domingo, 5 de agosto de 2007

DON'T START COLLECTING THINGS...

No meu tempo de garoto todo mundo colecionava alguma coisa: caixas de fósforos, figurinhas, soldadinhos de chumbo, tampinhas de refrigerantes, lápis de cor e várias outras coisas. E a gente passava horas brincando com as coleções e trocando aquela caixinha repetida pelo soldado que faltava e o seu vizinho tinha dois!

Quando eu viajei pela primeira vez para o exterior em 1969, comecei a guardar as etiquetas de malas das companhias aéreas que naquela época eram grandes, coloridas e tinham um barbante para amarrar nas alças das malas com o código dos aeroportos em letras garrafais: GIG, LAX, NYC, MAD, SFO, FCO. E a brincadeira era adivinhar as cidades por trás dêsses códigos. Você sabe o que elas querem dizer?

Logo que essas etiquetas foram trocadas pelas atuais faixas de papel práticas mas sem graça, passei a trazer caixinhas de fósforos e cartões dos hotéis, restaurantes e lojas, sempre diferentes e coloridos. Mas o que eu mais gosto de trazer das viagens até hoje são os "swizzle sticks", aqueles mexedores de bebidas que todo bar, hotel e restaurante do mundo coloca nos drinques para você mexer. Fui trazendo um ou dois de cada viagem e hoje, 40 anos depois, tenho mais de mil dêsses trecos, algumas centenas dentro de copos de boca larga no bar e o resto numa enorme Big Brown Bag do Bloomingdale's! A varidedade é inacreditável. Os mais originais são um da Brannif que é uma prancha de surf em comemoração aos seus primeiros vôos para o Havaí, uma hélice vermelha da TWA, um par de esquis de um hotel de Aspen e uma girafa amarela de um bar de St. Tropez.

A coleção de cartões e caixas de fósforos também já passou dos milhares, e as sacolas cheias são a prova disso. Agora com a proibição de fumar em quase todos os lugares, os fósforos estão escasseando. Mas é divertido de vez em quando dar uma olhada e tentar relembrar quando e com quem você foi naquêle restaurante ou em que ano se hospedou em tal hotel. São ótimos souvenires que trazem de volta muitas lembranças alegres...
Dessa vez, revendo as caixinhas, vi como o tempo passou depressa e tudo mudou. Achei dois fósforos diferentes do Hotel Dorset de Nova York, que ficava na rua 56 e foi implodido para dar lugar ao novo MoMA. Outros dois do Hotel Gorham que há quatro anos transformou-se no Blakely. Uma do fraco Century Paramount, que tirou o Century e virou um hotel butique do Philippe Stark, e outra do Mayflower, onde passei minha lua-de-mel e que foi demolido e tornou-se um maravilhoso prédio de caríssimos apartamentos. E do mixuruca Wentworth da rua 46, a rua dos brasileiros, que fervilhava em outras épocas... Meia amarelada, uma do Omni International de Miami, cujo prédio continua firme mas nem sei mais que nome o hotel tem agora, tantas foram as vezes que trocou de mãos.

Dos restaurantes de Nova York, uma do "Tucano & Club A", do Ricardo Amaral que bombava nas noites dos anos 80, a do Oyster Bar do Plaza e do Soho Kitchen & Bar, ambos desaparecidos, da mesma forma que o excelente restaurante "1/5" (One Fifth) que ficava exatamente no número 1 da Quinta Avenida e era todo decorado com escotilhas e peças de latão dourado do navio Caronia, que naufragou há décadas...
Mas que a que mais me chamou a atenção foi a da charutaria que existia na Main Street do Magic Kingdom em Orlando, no tempo em que eu fumava: a Tobacconist Shop, que vendia cigarros, cigarrilhas e charutos do mundo inteiro, inclusive os procuradíssimos "Gudan Garan", da Indonésia, que com seu cheirinho adocicado de cravo e canela ajudavam a disfarçar o cheiro de outros cigarros mais artesanais.
You know what I mean?

Boas lembranças...

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