centenas de anos e sempre foram frequentados por pessoas de todas as idades. O maior e mais conhecido é o Gellért, no hotel do mesmo nome, com várias piscinas em estilo neoclássico revestidas de ladrilhos em todos os tons de verdes e azuis. O próprio hotel é um bom exemplo de Art Deco com seus mosaicos, colunas, escadarias e estátuas rebuscadas.
As fontes termais da cidade foram descobertas no século 13 pelos otomanos e já na Idade Média os tratamentos utilizando as águas sulfurosas faziam muito sucesso. Hoje os banhos são mais procurados pela turma da terceira idade às voltas com problemas de reumatismo e artrite, e também pela turma do terceiro sexo em busca de aventuras.
Para voltar ao tempo do Comunismo quando os artistas plásticos eram obrigados a trabalhar obedecendo a certas limitações e ordens, vá ao bizarro Parque das Esculturas e veja em pessoa Karl Marx, Engels, Lênin, Dimitrov e muitos outros cujas estátuas foram salvas da destruição quando o regime caiu. E como prova de que as coisas mudaram por lá, na lojinha do parque você pode comprar relógios e chaveiros do exército soviético além de CDs com inúmeros hinos comunistas! Argh!
Para ver e curtir o Danúbio, o gostoso é passear pela Ponte das Correntes (Széchenyi Lánchid), que foi a primeira a unir as duas margens. Em cada ponta ficam as enormes torres onde estão presas as grossas correntes que a sustentam. Vale a pena vê-la iluminada à noite. Nos fins de semana de verão a ponte é fechada ao trânsito e fica lotada de pessoas passeando por entre mil barraquinhas.
Você pode fazer um pequeno cruzeiro ou mesmo ir até Viena ou Bratislava de barco. De maio a setembro há cruzeiros noturnos com jantar à luz de velas e muitas valsas enquanto navega-se vendo os monumentos, palácios e pontes iluminados.
Você pode também ir até a ilha Margaret, onde há um convento do século 13, muitos jardins e um ótimo parque com piscinas e banhos termais. Lá o melhor é alugar uma charrete por uma hora e passear conhecendo a ilha toda.
No alto da colina de Buda fica o Palácio Real ou o Castelo, como é conhecido por todos, que na verdade é um conjunto de vários prédios contruídos a partir do século 13 pelo Rei Béla IV para defender a cidade, o que não adiantou nada quando os turcos chegaram e a destruíram toda no século 16. O que se vê hoje foi obra dos Habsburgos que finalmente no século 19 restauraram toda a cidade no mais puro estilo imperial.
Lá no castelo ficam o Palácio Sándor, residência oficial do presidente, o Museu Histórico e a National Gallery, com pinturas de artistas húngaros surpeendentes como Máster MS, Pai Szinyeo-Merse, Károly Ferenczy e Mihály Munkácsy, considerado o melhor do país.
As obras mais importantes são as do Movimento de Secessão que teve início em Viena em 1880 e que deu forma mais tarde à Art Deco nos anos 20. Com cores fortes, desenhos fantasiosos e formas estilizadas, o movimento abrangeu todas as formas de artes visuais e decorativas. Ótimos exemplos desse período são os azulejos e as cerâmicas que revestem muitos prédios da cidade.
Depois de visitar o castelo, descanse num dos muitos bares ou pequenos cafés com mesinhas do lado de fora nas ruelas que circundam o castelo e beba um copo do vinho local, maravilhoso. Todo mês de setembro lá acontece o Festival do Vinho, quando os melhores vinicultores apresentam suas mais novas criações. Imperdível.
Mas e as compras?
