sexta-feira, 6 de março de 2009

REDESCOBRINDO MADRI

Eu não ia a Madri há mais de 40 anos, e não me lembrava de nada da cidade a não ser do imponente prédio do Museu do Prado e das largas avenidas cheias de árvores e praças circulares nos cruzamentos sempre com estátuas e chafarizes.

Pois tudo isso e muito mais continua lá, fazendo dessa Madri do século 21 uma grande, moderna, movimentada e barulhenta metrópole, com calçadas apinhadas de gente, um variado comércio e mil restaurantes oferecendo de tudo em matéria de gastronomia espanhola e internacional.

O primeiro lugar que visitei foi o Palácio Real, maravilhoso, para mim um dos mais bonitos que já vi. Salas, salões, quartos e corredores amplos e claros, decorados com maior bom gosto, apesar dos dourados e dos veludos. Chamam a atenção o imenso salão de banquetes com a maior mesa do mundo e os pesadíssimos lustres de bronze com mais de cem velas cada!

Não deixe de ver a Real Armeria com uma coleção de armaduras de ferro dos reis, soldados e cavaleiros expostas num pavilhão do outro lado da Praça de Armas. São mais de cem delas de todos os tipos, inclusive várias de crianças, além das pesadas proteções que os cavalos usavam nos combates e nas competições.
Armas, lanças, espadas, maças, punhais e bestas, muito bem dispostas nas vitrines, impressionam pela perfeita conservação.

Na saída do palácio, como já era hora do almoço, atravessei a Praça do Oriente e almocei no Café do Oriente, um dos restaurantes mais antigos da cidade. A decoração evoca os tempos da Belle Époque e comida é leve e gostosa. Se não estiver fazendo muito frio você pode comer nas mesinhas ao ar livre e se deliciar com a vista da praça cheia de estátuas com o palácio ao fundo.

Depois do almoço dei uma volta pelo bairro antigo, ali perto, com as ruelas estreitas e prédios velhos com varandas cheias de roupas penduradas. Muitos cafés, bares e tabernas ficam na Cava Alta e na Cava Baixa, duas ruas paralelas que começam na Plaza Del Humilladero.

A taberna La Chata, das mais antigas da cidade, é animadíssima à noite, e a comida muito boa e barata.

Mais alguns passos e você está na Gran Via, a avenida mais movimentada da cidade, cheia de prédios altos, hotéis, lojas, escritórios e um trânsito de deixar São Paulo no chinelo. A turma andando apressada nas calçadas nos faz lembrar um pouco o movimento da 5ª Avenida de Nova York. Nas ruas transversais você encontra um restaurante atrás do outro com uma grande variedade de comidas e preços.

Uma visita nova para mim: o Monastério das Descalças Reais, um oásis de silêncio entre a Gran Via e a Puerta Del Sol. O prédio era um palácio que em 1555 foi transformado em convento pela irmã de Felipe II, Joana da Áustria. Apesar das freiras serem da Ordem das Franciscanas, ficaram conhecidas, por causa de suas famílias aristocráticas, como as “descalças reais”.
O convento é um verdadeiro museu, com quadros, afrescos, esculturas, tapeçarias, cerâmicas, roupas antigas e muitos objetos de prata, tudo doado pelas ricas famílias das freiras. Na capela está o túmulo de Joana da Áustria.

Para visitar o convento você tem que esperar formar um grupinho de 15 pessoas, mas são tantos os visitantes que sai uma visita guiada atrás da outra. Eu fiquei impressionado com a Capela da Virgem de Guadalupe e com o claustro cheio de obras de arte dos séculos 16 e 17.

Se você, como eu, gosta de arte, tem que visitar os três principais museus da cidade:
Prado, Thyssen-Bornemisza e Reina Sofia.
Clique nos nomes deles em azul e faça três visitas virtuais, cada um com um acervo mais importante que o outro.



No Prado a exposição especial que está agora em cartaz é do Francis Bacon – tem que comprar ingresso com antecedência para não ficar horas na fila. Dessa eu escapei, pois não gosto da sua arte...

No Thyssen uma mostra intitulada “A Sombra” apresenta quadros desde o Renascimento até hoje em dia onde as sombras são o destaque. Uma pesquisa das mais interessantes de se ver.

