quinta-feira, 28 de agosto de 2008

DIÁRIO DO GUIA # 2: FRANK SINATRA E A CRIANÇA PERDIDA!

Uma vez eu estava com um grupo grande em Orlando e com uma sorte danada conseguimos comprar entradas para um raro show do Frank Sinatra. A dona da agência responsável pela excursão alugou um ônibus para levar e trazer quem ia ao espetáculo e lá fomos nós contentes da vida. Eram trinta adultos, entre eles um casal com um filho de sete anos que só foi conosco porque os pais não queriam deixá-lo sozinho no hotel. Mas como eu fui o último a chegar no ônibus porque fiquei no lobby chamando os retardatários, nem lembrei de contar quantos passageiros tinham entrado. Chegamos à Orlando Arena e eu fiquei na calçada vendo a turma sair enquanto a dona pegava os ingressos na bilheteria.

Desceu todo mundo, o ônibus foi embora e eu me juntei ao grupo. De repente o tal casal deu por falta do filho! Procuram daqui e dali e nada do garoto aparecer. Como já sabiam que o menino era impossível, foram entrando no estádio e me disseram para ficar de olho porque certamente ele estava brincando de esconder. Só que como eu não tinha visto criança alguma descendo do ônibus, comentei baixinho com a dona da agência e ela quase teve um ataque, porque lembrava de ter visto o menino dormindo no último banco! E o ônibus tinha ido embora e o que viria nos buscar dali a três horas seria de outra companhia!

Sempre que a minha chefa ficava nervosa – e nesse momento ela estava quase histérica – começava a rir sem parar e ficava sem ação! Em meio a muitas gargalhadas descobrimos o número do telefone da garagem do ônibus, ligamos, conseguimos explicar a situação, o funcionário que despachava as viaturas entendeu perfeitamente a crise e falou pelo rádio com o motorista que já estava quase chegando de volta à garagem.

Pedimos que ele estacionasse na freeway e fosse ver cuidadosamente se realmente o garoto estava lá atrás. Alguns minutos do maior suspense das nossas vidas e sim, ele estava no último banco dormindo a sono solto! Imploramos para que não acordasse o menino – já pensou se ele acordasse sozinho num ônibus parado no meio da escuridão com um negão olhando para a cara dele?

Depois de longos vinte minutos o ônibus retornou ao estádio e parou na minha frente. Eu subi e falei alto para o menino acordar: “Vamos cara, você é o último a sair!”. Ele abriu os olhos e desceu sem perceber que tinha ficado quase uma hora andando de ônibus dormindo pelas freeways de Orlando. Da calçada já se podia ouvir os acordes iniciais da orquestra lá dentro.
Chegamos os três aos nossos assentos com as luzes apagando e o refletor branco iluminando o maior cantor do mundo que começava a entoar "My way”, enquanto os pais do menino totalmente despreocupados aplaudiam alegremente.

Eu e a chefa saímos discretamente, fomos até o bar e tomamos três uísques duplos cada um para relaxar do estresse enlouquecedor... E ninguém nunca soube de nada!

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