Por muitos séculos a Váci Utca foi o ponto central do comércio da Hungria. Mercadores, contrabandistas, prostitutas e o povo se misturavam nas lojinhas e hospedarias de então. Agora está tudo mais organizado: na parte sul fica o comércio e na norte os bares e restaurantes, o que garante muito movimento dia e noite. Apesar de não ter ainda todas lojas internacionais que qualquer viajante encontra hoje em dia pelo mundo a fora, há uma pequena Marks & Spencer e boas lojas de suvenires. Vale a pena passear e conhecer a Zsolnay Markabolt com suas cerâmicas, a Thonet House com seus cristais e o Mercado Central, na foto abaixo, que além de verduras, frutas, carnes e mercearia tem no segundo andar vários balcões de produtos típicos bem baratos.
Para tomar um café e comer uma uma gostosa torta vá no Gerbeaud Cukrázda, a mais famosa casa de chá da cidade desde 1858, com serviço impecável. Para um almoço ou jantar tarde da noite vá no Club Verne, um restaurante-bar subterrâneo com decoração baseada no livro 20 Mil Léguas Submarinas, do Jules Verne.
Como sempre ocorre em lugares cheios de gente, preste muita atenção à sua carteira ou bolsa, pois os batedores de carteira estão sempre à espreita, da mesma forma que louras sinuosas e rapazes simpáticos que se oferecem para sentar com você e tomar um drinque. Cabe a você dizer não...ou sim!
Também como em outras cidades do Leste Europeu, sempre que for tomar um taxi combine antes o preço e peça para o motorista escrever o valor, pois com a desculpa de não ter entendido direito a língua, 20 euros viram 200...
Para mais compras você deve ir ao WestEnd City Center (Váci út 1-3) um grande prédio com mais de 400 lojas bem perto da estação de trem. Na Polgár Galeria (Kossuth Lajos utca) há antiguidades e objetos de arte de artistas contemporâneos a preços razoáveis, e na Rózsavölgy Zenemübolt (Szervita tér 5) você encontra uma das melhores seleções de discos de música clássica no térreo e Pop e Rock no subsolo. E como sempre o mercado das pulgas atrai multidões em busca de uma boa pechincha. O de Budapeste fica no parque Városliget (XIV Zizhy Mihály utca 14).
Restaurantes que fui e recomendo:
Kaksa (1, Fö utca 75 – 201 9 92) – Em húngaro “kaksa” quer dizer pato, portanto você já adivinhou o que vai comer de melhor, oferecido de mil formas diferentes. É claro que há outras opções no menu, mas quer um conselho? Peça pato.
Gundel (XIV Állattkerti út 2 – 468 40 40) – O melhor da cidade desde o século 19, cozinha húngara clássica com um toque moderno. Paletó obrigatório para os homens. Caro mas vale a pena. E você ainda pode comprar patês, vinhos e outros produtos de sua própria marca na butique.
La Fontaine (V Mérleg utca 10 – 317 37 15) – O melhor francês de Budapeste, com ambiente simples e descontraído, barato, carta de vinho marvilhosa e um menu com muitas opções deliciosas. O “coq au vin” é divino...
E para terminar a noite com jazz e blues, vá ao Jazz Garden (V Veres Pálné utca 44/a – 266 73 64), que além da música ao vivo serve quitutes húngaros da melhor qualidade.
Algumas dicas sobre a comida húngara:
Libamáj Zsírjábaran é fígado de pato frito na própria gordura, um manjar dos deuses! Kolbász é a típica lingüiça húngara, bem apimentada. Bakonyi Sertésborda é costeleta de porco acompanhada de creme de cogumelos. Halászlé é uma sopa de carpa temperada com páprica, ótima para esquentar no inverno. Marhapörkölt Tarhonyával é um sensacional goulash de carne com molho forte de páprica e massinha.
E se você gosta de uma boa cerveja, meio quente mas baratíssima, você está na cidade certa! Peça em qualquer lugar Arany Aszok, Köbányai ou a Dreher.
E faça o brinde em húngaro: EGÉSZSÉGEDRE!!!
sábado, 13 de outubro de 2007
THE BEST OF BUDAPEST
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