quinta-feira, 27 de novembro de 2008

DIÁRIO DO GUIA # 5: A GORGETA SENSUAL...

Trabalhando como guia, além da passagem aérea, da hospedagem, dos passeios e dos ingressos para museus e atrações, eu ganhava uma diária de trabalho proporcional à viagem que estava capitaneando. Em idas para Miami e Orlando a minha diária era de 70 a 85 dólares, pelas Américas, Canadá e Europa entre 90 e 100 e para o Oriente de 150 a 200. A meu ver um bom pagamento, pois além de trabalhar eu estava também passeando, conhecendo lugares novos, me divertindo muito, vendo shows e exposições e ainda fazendo amigos. Isso sem contar as comissões pagas por algumas lojas se o grupo fizesse boas compras.

Além disso tudo, era de praxe o guia receber uma gorjeta dos passageiros no final da excursão que, é claro, variava de acordo com o meu desempenho durante a viagem e com o bolso deles. Uma pessoa do grupo recolhia o dinheiro, colocava num envelope e me entregava na frente de todos fazendo um pequeno discurso, quase sempre no ônibus para o aeroporto no dia de voltar ao Brasil.

Eu não posso me queixar porque sempre tive a sorte de levar grupos de ótimas agências, com passageiros de excelentes condições financeiras e bem generosos. E, modéstia à parte, eu era um bom e divertido guia. As gorjetas chegavam às vezes a mais de mil dólares! É só fazer as contas: uma média de 42 passageiros, cada um dando de 20 a 30 dólares – o que não é muito – e o polpudo envelope encerrava a viagem com chave de ouro!

Uma vez eu estava com uma turma em Nova York e na véspera de voltar uma das passageiras me chamou num canto do lobby do Hilton e disse que o grupo estava tão satisfeito comigo que queria me dar de presente uma grande TV a cores! Quase tive um ataque! Uma TV? Seria o maior presente de grego, pois como é que eu ia entrar no Brasil com ela? Com a cota na época de só 100 dólares para eletrodomésticos e a TV custando mais do dobro, eu ia ter que pagar uma multa bem alta aqui no Galeão.

Pedi que a senhora tentasse convencer a turma de que o melhor era dar a gorjeta em dólares naquele mesmo dia se possível, até porque eu estava duro e podia aproveitar essa grana para umas boas comprinhas no Bloomingdale’s. Fui rápido para o quarto me arrumar pois alguns casais iam comigo assistir ao show “Woman of the Year” com a Raquel Welch em menos de uma hora. Mal saí do banho e o telefone tocou.

Era a tal senhora dizendo que todos concordaram com a minha sugestão e que eu devia passar no quarto dela para receber o recheado envelope. Agora, atenção: eu preciso descrever essa senhora: loiríssima oxigenada, cinqüenta e poucos anos (mais velha que a minha mãe na época), toda plastificada da cabeça aos pés, cafona a não poder mais, metida a brotinho (só andava de short e saltos bem altos), coberta de jóias e sempre pronta para dar palpites na vida de todos do grupo. Mas afora isso, muito simpática e alegre.

Acabei de me vestir, de blazer e gravata – naquela época a ida ao teatro era bem mais caprichada – desci um andar e bati na sua porta. “A porta está aberta”, disse ela, “pode entrar!” E foi aí que a coisa engrossou...

O quarto estava na penumbra, apenas um abajur aceso com um lenço vermelho por cima, um balde de gelo com champanhe e duas flûtes, e deitada na cama de camisola de renda preta transparente estava a madame, passando o polpudo envelope entre os siliconados seios!

Fiquei estático com aquela cena de sedução explícita! Entro ou não entro? Pego ou não pego o envelope? Será que ela vai me agarrar? Mais velha que a minha mãe...

Respirei fundo e entrei no quarto. Falou para eu sentar na cama e me serviu o champagne (americano) não muito gelado. Fazendo todo o charme possível para entregar o dinheiro, ela disse que se eu quisesse poderia ganhar outros envelopes iguais ou mais polpudos do que aquele, desde que...

Eu, sempre muito falante e animado, perdi a fala. Não sabia o que dizer nem o que fazer. O silêncio era constrangedor.

Mas logo a sorte bateu à porta: dois outros casais amigos dela que iam ao teatro e que estavam hospedados nos quartos ao lado passaram, viram a porta meio aberta e entraram, acendendo a luz. E me salvaram perguntando: “Luiz, recebeu a gorgeta? Já está na hora do show, vamos? O que houve fulana, você está doente, não vai com a gente?”

Ela, muito sem graça, me deu o envelope e na cama ficou, enquanto nós cinco saímos do quarto, eu saltitante com os meus muitos dólares no bolso e aliviado de ter escapado da embaraçosa situação sem maiores problemas.

No dia seguinte, com mais uma mala entulhada com tudo o que eu tinha comprado rapidinho naquela manhã com os mil e tantos dólares da gorgeta, no traslado para o aeroporto eu agradeci a todos o presente enquanto ela mal olhava para a minha cara. E nem depois de chegar ao Rio se despediu de mim. Mas até hoje eu me pergunto o que teria acontecido se os casais não tivessem entrado no quarto...