E no Reina Sofia o artista “cult” nova-iorquino Paul Thek expõe desenhos, pinturas e fotos de suas instalações.

Se você ainda não leu a minha postagem de maio de 2008 com muitas outras informações sobre Madri, clique aqui.

Se já leu, aqui vão mais dicas:

Dificilmente você vai comer mal em Madri, pois dos “tapas” às “paellas”, das simples tabernas aos restaurantes de luxo, a gastronomia espanhola é nota 10! E a comida é bem barata em comparação com as outras cidades da Europa.

Restaurantes que eu fui e recomendo:

De Maria (Calle Preciados 32, tel. 91 521 16 03) próximo à Gran Via, uma excelente casa de “parilla” (churrasco) oferecendo uma variedade impressionante de carnes, lingüiças, saladas e ótimas sobremesas. Ambiente moderno, serviço rápido e nada caro.

Taberna de Alabardero, perto do Palácio Real, é um dos restaurantes mais tradicionais da cidade com um cardápio internacional bem moderno, além de ótimos tapas. Freqüentado pelos próprios madrilenos, tem vários salões decorados com móveis e objetos antigos. Excelente.

Bazaar, no bairro “gay-friendly” da Chueca, está sempre com os dois andares lotados, pois sua comida é boa e barata e o ambiente não poderia ser mais descontraído. Parecendo um grande armazém todo branco, o restaurante ainda vende seus próprios produtos culinários. Peça o camarão envolto em linguado e beba um Rioja branco para acompanhar. Muito bom.

Para "picar" (beliscar) ótimos “tapas” ou "pintxos" (tapas menores) vá a um dos três Depintxos, barulhentos e divertidos restaurantes sempre cheios de gente jovem e descolada. Mil tipos diferentes de tapas, sanduíches e saladas, além de doces (postres) deliciosos.

No dia que você for ao Prado, almoce do outro lado da rua no La Cocina de Neptuno (C. Cervantes 44 - semiesquina Plaza de Neptuno - 91 36 94069) especializado em cozinha mediterrânea. Carnes, massas, saladas e frutos do mar deliciosos e bem baratos.

Para uma experiência gastronômica diferente e chique, vá ao Teatriz, instalado no antigo Teatro Beatriz que foi todo reformulado pelo Phillipe Stark.

Com sua esplêndida imaginação, ele posicionou as mesas na platéia e no balcão e colocou um grande bar de mármore iluminado por dentro em pleno palco! Cortinas brancas esvoaçantes completam o cenário. Comida ótima, serviço perfeito, caro, mas excelente.

Para ótimos frutos do mar vá ao Tres Encinas, também perto da Gran Via, com peixes, mariscos, lagostas e muitas paellas. No térreo funciona um bar de tapas e o restaurante fica no segundo andar. Tem na porta aquele aquário enorme para você escolher o caranguejo que vai para a panela! Preço médio, ótimos vinhos, bom serviço.

E as compras?

Como na maioria das ciades espanholas, o El Corte Inglés é a melhor opção, com tudo à sua disposição: roupas, perfumaria, decoração, brinquedos e muito mais. Só em Madri são 4 lojas enormes! E outras tantas lojas Zara agradam à turma mais jovem.
A Gran Via tem um comércio bem variado, sendo que as lojas de sapatos masculinos chamam a atenção pela qualidade e variedade de modelos. As botas femininas também são ótimas, bonitas e leves.

Para as grifes internacionais, vá direto à Calle de Goya e à Calle de Serrano, e você vai encontrar as lojas da Chanel, Vuitton, Burberry, Carolina Herrera e muito mais. Produtos de luxo, preços nas alturas!

Dessa vez fiquei no Hotel Tryp Ambassador, um ótimo 4 estrelas com quartos enormes e um fartíssimo café da manhã. A dois passos da Gran Via e quase ao lado do Palácio Real e do Teatro Real, na cidade antiga, dá para você circular bastante a pé. Diárias a partir de 144 euros mais taxas.

Uma sugestão: logo ao chegar a Madri compre em qualquer jornaleiro o "Guia del Ocio" ,um livreto semanal que custa apenas 1 euro e publica toda a programação da cidade, dos cinemas aos teatros, dos museus aos restaurantes, das lojas aos esportes. E descubra por sua conta o que a cidade tem de melhor...

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