Erguida em cima de 122 ilhas unidas entre si por 400 pontes e contornadas por 150 canais, Veneza é a cidade mais diferente e deslumbrante que eu já conheci. Anda-se a pé para todos os lugares já que carros não entram lá, e se você quiser ir mais longe ou para outra ilha tem que pegar um barco. Ou, o que é melhor, uma gôndola!
Não há nada mais gostoso e tranqüilo do que navegar pelos estreitos canais com um gondoleiro contando histórias e mostrando os prédios históricos de onde Casanova pulava de um balcão ao outro tentando escapar de algum marido traído... E a gôndola vai deslizando em silêncio – você só ouve o barulho da água passando pelo casco e o do remo mudando a direção – passando por baixo e quase raspando nas pontes e nas casas a cada curva mais fechada. Contar que foi a Veneza e não andou de gôndola porque é coisa de turista é passar recibo de bobo, pois é muito bom mesmo!
Um ótimo passeio para quem visita a cidade pela primeira vez é pegar uma gôndola (mais caro) ou o vaporetto da linha 1 (bem mais barato) e dar a volta completa pelo Canal Grande vendo os prédios e seus reflexos na água. No primeiro dia faça o percurso para o lado direito pela manhã e no outro dia faça para o esquerdo à tarde, e você vai ver porque Veneza é considerada mágica por todos. Da mesma forma que visitar seus incríveis museus.
O Palazzo Ducale foi construído no Século 9 e serviu não só de residência dos Doges como também de sede da polícia secreta na época da Inquisição, tem portas e escadarias rebuscadas, salões cobertos de pinturas dos maiores artistas venezianos e um Senado com painéis de Tintoretto. A Ponte dos Suspiros que une o palácio às prisões do outro lado do canal deixa todos que a visitam com um nó na garganta.
Ao seu lado fica a Basílica de San Marco com a incrível mistura de estilos: do exterior todo esculpido aos intrincados mosaicos dourados dos pisos, a basílica é deslumbrante. Não deixar de ver o Tesoro, com peças trazidas de Constantinopla no Século 10 e o Museo della Basílica.
Mas Veneza é também bem moderna: do outro lado do Canal Grande, na ilha de Dorsoduro fica a Collezione Peggy Guggenheim no Palazzo Venier dei Leoni. A milionária americana resolveu morar em Veneza em 1949 e levou com ela a sua extraordinária coleção de arte moderna com muitos Picassos, Braques, Pollocks e Magrittes. Espalhadas pelo jardim, onde está enterrada junto a seus cachorros, esculturas de Giacometti, Ernst, Moore e Arp.
Nesta ilha está o Cá Foscari, um dos mais suntuosos palácios construído no século 15 e que hoje abriga a Universidade de Veneza, além do Campo Santa Margherita, uma praça rodeada de cafés, lojas, padarias e mercearias em prédios que são os mais antigos e bonitos de Veneza. Para comer um “tramezzini” (sanduíche) vá ao Caffè Rossa, cheio de gente bonita. Para almoçar ou jantar vá ao Ristorante Riviera, e peça os famosos “granseola” (caranguejos) e as “fiori di zucca” (flores de abobrinha recheadas).
Deste mesmo lado fica a igreja de Santa Maria della Salute, que levou mais de 50 anos para ser construída devido às novidades que o arquiteto Baldassare Longhena inventou em 1630 para modernizar o estilo Barroco. De seus degraus você tem a melhor vista panorâmica de Veneza.
Mas não volte a San Marco sem antes visitar ou se hospedar - quem sabe? - no sensacional Hotel Cipriani, na ilha Giudecca, um dos melhores do mundo, à beira da lagoa, com um luxo de dar gosto! Além de quadras de tênis e piscina, o hotel tem o famoso restaurante Fortuny, conhecido pela culinária de primeira linha e pela quantidade de celebridades que o frequentam especialmente na época do Festival de Cinema Internacional e da Bienal de Veneza.
De volta a San Marco, já que ninguém é de ferro, que tal fazer umas comprinhas? Quem vai resistir às lojas de bolsas, sapatos e outros artigos de couro melhores do mundo? Basta ir à Calle Larga XXII Marzo e à Salizzada San Moisé e percorrer seus quarteirões onde estão as lojas Valentino, Fratelli Rossetti, Hogan, Botega Veneta e muitas outras grifes. Nas ruas transversais o comércio é variadíssimo, vendendo souvenires, artigos religiosos, objetos de vidro da ilha vizinha Murano, máscaras usadas no Carnevale, rendas antigas de Burano, roupas e muito mais para todos os gostos e bolsos.
Final de tarde, o sol se pondo, e nada melhor que tomar um drinque no Harry’s Bar, famoso há mais de 65 anos por conta do escritor Ernest Hemingway, que era freqüentador assíduo, e das duas especialidades venezianas inventadas lá: o “Bellini” (prosecco com néctar de pêssego), e o Carpaccio, ambas batizadas em homenagem a pintores venezianos. A "happy hour" todas as noites é o maior sucesso, com dezenas de pessoas se aglomerando no bar para beber, ver e ser visto.
E a comida e os vinhos venezianos? Qualquer restaurante ou trattoria serve as melhores iguarias locais com um toque especial. Por estar em pleno mar Adriático, os frutos do mar são muito frescos. E nada melhor para acompanhar do que o vinho branco da própria região do Veneto, o claro, leve e perfumado Pinot Grigio, complemento perfeito para todas as refeições.
De frente para a Praça de San Marco fica o Caffè Quadri, tradicional restaurante que tem mesinhas na calçada e música ao vivo. Foi lá que os venezianos provaram pela primeira vez em 1725 o café que vinha da Turquia. Byron, Stendhal e Dumas freqüentavam muito o lugar. Os outros dois restaurantes da praça são o Lavena e o Florian, também excelentes.
Para comer frutos do mar uma ótima sugestão é o Do Leoni (Riva degli Schiavoni 4171), sempre cheio, ou o La Caravella (Calle Larga 2398), com mesas ao ar livre em um pátio interno com enormes árvores centenárias cheias de passarinhos.
Para provar comida veneziana autêntica vá ao Do Forni ou ao Antico Pignolo (ambos na Calle degli Specchieri). Mas para encerrar a sua estadia em grande estilo jante no pequeno, aconchegante e caro Ristorante da Ivo (Calle dei Fuseri 1809 – reservas pelo telefone 528-5004) e peça a “bistecca alla florentina”, prato favorito do dono e chef Ivo, nascido na Toscana.
Como em Veneza não se pode demolir já que quase todos os prédios são históricos, a maioria dos hotéis mantêm as fachadas e reformam o interior. E se você não se hospedou no Cipriani, aqui ficam outras três boas opções: Hotel Bauer, com varandas, sua própria doca para os acqua-taxis, um moderno SPA e três restaurantes. Os preços das diárias são inacreditáveis...
Bem em frente ao recém-reformado Teatro La Fenice o Hotel La Fenice et des Artistes , com apenas 65 quartos tem diárias mais baratas a partir de 280 euros.
E logo na rua atrás da Praça de San Marco fica o Hotel Montecarlo com 48 quartos de todos os tamanhos e preços, a partir de 250 euros.
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sábado, 16 de junho de 2007
VENEZA: BELLISSIMA!
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