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

QUEBRANDO A BANCA EM LAS VEGAS!

Nas várias vêzes que fui a Las Vegas sempre me impressionou muito aquela jogatina que não acaba nunca! Mas sem entender bem as regras das dezenas de jogos, eu acabava apostando só nos velhos caça-níqueis, fáceis e confiáveis (até certo ponto...)
Um dia vi ao lado de uma mesa um rapaz com o uniforme do Caesar's Palace explicando pacientemente os macetes do "21" para duas moças. Falei com ele e recebi não só um livreto com a descrição e as regras de todos os jogos, como também aprendi na hora como jogar o tal do "21".

Depois de ler o folheto de ponta a ponta tudo ficou mais fácil. Separei 100 dólares e tentei a sorte na roleta, no bacará e nos dados. É claro que depois de ganhar e perder várias vêzes, acabei perdendo tudo - pouquíssima gente ganha dos cassinos - mas me emocionei e me diverti bastante e por muito mais tempo. Mas fiquei só nos 100 dólares.
Por acaso achei agora o tal livreto, meio desbotado depois de 26 anos e aproveito para divulgar as regras de alguns jogos, que, acreditem, continuam as mesmas. Eu verifiquei tudo na Internet!
Boa sorte na sua próxima vez em algum cassino! Quem sabe você não arrebenta a banca?

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DADOS

Um dos jogos mais ágeis e excitantes é o de dados, conhecido nos Estados Unidos como “Craps”. O jogo é operado por um “stickman” que manuseia os dados, dois crupiês que recolhem e pagam as apostas, e um “boxman” que observa o jogo e assegura o pagamento correto. Jogar dados é muito mais fácil do que parece. A idéia básica é apostar nos números que vão aparecer no par de dados.

A pessoa que joga os dados é o “shooter”, ou atirador. Você tem que jogar os dados com força para que eles batam na parede do outro lado da mesa e voltem. Você pode apostar Pass Line, a favor do atirador, ou Don’t Pass Line, contra. Se fizer a aposta Pass Line, você está apostando que o atirador vai tirar 7 ou 11 no primeiro rolar dos dados. Se ele conseguir, vocês dois ganham. Se o atirador obtiver 2, 3 ou 12 (conhecidos como “craps”), ambos perdem.

No primeiro rolar dos dados (ou “come out roll”), qualquer número obtido diferente de 2, 3, 7, 11 ou 12 se torna o ponto. O objetivo do atirador é obter este ponto antes de rolar um 7.

Ao apostar na Don’t Pass Line, as regras acima são totalmente invertidas, com a seguinte exceção: se no primeiro rolar dos dados o atirador obtiver 12, esse número é considerado empate – ninguém perde ou ganha. Caso contrário você ganha se o atirador tirar 2 ou 3 no primeiro rolar dos dados e perde se o atirador rolar 7 ou 11. Mas se o atirador faz o ponto antes de rolar um 7, você perde!

Depois que a jogada tiver começado e o atirador tiver feito um ponto, você pode fazer apostas adicionais colocando suas fichas na Come Line. As mesmas regras se aplicam quando o atirador está fazendo a primeira rolagem dos dados: se qualquer outro número resultar, o mesmo torna-se seu número particular. Para você ganhar, esse número deve ser obtido novamente antes de um 7. Se o 7 aparecer primeiro, você perde a sua aposta.

Entre outras opções de apostas estão: “Field” ou “Campo” (apostar que 2, 3, 4, 9, 10, 11 ou 12 serão obtidos numa jogada particular).
As apostas “Proposition” (apostar numa única jogada de dados, com prêmio alto) e as apostas “Hardway” (4, 6, 8, ou 10 rolados em um par de dados idênticos).
Para um iniciante, pode ser boa idéia começar com uma aposta Pass Line e então, talvez, tentar uma aposta “Come”. Não se preocupe se cometer um engano: os crupiês estão sempre prontos para explicar as regras do jogo.

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BACARÁ

Este jogo foi inventado na Europa, onde é conhecido por “Chemin de Fer”, no século 15! Seu objetivo consiste em ir tirando cartas até formar o número 9. As figuras e os 10 ou qualquer outra combinação de cartas que totalize 10 não valem nada. Todas as outras cartas são iguais ao seu valor nominal.

Diferente dos outros jogos de cartas, o Bacará é sempre jogado de acordo com as mesmas regras, sem variações.

O crupier embaralha oito baralhos completos e os coloca dentro de uma caixa chamada “sabot” na Europa e “shoe” na América. Você escolhe se quer jogar como banca ou como jogador. Se você for banqueiro, vai tirando as cartas do “shoe” e as distribuindo entre os participantes. Quem está com o “shoe” continua com a banca enquanto estiver ganhando. Quando outro jogador vencer, este se torna a banca e o “shoe”. Se não quiser a banca pode passá-la para outro jogador.

