quinta-feira, 15 de novembro de 2007

O PLAZA FEZ 100 ANOS!

No dia 1º de outubro de 2007 o Hotel Plaza de Nova York fez cem anos! Ainda fechado depois de mais de dois anos para reformas que já custaram 400 milhões de dólares, foi anunciada a sua reabertura para o próximo mês de dezembro. No dia do centenário um grande coquetel na sua escadaria e na Grand Army Plaza em frente reuniu executivos do grupo El-Ad Properties, novos donos do hotel, e alguns dos proprietários que pagaram a partir de 1,5 milhões de dólares por apartamentos de quarto e sala! E a queima de fogos foi sensacional, como o hotel sempre foi e com certeza voltará a ser!

Inaugurado em 1907 e construído no mesmo lugar de um pequeno e velho hotel também chamado Plaza que foi demolido, o novo tornou-se logo um marco em Nova York com seus 19 andares e 806 luxuosos quartos, 76 metros de altura e uma fachada com 122 metros de comprimento de frente para a praça com a fonte e de lado para o Central Park. Na época a sua construção custou absurdos 17 milhões de dólares.

O arquiteto foi Henry J. Hardenbergh – o mesmo do edifício Dakota - e o seu estilo baseado no Renascimento francês. Do lado esquerdo do hotel, onde hoje é a sofisticada loja Bergdorf Goodman, ficava o palácio do milonário Cornellius Vanderbilt II, naquêles quarteirões que eram os mais caros da Quinta Avenida, e por onde passavam as carruagens com seus milionários hóspedes.

A DANÇA DOS MILHÕES

Em 1943 o Plaza foi comprado por Conrad Hilton por 7.4 milhões que gastou outros 6 para recuperar sua antiga glória, um pouco apagada nessa época, depois da depressão. Anos depois, em 1988, Donald Trump pagou 407,5 milhões pelo hotel, declarando para um mundo atônito através de um anúncio de página inteira no New York Times que não havia comprado um prédio e sim uma obra de arte! Sua hoje ex-mulher Ivana gerenciou o hotel por uns tempos, mas depois do divórcio milionário parou de trabalhar...

Em 1995 Trump o vendeu por 325 milhões para um príncipe árabe que por sua vez o vendeu em 2004 por 675 milhões para os atuais proprietários. O velho Plaza fechou para reformas em abril de 2005 e quando abrir novamente as suas portas douradas será um apart-hotel com apenas 130 quartos e mais 152 apartamentos particulares de diferentes metragens quadradas.

Em maio deste ano um dêsses apartamentos novos de quatro quartos com vista para o parque foi comprado por 50 milhões de dólares...
Clique aqui para ter uma idéia do que eu estou falando...

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ASTRO DE CINEMA

Por ter se tornado o hotel mais badalado de Nova York, todos os ricos e famosos que chegavam à cidade só se hospedavam lá: de Teddy Roosevelt a F. Scott Fitzgerald e sua mulher Zelda (que, dizem as más línguas, dançou nua na fonte em frente), de Frank Lloyd Wright a Solomon Guggenheim, que morou anos na State Suite cercado por seus quadros fabulosos, dos Beatles a Sophia Loren – que teve seu quarto assaltado e perdeu algumas de suas esmeraldas, para desespero do marido Carlo Ponti que teve que comprar tudo de novo!
Reis, rainhas, príncipes, sultões e marajás (de todos os tipos) faziam do hotel seu segundo lar. E as diárias variavam de preço de acordo com o tamanho do quarto ou suite, do andar e do tipo de vista das janelas. Mas sempre caríssimas!

Nos seus bons tempos o Plaza apareceu como astro em muitos filmes, estreando em 1959 em North by Northwest, de Alfred Hitchcock. Depois em Descalços no Parque, Funny Girl, Plaza Suite (lógico!), The Way We Were, Love at First Bite, Arthur, Cotton Club, e o mais famoso de todos, Home Alone, filmado quase que inteiramente dentro do hotel. Na sequência Home Alone 2 o próprio Donald Trump aparece como o dono do hotel que ajuda o garoto. Antes de fechar em 2005 o hotel apareceu nas séries Os Sopranos e Sex and the City e no filme Eloise at Christmastime, com Julie Andrews.

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SAUDADES

Eu adorava tomar um drinque no Oak Bar do Plaza antes de jantar ou para relaxar depois de horas batendo perna por Nova York num dia de muito frio. Todo forrado de lambri de madeira escura (oak = carvalho), com um grande bar cheio de garrafas de todas as bebidas do mundo e grandes painéis escuros retratando cenas antigas de Manhattan, o bar era a síntese do que todo bar americano tinha que ser: ambiente agradável mas não muito sofisticado, drinques generosos, cumbucas de prata cheias de amendoins e castanhas nas mesas, garçons mais velhos e simpáticos, uma TV eternamente ligada sem som transmitindo algum jogo de futebol americano, e sempre lotado de gente alegre e barulhenta.

Na hora do almoço casais com crianças cheias de sacolas da F.A.O. Schwartz, que fica em frente ao hotel, almoçavam lá, pois o bar servia boa comida também.
Do lado direito, passando-se por uma porta disfarçada por uma cortina ficava o Oak Room, restaurante também todo de madeira escura, sempre muito cheio e com um ótimo menu internacional. E do lado da rua 58 havia ainda o Oyster Bar, menor que o Oak mas também ótimo, com vitrôs coloridos e a mesma madeira escura nas paredes, servindo as melhores ostras e mariscos da cidade.

Também sinto saudades do brunch dos domingos, a maior comidaria que eu já vi na minha vida: todo o restaurante Palm Court com bufês cheios de cascatas de camarões, lagostas, ostras, pães, queijos, frutas, iogurtes e doces, biscoitos e tortas de todos os tipos, além de cozinheiros a postos para fazer a omelete do jeito que você quisesse! A minha preferida era de clara de ovo batida, cebola roxa picadinha e muito salmão defumado dentro! Perfeita para evitar o colesterol naquele mundo de guloseimas engordativas! Apesar de custar nos últimos tempos 80 dólares por pessoa mais taxas e gorgeta – o que dava mais de 100 dólares mas incluia ainda uma garrafa de champanhe (americana) por casal – o imenso salão vivia lotado todos os domingos, e sem reserva você não entrava.

Estou torcendo para que o Plaza volte com todo o seu esplendor de antes e que continue a ser um marco nessa cidade fantástica que nunca dorme. E tomara que na próxima vez em Nova York eu já possa tomar o meu dry martini sentado no Oak Bar já reformado vendo pela janela a neve caindo no Central Park...
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