O banqueiro distribui duas mãos de duas cartas cada, com as faces para baixo. Todos apostam. As duas cartas dadas ao jogador são viradas e o crupiê anuncia o resultado. Só então a mão da banca é revelada. Se uma terceira carta for necessária para qualquer das mãos, ou as duas, o crupiê a solicitará e anunciará os resultados.

A mão cujo total chegar mais perto do número 9 vence. Um 8 ou um 9 são considerados normal e nenhuma outra carta é retirada. Os vencedores são pagos em valor igual ao apostado e a casa fica com 5% sobre as apostas ganhadoras da banca.

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VINTE-E-UM

Vinte-e-Um ou Blackjack é um dos jogos mais populares nos cassinos, e é uma adaptação do jogo francês “vingt-et-un”. Como o nome sugere, o objetivo é conseguir cartas cuja soma seja 21 ou o mais próximo possível, sem ultrapassar esse valor.

Todos os jogadores apostam contra a banca, que é o crupiê. Depois de colocar sua aposta sobre a mesa, ele distribui duas cartas com a face para baixo a cada jogador.
Alguns cassinos dão as cartas viradas para cima, mas o jogo é igual. O crupiê retira por último duas cartas para si, uma virada para cima e outra para baixo. A carta virada para baixo é chamada de carta oculta, e adivinhar o seu valor é que torna o jogo emocionante!

O 10, o Valete, a Dama e o Rei valem 10. O Ás conta como 1 ou 11. As outras cartas têm valor nominal. Você pode pedir cartas adicionais, uma por vez, para chegar mais perto dos 21. Mas se passar você perde e o crupiê recolhe a sua aposta. Se suas cartas somarem um número maior que o do crupiê, mas menor que 21, você ganha. Se o contrário ocorrer, você perde. Um empate termina sem que ninguém ganhe ou perca.

O crupiê não pode escolher entre pegar novas cartas ou ficar apenas com as que tem. Se a soma for 16 ou menos, ele tem que puxar novas cartas. Se totalizarem 17 ou jais, o crupiê fica com o que tem. Depois que cada jogador estiver satisfeito com suas cartas, o crupiê abre a carta encoberta e, se a soma for 16 ou menos, ele terá que ir pegando cartas até chegar a 17 ou mais. Se estourar, terá que pagar a todos os jogadores.

Simples sinais de mão são usados para indicar se você quer cartas (hit) ou não (stand). Você também pode dobrar a aposta (dobrar o valor da aposta original e receber apenas uma carta), dividir pares de cartas iguais, ou solicitar seguro contra a possibilidade do crupiê obter 21.

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CAÇA-NÍQUEIS

As máquinas caça-níqueis (ou “slot machines”) oferecem uma variedade de modelos para agradar, virtualmente, qualquer um! Embora os caça-níqueis de alta tecnologia de hoje estejam muito distantes dos mecânicos de antigamente, o objetivo continua o mesmo: alinhar uma série de símbolos giratórios (cerejas, limões, barras, setes, etc.) numa fileira só para ganhar dinheiro.

Os cassinos oferecem hoje uma combinação de caça-níqueis mecânicos, eletromecânicos, em vídeo ou em telas sensíveis ao toque, permitindo que você mude de jogo a qualquer minuto. Há máquinas de 3 a 9 figuras para alinhar, com linhas cruzadas múltiplas, assim como máquinas progressivas e algumas especiais que incluem Vinte-e-Um, Quino, Videopôquer, Vídeobingo e até corridas de cavalo e cachorro em vídeo!

Os caça-níqueis são muito divertidos e fáceis de jogar. É só colocar uma ou mais moedas e puxar a alavanca. As luzes piscando e as campainhas tocando avisam que você ganhou um prêmio, e todos à sua volta vão morrer de inveja!

Os caça-níqueis progressivos acumulam um prêmio total mais alto com base no valor total do que foi jogado naquela máquina. Os prêmios das máquinas progressivas duplas alternam-se entre duas, e nas máquinas “carrossel” o prêmio é baseado nos valores de várias máquinas em volta. Há até máquinas ligadas em redes estaduais, pode?

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APOSTAS ESPORTIVAS

A maioria dos cassinos oferece apostas em muitas competições esportivas numa área chamada de “Sports Book”, normalmente junto com as apostas em corridas de cavalos (“Race Book”). Em vários telões são mostradas ao vivo as chances, as diferenças de pontos e escalações de uma variedade de jogos esportivos profissionais e amadores, permitindo que você faça a sua aposta e acompanhe o evento no momento em que está acontecendo.

São feitas apostas em jogos de futebol, rúgbi, beisebol, basquete, vôlei, hóquei, boxe, golfe e até corrida de carros.
Além das apostas diretas, há outros tipos de apostas, incluindo "propositions",
"teasers”, “parlays” e apostas futuras. Mesmo que você não seja um expert, a aposta esportiva pode ser uma maneira desafiadora e barata de colocar emoção na sua vida!

Nas corridas de cavalos a emoção é sempre grande, pois você aposta vendo transmissões ao vivo, em circuito fechado, de corridas de cavalos puro-sangue acontecendo em vários hipódromos dos Estados Unidos ao mesmo tempo. Das apostas diretas em algum conjunto (vencedor, colocação e placê) até apostas mais exóticas, jogar nos cavalos é bem emocionante.

Para facilitar a sua vida, os Race Books dos cassinos normalmente fornecem jornais locais, tabelas de corridas e outras publicações aos jogadores, que podem ter dicas e informações sobre as corridas dos hipódromos de Nova York, New Jersey, Maryland, Flórida e Califórnia, entre muitos outros. Se você não conhece o esporte, os anotadores do Race Book terão prazer em responder as suas perguntas.

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JOGOS INTERATIVOS

Os moderníssimos aparelhos de vídeo de alta tecnologia estão dando uma nova dimensão à diversão e à adrenalina que a experiência de jogar nos cassinos de Las Vegas proporciona. Eles têm telas sensíveis ao toque, gráficos em terceira dimensão, mil opções de jogos múltiplos e som surround, inovações de última geração que envolvem totalmente o jogador!

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$ROLETA

Adivinhar em que lugar a bolinha branca vai parar na roda numerada é o que faz da roleta um dos jogos mais populares do mundo desde o tempo da Grécia antiga. A roleta é um jogo fácil, mas emocionante até não poder mais!

A mesa tem números iguais aos da roda, incluindo o “0” e o “00”. Para jogar você primeiro compra fichas especiais de roleta chamadas “checks” do crupiê. As fichas têm valores diferentes e cores distintas para cada jogador, e só valem nas roletas, não podendo ser resgatadas em nenhum outro lugar do cassino.

Você pode apostar quantas vezes quiser, e o valor da recompensa de uma aposta vencedora é determinado pelo montante da aposta e do tipo de aposta feita. Os prêmios variam de 35 para um, até um para um, determinados pela combinação de números e cores que você escolher. Podem ser feitas apostas únicas em números individuais ou em vários grupos de números ou colunas. Você também pode apostar só no vermelho ou no preto.

O crupiê gira a roda num sentido e solta a bola no sentido contrário, junto à borda interna do disco giratório. À medida que a roleta desacelera, a bola cai aleatoriamente numa casa numerada, preta ou vermelha. O crupiê coloca um marcador sobre o número vencedor e paga os ganhadores de acordo com as apostas.

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PÔQUER

O Pôquer é um clássico americano jogado com um baralho de cartas manipulado apenas por crupiês profissionais. A maioria dos cassinos tem salas especiais de Pôquer que oferecem uma série de variações do jogo, como Pôquer de Sete Cartas, Texas Hold-em, High-low Split, Razz e High-low Split de Omaha.

Talvez a forma de Pôquer mais conhecida seja o Pôquer de Cinco Cartas (Five Card Stud). Nesse jogo você tenta juntar a mão mais alta possível ao pegar e descartar várias cartas que lhe são entregues. Você joga contra os outros jogadores e o cassino fica com uma comissão (Rake). A mão mais alta, um Royal Flush, é formada por um Ás, um Rei, uma Dama, um Valete e um Dez, todos do mesmo naipe. A mão mais baixa normalmente é uma dupla (Pair).

Os jogos, os limites e o valor do rake são claramente divulgados antes do jogo, quando o crupiê explica as regras básicas e esclarece qualquer dúvida.

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LET IT RIDE

Esta é uma nova variação do Pôquer que oferece grandes prêmios e emoções! Baseado no Pôquer de Cinco Cartas, o Let It Ride tem como objetivo juntar um par de 10 ou de cartas maiores, usando três cartas entregues ao jogador e duas cartas comunitárias dadas pelo crupiê. Nesse jogo são todos contra o cassino.

Os jogadores apostam três fichas iguais e recebem três cartas abertas. Se você achar que a sua mão é vencedora, pode deixar as três fichas na mesa. Se achar que a mão é fraca, pode recolher a primeira. O crupiê mostra a primeira das duas cartas comunitárias que serve a todas as mãos da mesa.
Há então a opção de pegar de volta a segunda ficha ou deixar correr. A terceira ficha permanece. O crupiê mostra, então, a segunda carta comunitária. Os vencedores são pagos com base nas mãos que tiverem um par de 10 ou maior, sendo que o par de 10 paga o valor da aposta.

$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$$PÔQUER PAI GOW

Esse é um jogo de cartas fascinante que combina elementos do antigo jogo chinês Pai Gow com o clássico Pôquer americano, jogado com um baralho de 52 cartas e um curinga, que só pode ser usado como um Ás ou para completar uma Seqüência (Straight) ou um Flush.

Você recebe sete cartas que devem ser arrumadas em duas mãos separadas: uma de duas cartas e uma de cinco. Os valores são baseados no Pôquer tradicional. Portanto a mão de duas cartas mais alta é um par de Ases e a de cinco cartas mais alta é um Royal Flush. Sua mão de cinco cartas (conhecida como mão alta ou “high hand”) deve ser sempre maior que a de duas cartas (mão baixa ou “low hand”).

O objetivo do jogo é que ambas as mãos tenham um valor maior que as mãos do crupiê. Caso uma das mãos tenha exatamente o mesmo valor da mão da banca, há um empate e a banca é ganhadora. Se o jogador ganhar uma mão e perder a outra, considera-se um empate (“push”) e o dinheiro não troca de mãos. As mãos vencedoras pegam o dinheiro equivalente ao da aposta menos a comissão do cassino de 5%.

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KENO

O Keno nada mais é que uma variação do tradicional jogo de crianças Loto e do seu primo moderno Bingo, sendo um dos jogos mais fáceis dos cassinos.

Uma cartela do Keno tem 80 quadrados numerados, dos quais você pode selecionar até 20 números e entregar à mesa ou ao recolhedor, junto com a sua aposta. Você fica com uma cópia, que é o seu recibo. Durante cada corrida ou “race”, que é outro termo para o jogo, 20 bolas numeradas são misturadas e retiradas aleatoriamente de uma esfera, como num Bingo.

Muitos cassinos têm recolhedores de Keno que anotam as apostas para você, permitindo que você aposte nos seus números favoritos enquanto vê os resultados pelos enormes painéis eletrônicos instalados em restaurantes, bares, saguões e até banheiros!

O seu ganho depende do tipo de cartela que você joga (por exemplo, “straight” ou “way”), do valor apostado e do total dos números acertados. Não há limite sobre o número de cartelas que você pode jogar. Em muitos cassinos existe o Keno Multirace, que permite jogar numa série consecutiva de corridas, de uma só vez. Se você tiver uma cartela vencedora, entregue-a a um recolhedor e ele traz o prêmio em dinheiro vivo.

Agora há também o Videokeno, que é uma versão eletrônica individual do mesmo jogo, na qual você só escolhe a quantidade de números que quer apostas (de 1 a 20) e a máquina os escolhe aleatoriamente. Você ganha de acordo com a quantidade de acertos. Nessas máquinas você pode apostar de 5 centavos a 25 dólares.

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Esses são os jogos mais badalados, mas cada cassino está sempre inventando uma novidade para atrair os jogadores inveterados e entediados, como a Roda da Fortuna (igual às das quermesses brasileiras) ou o Morte Súbita, um jogo em que você tira uma carta, o crupiê tira outra e quem tiver o número maior ganha! Só isso!

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

CHICAGO, CHICAGO, THAT TODDLIN' TOWN!

Desde o meu tempo de garoto que eu queria conhecer Chicago só pela música que foi um dos maiores sucessos do Frank Sinatra no início dos anos 50. Por conta da letra da canção eu imaginava uma cidade sempre em ebulição, colorida, bem alegre e romântica ao mesmo tempo, tudo o que ela deveria ser mesmo naquela época.

Mas na primeira vez que eu fui lá 20 anos depois, para variar guiando um grupo de 40 turistas brasileiros, levei o maior susto! Eu e a turma pensamos que tínhamos pousado em algum país da África, pois só vimos negros no aeroporto, nas ruas, nos ônibus e até no nosso hotel, o ótimo Conrad Hilton bem de frente para o lago. A população branca era minoria! Nada contra, mas foi uma grande surpresa para todos.

E não eram negros como os que estávamos acostumados a ver no Brasil, calmos e mais simples. Eram negões de dois metros de altura com cabelo “black-power” vestidos com incríveis roupas coloridas, sapatos de salto alto e plataforma, cheios de correntes, pulseiras, relógios e enormes anéis de ouro, chapéus com penas, arrogantes e brigões!

As mulheres usavam eriçados penteados afros com pentes e fivelas de marfim enfiados neles, unhas bem compridas pintadas que nem arco-íris, brincos de argola tão grandes que poderia agüentar um papagaio, vestidões soltos multicoloridos, sapatões de salto altíssimo e jóias bem exageradas. Sem falar na maquiagem e nas pestanas postiças de um palmo! Ninguém conseguia tirar os olhos desses espécimes, que mais pareciam saídos de um show musical psicodélico do tipo "Hair". Eram os anos 70 a todo o vapor!

As senhoras do grupo ficaram apavoradas, pois se você olhasse muito os homens fechavam a cara e vinham tomar satisfação. Chamei o grupo num canto para distribuir as chaves dos quartos e tentei acalmá-los, pedindo para não ficarem olhando para aquela bizarrice toda. E a coisa deu certo, pois no dia seguinte ninguém ligou mais para as estranhas figuras e aproveitamos tudo de sensacional que cidade tinha a oferecer.

Chegando a Chicago você logo vai ficar impressionado com o tamanho do lago Michigan, que mais parece um oceano sem fim, com muitas ondas e centenas de barcos singrando as águas azuis. Várias praias, parques e jardins contornam os 46 quilômetros da costa, oferecendo mil atividades como natação, vôlei e outros jogos de praia, ciclismo, patinação, corrida, golfe e muito mais. No verão o Lincoln Park, o Jackson Park e o Grant Park (onde o Obama festejou sua vitória na recente eleição) ficam lotados, mas no inverno, com temperaturas bem abaixo de zero e o vento gelado que vem do Canadá, não se vê vivalma!

No Navy Pier, cheio de lojas e restaurantes, você pega um barco e faz um cruzeiro pelo lago, apreciando a famosa vista dos arranha-céus, entre eles o Wrigley Building, sede da firma do conhecido chiclete, o imenso John Hancock Center com um observatório no 94º andar, e o prédio da Sears com o seu Skydeck no 103º andar. Lá de cima podem-se ver várias cidades de Illinois e ainda outras dos estados vizinhos de Wisconsin, Michigan e Indiana!

Apesar da capital do estado de Illinois ser Springfield, é em Chicago que as coisas acontecem. Da elegância das lojas da Michigan Avenue ao Loop, como é chamado o centro financeiro, a cidade é um verdadeiro museu de arquitetura a céu aberto. Você sabia que Chicago é considerada o berço da construção moderna? Lá estão prédios fantásticos criados pelos maiores arquitetos do mundo, como Mies van der Rohe, Helmut Jahn, Frank Lloyd Wright e Louis Sullivan.

A melhor forma de conhecer esta metrópole é andando a pé, pois as ruas formam um grande xadrez cujo centro é o cruzamento da Madison com a State Streets, como canta o Sinatra. Ônibus e trens cortam a cidade de ponta a ponta e são impressionantes as pontes e viadutos em curva cruzando por cima das nossas cabeças com um volume de tráfego enorme. Daí o nome "loop", que significa arco.

Na beira do lago fica o espetacular John G. Shedd Aquarium & Oceanarium exibindo a maior coleção do mundo de mamíferos, répteis, anfíbios, invertebrados e peixes. Uma atração imperdível é o tanque de quase 3 milhões de litros cheio de tubarões. Não deixe de ver também o novo recife de coral e as baleias beluga, imensas. Depois de explorar os mares, entre no planetário Adler ao lado e explore o espaço sideral em grande estilo!

Se você gosta de múmias, túmulos egípcios, artesanato de índios americanos, esqueletos de dinossauros, vá ao Field Museum. Se o interesse é por história, visite o History Museum, a mais antiga instituição cultural da cidade. Se for ciência, a pedida é o Museum of Science & Industry, e para artes visuais visite o ótimo Art Institute of Chicago.

A diversidade cultural da cidade criou a necessidade de centros específicos para cada fatia da população: há museu mexicano, polonês, lituano, grego, sueco, judeu, vietnamita e afro-americano. A novidade agora é o Notebaert Nature Museum, um projeto arquitetônico ecologicamente correto e auto-suficiente em matéria de energia, com jardins de plantas nativas no telhado, e modernos sistemas de preservação de água e captação de energia solar. De alguns anos para cá Chicago tornou-se a cidade mais "verde" da América do Norte com essas inovadoras formas de construção.

Para curtir boa música e ótimos espetáculos artísticos, não deixe de assistir a alguma apresentação da Chicago Symphony Orchestra, da Lyric Opera ou do Hubbard Street Dance, famosos mundialmente, além de uma infinidade de shows, peças e eventos culturais.

Se esporte é o seu forte, essa é a sua cidade. Lá estão os times de hóquei Chicago Blackhawks e Wolves, os de baseball Chicago Cubs e White Sox, de basquete Chicago Bulls e o famoso de rúgbi Chicago Bears. Todos têm seus espetaculares estádios e há sempre algum jogo acontecendo. Não deixe de torcer por seu time favorito!

Mas se você gosta de arriscar a sorte, há um ótimo cassino lá perto: é o Empress Casino Joliet oferecendo uma grande variedade de jogos, shows e restaurantes para uma noite bem animada.

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E as compras?

Na hora do consumo, não perca tempo, pois nada descreve melhor a Michigan Avenue que o apelido "Magnificent Mile". Ela vai da Oak Street até o rio Chicago pontilhada de lojas de todos os tipos, inclusive das grifes internacionais, além de hotéis espetaculares e alguns museus. Nessa época já estão acontecendo os festejos de Thanksgiving e Natal. Veja tudo o que você pode fazer por lá clicando aqui.

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Onde comer bem em Chicago:

Como toda grande cidade, Chicago oferece uma variedade enorme de restaurantes para todos os gostos e bolsos, sendo que a maioria agora faz parte da Green Restaurant Association que só utiliza saudáveis alimentos orgânicos:

Bistrô Campagne
Comandado pelo Chef Michael Altenberg o restaurante só usa ingredientes orgânicos fornecidos pelos fazendeiros locais. Muito bom e barato.

Blue Water Grill Chicago
Com um menu “surf-and-turf” (peixe e carne) dos mais variados. Excelente.

North Pond
O premiado Chef Bruce Sherman cria um menu novo todos os dias dependendo das opções orgânicas que encontra nos mercados. Carta de vinho das melhores da cidade.

Crust
O mais novo, com um forno a lenha para todas as opções de pizzas, pães, sanduíches e muitas saladas. Bom para almoçar entre um passeio e outro.

Signature Room at the 95th
Apesar da deslumbrante vista ser a sua atração principal, já que este restaurante fica no 95º andar do John Hancock Center, a sua comida também é ótima. Se você estiver em Chicago num domingo, não perca o “brunch”, caro mas maravilhoso.

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O melhor hotel da cidade é o Drake, também conhecido como “a grande dama de Chicago”, mantendo seu posto desde 1920 quando abriu! Em estilo renascentista, tem um pátio interno com uma fonte que é perfeito para o chá das cinco ou o drinque das seis! Quartos enormes, serviço impecável, com diárias a partir de USD 395.00 mais taxas.

Outro muito bom é o Sutton Place Hotel, bem moderno, com o lobby em estilo Art Decô e quartos bem estilosos com camas com cabeceiras de couro e fotos de Robert Mappletrorpe nas paredes (não se preocupem, os temas são flores...). Diárias a partir de USD 300.00 mais taxas.

Bem mais barato, mas muito confortável é o Best Western River North, um antigo galpão no bairro da maior badalação noturna, River North. Quartos grandes e confortáveis decorados com muito bom gosto. Diárias a partir de USD 100,00 + taxas.

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Uma historinha:

Numa das vêzes que eu fui a Chicago, meu primo obstetra Luiz Fernando pediu que eu comprasse um novo e revolucionário fórceps articulado, bem diferente dos que eram usados naquela época aqui no Brasil, duros e incômodos. A razão da encomenda era porque a maior fábrica de instrumentos cirúrgicos da América do Norte ficava exatamente lá. Me disse que o tal forceps custava 25 dólares, deu um folheto com a foto e as especificações e 100 dólares, caso eu precisasse tomar um taxi.

Comentei com uma das passageiras que eu ia lá e ela, esposa de médico, imediatamente ligou para o marido no Brasil que já ouvira falar da tal fábrica e pediu algumas coisas. Para encurtar a história, umas oito pessoas quiseram ir também pois filhos e parentes souberam da novidade e pediram não sei quantos instrumentos que seriam comprados a preço de fábrica, bem barato.

A "caravana médica" pegou dois táxis, dei o endereço para os motoristas e lá fomos nós, crentes que o lugar era perto. Perto? Andamos mais de uma hora e meia para fora da cidade e fomos parar num subúrbio estranhíssimo sem vegetação alguma. No meio do nada surgiu um prédio moderno e espetacular: era a tal fábrica! Entramos, exaustos da viagem, mandamos os táxis esperar e o grupo fez a festa! A mulherada descobriu que lá também eram vendidas tesouras, pinças, faquinhas, canivetes, enfim, instrumentos de aço de todos os tipos e mandaram brasa.

Com mil sacolas e pacotes embarcamos de volta e uma hora e meia depois estávamos no hotel. Sabem quanto custou cada táxi para ir, esperar e voltar? Mais de 400 dólares, ou seja mais de 100 por pessoa! E isso em 1974, quando os táxis eram bem mais baratos que hoje. Foi o fórceps mais caro que o Luiz Fernando teve na vida...

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

DO FUNDO DO BAÚ!

Belo Horizonte, Julho de 1986

Em frente à melhor agência de Belo Horizonte, a SR Turismo, no meio da super-equipe que levou mais de 360 passageiros para Miami e Orlando: 180 pela Varig e 180 pela PANAM embarcando juntos no mesmo dia! Foi uma verdeira operação militar com 12 ônibus, 15 guias, 4 supervisores e os donos da agência, Tia Eliane e Tio Sérgio no comando das tropas. Foi uma loucura total, nós quase não dormíamos, mas deu tudo certo do princípio ao fim! E não se perdeu uma mala!

Mariana, Tia Eliane e eu comemorando o sucesso da excursão depois de 15 dias de uma trabalheira danada! Depois de Orlando ainda fomos para Nova York por uma semana com 60 pessoas - aí foi uma sopa!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

PASSEANDO POR RODES E LINDOS

Meu sobrinho e fiel leitor Cristiano Junqueira chegou de mais uma viagem e aqui estão algumas de suas fotos. Desta vez ele pegou um barco na Turquia e passeou por ilhas gregas e turcas. Vejam só:

A praça principal de Rodes
A praia de Lindos
As ruinas do castelo de LindosUma praia tranquila
O pier em zigue-zague
Uma enseada na Turquia

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

DIÁRIO DO GUIA # 4: UMA ROUBADA EM TAXCO E OUTRA EM ORLANDO

Na primeira vez que eu levei uma excursão ao México, quando chegamos a Taxco, a cidade das minas de prata nas montanhas perto de Cuernavaca, fiquei impressionado com a quantidade de jóias, objetos de decoração, faqueiros e esculturas de prata expostas do lado de fora das lojas. Cestos enormes cheios de anéis de todos os tipos e tamanhos, bandejas transbordando de chaveiros, cinzeiros e colares, caixas abertas com mil enfeites, tudo nas calçadas, sem a menor segurança, como um tesouro de Ali Babá.

As lojas, uma ao lado da outra, sem portas ou vitrines, tinham no máximo uma pessoa atrás do balcão lá no fundo, quase sempre lendo o jornal ou tirando uma soneca. Um prato cheio para ladrões, pensei eu, pois qualquer passante poderia pegar um punhado de anéis e enfiar no bolso. E foi exatamente isso o que aconteceu com um garoto do grupo.

Eu estava me vestindo para jantar com a turma quando um rapaz bateu na minha porta e, muito nervoso, veio me contar que o seu companheiro de quarto tinha roubado mais de dois quilos de prata em duas lojas maiores! Dois quilos! Eram dois sacos cheios!

Eu não conseguia acreditar nessa história! O garoto em questão deveria ter uns 19 anos e era de uma ótima família de São Paulo, cheio da grana, e havia me mostrado logo no primeiro dia de viagem o caríssimo relógio Breitling que tinha comprado na joalheria do hotel da Cidade do México e pago à vista, já que naquela época no Brasil não havia cartões de crédito com validade internacional. E me mostrou a carteira recheada de notas de 100 dólares e falou das muitas coisas que ainda queria comprar.

Fomos os dois até o quarto deles, abrimos a porta e pegamos o outro contemplando o resultado do roubo todo espalhado pela cama: centenas de anéis, correntes, cordões e pulseiras de prata! Ele ficou lívido quando me viu e tentou disfarçar, dizendo que tinha comprado aquilo tudo para levar de lembrança para os amigos.

Na hora inventei que tinha recebido um telefonema dizendo que a polícia iria ao hotel mais tarde vistoriar os quartos devido a um roubo na cidade, e ele começou a tremer e a chorar, pedindo pelo amor de Deus para ajudá-lo. Fiquei com pena e então combinamos o seguinte: como íamos a pé do hotel ao restaurante, nós dois ficaríamos mais para trás do grupo e ele devolveria um saco na primeira loja e o outro na segunda, disfarçadamente.

E assim ele fez, para o meu sossego. Mas até o ultimo dia da excursão eu e o seu companheiro de quarto ficamos de olho no garoto o tempo todo, para evitar uma recaída que seria bem mais problemática nos Estados Unidos...

ASSUSTANDO AS ORCAS E OS GOLFINHOS

Outra vez, no Seaworld de Orlando, um policial viu que eu estava usando uma camiseta da agência Brazilian Promotion Center e perguntou se eu falava "brasileiro". Respondi que sim e o negão de quase dois metros de altura me intimou a acompanhá-lo até a sede do parque. Fiquei morrendo de medo do que poderia estar me esperando.

Entramos numa salinha fechada e ele falou que duas senhoras de uma excursão de brasileiros tinham sido pegas roubando e como não falavam inglês eu seria o intérprete no interrogatório. Gelei por dentro, pois tínhamos realmente várias senhoras no grupo, e roubo nos Estados Unidos dá prisão, julgamento imediato e deportação! Ia ser uma grande confusão.

Foram os segundos mais longos da minha vida, o tempo que o guarda levou para abrir a porta de uma pequena cela e eu ver as duas senhoras aos prantos lá dentro! Não eram do meu grupo – que alívio! – mas estavam histéricas e foi muito difícil acalmá-las. Entre soluços me disseram que eram da excursão da Stella Barros, minha velha amiga, e pediram para chamar o guia delas. Tinham realmente roubado dois cartões postais cada uma, imagine, coisa de centavos, e foram presas assim que puseram os pés fora da loja.

O guarda me levou para uma sala que parecia uma estação de rádio, cheia de gravadores de rolo e toca-discos, de onde transmitiam as músicas temáticas do parque. Ele desligou os gravadores, me deu um microfone e ordenou: "Você tem dez segundos para chamar o tal guia em português. Mas veja bem o que vai falar, pois sua voz vai ecoar pelo parque todo!"

Pensei um segundo e mandei brasa falando bem alto: ”Fulano de tal, guia da Stella Barros, corra imediatamente para a sede do parque porque as senhoras tal e tal estão presas por roubo! Venha logo porque a barra vai pesar para o seu lado!” Acho que o aviso curto e grosso funcionou, já que em menos de cinco minutos chegou o guia esbaforido, suado e apavorado, pronto para enfrentar um problema bem sério...

Não sei o final desta história, só sei que quando voltei ao parque e reencontrei a minha turma, fui ovacionado por todos que tinham reconhecido a minha voz que saiu tonitruante por centenas de alto-falantes do Seaworld, assustando focas, golfinhos, orcas, leões marinhos e muitos passarinhos...